Soja: Preocupação com a safra da Argentina garante mais um dia de valorização aos preços em Chicago
O pregão desta terça-feira (27) foi de volatilidade aos preços da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). As cotações voltaram a exibir boas altas durante o dia, mas reduziram os ganhos e encerraram a sessão com valorizações entre 2,75 e 3,75 pontos. O contrato março/18 era cotado a US$ 10,38 por bushel, enquanto o maio/18 trabalhava a US$ 10,49 por bushel.
De acordo com informações reportadas pela agência Reuters internacional, os futuros da soja encontraram suporte na forte valorização registrada nos preços do farelo. Por sua vez, as principais posições do farelo subiram mais de 2% na sessão desta terça-feira no mercado internacional, impulsionadas pelas preocupações com o clima na Argentina. O país é o maior produtor e exportador mundial do derivado.
As lavouras de soja continuam a sofrer com o clima seco no país vizinho. Segundo informações do Escritório de Risco Agropecuária (ORA), reportado hoje, no centro de Córdoba as chuvas ficaram próximas de 5 mm em todo o mês de fevereiro.
"As chuvas não foram suficientes para melhorar as reservas de água no solo da região dos Pampas, onde seguem predominando as armazenagens escassas", destacou o ORA.
E, pelo menos por enquanto, os mapas climáticos não mostram previsões otimistas nos próximos dias. A perspectiva para os primeiros dias de março é de um acumulado de chuvas entre 5 mm a 20 mm em praticamente todo o cinturão de produção na Argentina.
"Não são esperadas chuvas importantes durante os próximos dias na região dos Pampas e as temperaturas devem ficar altas, o que não configura um panorama alentador a curto prazo", ainda conforme dados do ORA.
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A perspectiva é que sejam colhidas 47 milhões de toneladas a projeção para a safra de soja da Argentina neste ciclo. Embora, algumas consultorias, já especulam sobre uma safra ao redor de 43 milhões até 40 milhões de toneladas.
"Ainda assim, o impacto no fornecimento global pode ser frustrado pela colheita do Brasil, que alguns meteorologistas esperam estabelecer um volume recorde", destacou a Reuters internacional.
Mercado brasileiro
No mercado doméstico, a terça-feira foi de ligeiras valorizações aos preços da soja. Conforme levantamento do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em Ponta Grossa (PR), a saca da oleaginosa subiu 2,74% e encerrou o dia a R$ 75,00. Já em Sorriso (MT), a alta foi de 1,36%, com a saca a R$ 59,80.
No Oeste da Bahia, os preços subiram 0,97%, com a saca a R$ 64,25. Em Goiás, as praças de Rio Verde e Goiás, subiram 0,76%, com a saca de soja a R$ 66,00. No Porto de Paranaguá, a saca disponível subiu 0,26%, com a saca a R$ 77,50 e o futuro, para entrega em abril/18, encerrou o dia a R$ 78,00, também com alta de 0,26%.
Por outro lado, no terminal de Rio Grande, a saca disponível recuou 0,13% e encerrou o dia a R$ 77,00. E o valor futuro, para entrega maio/18, caiu 0,26%, com a saca a R$ 78,00.
As cotações do mercado interno também têm sido impulsionadas pelas preocupações com a safra na Argentina, conforme ponderam os especialistas. Ainda nesta segunda-feira, o Cepea reportou que os preços da soja atingiram os patamares mais elevados desde janeiro de 2017.
Diante desse cenário, a AgRural informou que, somente na semana anterior, os produtores brasileiros negociaram mais de 3,5 milhões de toneladas de soja. Consequentemente, o volume comercializado da safra subiu para 40,6%, de uma projeção de 116,2 milhões de toneladas para esse ciclo, ainda segundo estimativas da consultoria.
Dólar
A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 3,2500 na venda, com alta de 0,54%. "O câmbio acompanhou a cena externa em meio aos temores de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa subir mais os juros do que o esperado, afetando assim o fluxo de capital no mundo", destacou a Reuters.
Confira como fecharam os preços nesta terça-feira:
Boletim da AGresources, direto de Chicago
A AgResource (ARC) alerta que os fundos especulativos se posicionam fortemente no lado da compra. Até que chuvas expressivas voltem a regar os solos argentinos, o Mercado vai continuar empilhando novos contratos comprados. Este movimento deve durar até a segunda metade de março, quando os operadores começam a migrar as atenções para a safra nos Estados Unidos, com novos fundamentos na composição de preços da CBOT.
A colheita na Argentina já começou em algumas regiões. Há relatos de alguns pequenos talhões sendo abandonados devido a má formação na falta hídrica. Ainda é baixo o volume colhido para criar uma tendência de produtividade. No entanto analistas regionais na Argentina continuam comentando números entre 44-49 MT de soja, contra os 55 MT iniciais.
O padrão meteorológico para a América do Sul se mostra bastante estável, com chuvas significantes para o Sul do Brasil nos próximos 5 dias. Neste mesmo período, a região Centro-Norte brasileira apresentará precipitações abaixo da média, sendo favorável para o progresso da colheita nestas áreas.
Na Argentina, a seca continua expandindo, com chuvas projetadas para o norte do país. A partir do dia 4 de março, tais precipitações se movem em direção ao Centro do país, oferecendo boas oportunidades de amenizar os danos do estresse hídrico. Caso não sejam confirmadas, o cenário da safra no país deve piorar.
No geral, as previsões climáticas são favoráveis para o Brasil e com preocupações ainda focadas na Argentina.