Soja: apesar de chuvas irregulares, lavouras têm boas condições no Uruguai, mas falta de rentabilidade leva setor a se mobilizar

Publicado em 23/01/2018 11:24

No Uruguai, a soja da safra 2017/18 segue em condições “aceitáveis” até o momento, como contou Gabriel Bertea, diretor executivo da Solaris Tecnología Agrícola SA, em entrevista ao Notícias Agrícolas. O cultivo, que alcança pouco mais de 1 milhão de hectares no país, vem recebendo chuvas irregulares e a expectativa é de que as áreas recebam novos volumes nos próximos dias para melhorar a situação.

O plantio se encerrou em dezembro, com as áreas de soja de segunda etapa - ou seja, aquelas que são plantadas logo após a colheita de trigo. Toda a área prevista pode ser coberta e, neste momento, aquelas que mais sofrem são as mais tardias.

O mês de janeiro, tradicionalmente, é de temperaturas mais altas para o país - e, segundo Bertea, são estas que estão incidindo sobre os cultivos atualmente, de forma que estes não estão sendo afetados por este problema, especificamente. Contudo, esta questão, associada com a falta de chuvas, é crucial: como os solos são arenosos e possuem um armazenamento de água deficitário, os cultivos já começam a sofrer com poucos dias de calor.

Assim, as chuvas são limitantes, mas nada que seja alarmante no momento. A esperança é que até o final de janeiro e o mês de fevereiro venham novos volumes para o país de forma a não afetar as expectativas de produtividade. Com grande parte dos cultivos em estado vegetativo, Bertea avalia também que ainda é cedo para traçar alguma perspectiva de rendimento para essas áreas.

Problemas de rentabilidade

Nesta safra, os produtores encontram um limitante que vem sendo um dos piores gargalos para o setor: a rentabilidade ajustada. Desta maneira, o investimento tecnológico é cada vez menor e os produtos genéricos ganham a maior porção do mercado. Aumenta também o uso de sementes replicadas da safra anterior, prática que é permitida no Uruguai mediante o pagamento de royalities, diminuindo, por consequência, o uso de sementes fiscalizadas. Entretanto, este vem sendo um modelo econômico com o objetivo de “baixar os custos e defender a rentabilidade”.

Produtores se mobilizam em Durazno (Foto: El País Uruguay)

Nesta terça-feira (23), às 16h (17h no horário de Brasília), haverá uma assembleia de produtores de todo o país na Sociedade Rural de Durazno a fim de gerar propostas a serem enviadas para o Governo uruguaio visando melhorar a rentabilidade do setor. Dentre os principais pedidos estão uma baixa no preço do diesel, que atualmente é negociado a US$1,45, afetando diretamente os fretes e a irrigação nos campos de arroz, e a proposta de um tipo de câmbio especial para o agronegócio, para que os produtores possam obter melhores resultados na exportação.

Como destaca Bertea, 50% a 60% da agricultura uruguaia é baseada no arrendamento, de forma que a situação do setor não deve afetar somente a soja e o arroz, bem como outros cultivos como o trigo e outras atividades como a pecuária de corte e de leite.

#UnSoloUruguay

A convocatória da assembleia que será realizada hoje a tarde partiu de produtores independentes, que destacam que o encontro é apolítico. Outras associações, como a Associação Rural, a Federação Rural, as Cooperativas Agrárias Federadas e a Mesa Nacional de Colonos também se somaram ao ato, bem como o comércio, as agroindústrias e o setor de serviços vinculados ao campo, como informa o El País uruguaio.

Fonte: El País Uruguay

O setor, que tem como lema a hashtag #UnSoloUruguay, destaca que, embora 2017 tenha sido um ano positivo em alguns indicadores, os negócios, seja por endividamento ou por aumento de custos, não foram positivos.

Produtores que não puderam ir ao departamento de Durazno deverão realizar uma concentração em Montevideo, na avenida 18 de Julio, próximo ao monumento El Gaucho.

Por: Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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