Tensão entre EUA e China volta a impactar o mercado de soja, alerta a AGResources

Publicado em 02/06/2018 00:48

Uma nova rodada de negociações entre China e Estados Unidos foi iniciada nesta sexta-feira, e o mercado  passou a ficar atento a qualquer novidade, uma vez que as tensões foram reforçadas depois recentes ameaças impositivas de ambos os lados, alerta a AGResources, em comunicado.

A administração de Trump advertiu o premiê chinês XI JiPing da iminência da implementação do plano tarifário de US$ 50 bilhões sobre produtos de origem chinesa. Em contrapartida, os chineses voltaam a ameaçar revidar impondo restrições às importações de origem esta- dunidense.

Até o momento, não há nenhuma tendência sendo formada para a efetivação de um contrato bilateral que aliasse as tensões. Um melhor cenário das recentes conversas será divulgado ao longo das próximas 50 horas, o que será o principal fator de direcionamento dos preços na reabertura do Mercado na noite deste domingo, dia 3.

As exportações norte-americanas da soja continuam em um ritmo lento, sem uma atividade expressiva de compras chinesas.

Nesta última semana foram embarcadas 650 mil toneladas do grão, enquanto que apenas 273 mil novos contratos de exportação foram adicionados, sendo o menor volume desde 2014. 

Clima permanece excelente no Cinturão

O cenário climático para a safra 18/19 do Estados Unidos tem ganhado força de impacto no Mercado. Apesar de ser apenas um começo, o ritmo de plantio se mostra muito aquecido e em velocidade recorde, assim como a boa germinação das culturas já semeadas.

No entanto, pontos de preocupação vem sendo criados, especialmente para o Cinturão Agrícola americano. Uma massa de ar quente de alta pressão encontra-se estacionada sobre o centro da região,  atraindo novas precipitações sobre o oeste e noroeste do Cinturão.

Ainda não há nenhum sinal de estiagem prolongada, no entanto são necessárias novas rodadas de chuvas nos próximos 10 dias, para que nenhuma redução de potencial produtivo se torne o tema do começo da safra norte-americano. Novas leituras são necessárias para a  confirmação da tendência.

COFCO compra soja dos EUA, mas novas ameaças de Trump geram tensão em compradores chineses (REUTERS)

Por Hallie Gu e Dominique Patton

(Reuters) - A estatal chinesa de grãos COFCO comprou cargas de soja dos Estados Unidos, disseram duas fontes próximas ao assunto, embora compras futuras possam ser ameaçadas por novas tensões comerciais entre os dois países.

Na semana passada, a China deu às empresas estatais permissão para a retomada de compras da oleaginosa, usada em ração animal, depois que Pequim concordou em 19 de maio em importar mais bens e serviços dos EUA, seu principal parceiro comercial, para aliviar uma diferença de 335 bilhões de dólares no comércio entre os dois países.

Isso foi considerado um sinal de que a atual guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo foi evitada por enquanto.

No entanto, o presidente dos EUA, Donald Trump, endureceu inesperadamente sua postura comercial nesta semana. Ele pediu tarifas sobre 50 bilhões de dólares em importações da China, a menos que o país trate de acusações de roubo de propriedade intelectual de empresas dos EUA.

Embora não tenha ficado claro quantos carregamentos a COFCO reservou, uma das duas fontes informadas sobre a compra disse que a COFCO e a empresa estatal de grãos Sinograin compraram pelo menos 10 cargas de soja dos EUA.

A COFCO não respondeu a um e-mail pedindo comentários. A Sinograin se recusou a comentar.

A soja é a principal exportação agrícola dos EUA para a China, com um valor de 12 bilhões de dólares em 2017.

Em resposta ao novo pedido de tarifas de Trump, Pequim alertou que está pronta para revidar se os EUA estiverem em busca de uma guerra comercial. O secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, vai visitar a capital chinesa em 2 e 3 de junho.

Os compradores na China continuam cautelosos em comprar grãos dos EUA por causa da incerteza, disseram quatro operadores envolvidos no mercado.

Uma fonte de uma operadora internacional com base na China disse que as consultas sobre os produtos agrícolas dos EUA aumentaram, mas os compradores ainda estão nervosos.

"Mesmo que alguns compradores quisessem comprar dos EUA, não ousamos vender. Nós iríamos exigir um depósito maior, mas os compradores não iriam querer. Por isso, ainda não há comércio", disse ele.

(Por Hallie Gu e Dominique Patton)

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Fonte: AGResources

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