Argentina tem chuvas limitadas e localizadas até início de março, mostram mapas
A preocupação com o clima na América do Sul, mais especificamente com as chuvas limitadas que chegam à Argentina e ameaçam o potencial da nova safra de grãos do país. As precipitações dos últimos dias foram bastante limitadas em volume e abrangência e, para os próximos dias, a situação não é diferente. A incidência pluviométrica baixa é esperada até o início de março.
Milho afetado pela seca em Entre Ríos - Fonte: La Nación
"O cenário para os preços é dependente das variações climáticas na Argentina, que não estão nada satisfatórias para o produtor do país", diz o boletim diário da AgResource Mercosul. "A umidade do solo continua em níveis críticos para o desenvolvimento saudável da planta. Ao contrário de 2017, quando chuvas expressivas tomaram conta do país, nesta época do ano. As regiões Central e do Leste argentino são as de maior preocupação", informa o reporte.
De acordo com informações apuradas pelo Commodity Weather Group (CWG), nos últimos quatro dias, cerca de 25% das áreas de soja e milho receberam volumes de 6,35 a 25,4 mm. As temperaturas ficaram próximas dos 32ºC no período. Os mesmos acumulados são esperados para os próximos cinco dias, porém, com um alcance de apenas 10% do cinturão.
Ainda segundo o CWG, "as chuvas continuarão a ser muito limitadas nas próximas duas semanas e ainda atingindo menos de metade das áreas produtoras. O stress deverá persistir ainda em, pelo menos, dois terços do cinturão pelas próximas duas semanas, e isso poderá tirar parte da produtividade nessas áreas".
No intervalo dos próximos 16 a 30 dias, a situação é bastante semelhante, como mostra o mapa a seguir, também do Commodity Weather Group.
As reservas de umidade na zona agrícola núcleo da Argentina apresentam um déficit entre 50mm a 100mm, conforme alertou um boletim do Escritório de Risco Agropecuário (ORA, na sigla original) do Ministério de Agroindústria do país.
De acordo com o trabalho, as reservas no primeiro metro de profundidade para uma área de soja em Venado Tuerto (Santa Fe) e em Junín (Buenos Aires) se mantêm com este nível de déficit.
Estado das reservas hídricas no solo - Soja de segunda - Argentina - 18 fevereiro 2018 - Fonte: INTA
Estado das reservas hídricas no solo - Soja de primeira - Argentina - 18 fevereiro 2018 (Fonte: INTA)
"Mais ao oeste da zona núcleo (Marcos Juárez, General Pico etc) o déficit hídrico é mais marcado", aponta o ORA.
O órgão lembra que a soja passa por seu período mais crítico em relação à falta de água. "Na região dos Pampas, a entrada neste período, que se deu aproximadamente no início do mês, recebeu condições regulares a boas, mas durante o período seguinte o consumo superou amplamente a oferta de água, determinando um progressivo dessecamento", indicou.
As últimas chuvas não foram suficientes para modificar "significativamente as reservas de água" no solo da região, "onde seguem predominando as armazenagens escassas".
Entretanto, foi observada uma mudança no oeste de Buenos Aires, onde as reservas passaram da categoria de "seca" para "escassas".
No domingo, segundo dados da Bolsa de Comércio de Rosario, apenas 7% da zona agrícola núcleo recebeu chuvas acima dos 20mm. Para hoje (20), de acordo com um boletim do Instituto de Clima e Água do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) do país, são previstas tempestades de variada intensidade no centro do país, no oeste do Noroeste Argentino e no leste do Nordeste Argentino.
"Algumas chuvas poderiam ser localmente intensas sobre o norte de Buenos Aires e o sul de Entre Ríos", indicou o INTA. Neste contexto, as chuvas para amanhã "poderiam concentrar-se sobre o Noroeste Argentino e, mesmo assim, o tempo instável poderia permanecer sobre o norte da região dos pampas".
A seguir, veja imagens atualizadas dos campos argentinos.
Soja de segunda etapa em Henderson, Buenos Aires; Soja afetada pela seca em Leones, Córdoba; Soja afetada pela seca no departamento General San Martin, Córdoba
Soja em San Antonio de Areco, Buenos Aires; 13mm de chuvas em 19 de fevereiro. Balcarce, Buenos Aires; 10mm de chuvas em 19 de fevereiro. Las Perdices, Córdoba
Brasil - Diversas áreas do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo estão com alerta de tempestades durante todo esta terça-feira (20), com acumulados diários de até 100 milímetros, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
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Uruguai - O Instituto Uruguaio de Meterologia (Inumet) prevê chuvas escassas e temperaturas relativamente altas para o Uruguai nos próximos dias, até o dia 24 de fevereiro.
O Inumet destacou que desde a noite de domingo (18) até hoje (20), o país deveria receber chuvas com acumulados entre 10mm a 15mm no norte do país.
As chuvas na região Sul eram esperadas a partir de ontem (19) até a próxima quarta-feira (21), sendo algumas em forma de tempestades isoladas e passageiras de verão (pontuais), com valores acumulados baixos, entre 5mm e 15mm.
Na quinta-feira (22), a probabilidade baixa de chuvas se mantém para todo o país. As chuvas que ocorrerem devem ser isoladas e escassas. Não são esperadas chuvas durante a sexta (23) e o sábado (24).
Temperaturas
Com relação às temperaturas, o Inumet apontou que a partir de ontem (19) até o dia 24 deve ocorrer uma leve queda nas temperaturas máximas, principalmente na região sul, com valores por volta dos 24°C aos 26°C, enquanto as máximas se encontrarão por volta dos 28°C a 30°C no norte do país.
Ventos
A partir de hoje (20), o Inumet sinaliza que os ventos se afirmarão no norte e espera-se que, hoje à noite, estes se movam para o setor sul, com intensidade variável entre 10 a 15 km/h. Na quarta-feira (21) e na quinta-feira (22), os ventos devem rotacionar para o leste e, na sexta (23), ao sul. As intensidades estarão por volta dos 10 a 30 km/h, com probabilidade média de valores mais intensos nas zonas costeiras.
Na análise final, o Inumet indica que desde ontem "um sistema de baixa pressão fraco afeta, principalmente, as regiões do norte do Rio Negro". A partir de hoje, são esperadas instabilidades, favorecendo as chuvas e diminuindo as temperaturas em todo o país.
Previsão para março também não é boa
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, por sua vez, difundiu as anomalias das chuvas previstas para o próximo mês de março, quando o Uruguai deve receber volumes abaixo do normal.
Com informações da AgResource Mercosul, Commodity Weather Group, La Nación e TodoElCampo