Soja: Clima favorável na América do Sul tira quase 2% dos preços em Chicago no acumulado da semana

Publicado em 22/12/2017 17:13

Os futuros da soja negociados na Bolsa Chicago foram registrando pequenas variações ao longo dos últimos dias e fecharam a semana acumulando uma baixa de quase 2% entre os principais vencimentos. O mercado já vem marcando, dessa forma, seus mais baixos patamares em três meses, segundo analistas internacionais. 

O contrato março/18 fechou com US$ 9,60 por bushel, e o maio/18, que é referência para a safra americana, terminou com US$ 9,71. Essa foi a terceira semana negativa consecutiva.

As baixas vieram mesmo com pequenos ganhos sendo registrados no pregão desta sexta-feira (22), com os fundos buscando uma recomposição de posições depois das últimas baixas. 

O principal fator de pressão sobre as cotações ainda é o clima na América do Sul e a falta de ameaças à nova safra, principalmente do Brasil e da Argentina, até este momento, apesar de irregular em alguns pontos e de algumas divergências sendo observadas entre os principais modelos climáticos. 

"Os players seguem sem um direcionamento de atuação, aguardando por uma melhor definição climática, já que ora os modelos meteorológicos estão em sintonia, ora divergem", explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.

No modelo americano - GFS - boas chuvas ainda aparecem para o Brasil e a Argentina no período dos próximos cinco dias, como mostram dados da consultioria internacional AgResource Mercosul.

"As precipitações intensas continuam sendo previstas para uma ampla região do Sul do Brasil e Norte da Argentina. No entanto, no Rio Grande do Sul, as chuvas deverão se concentrar sobre o norte do estado, com dificuldades na formação e chegada de novos índices pluviométricos para o extremo sul brasileiro. (...) Na Argentina, o padrão mais molhado deve perdurar até o fim de 2017, trazendo a recuperação parcial dos níveis de umidade do solo", diz o boletim diário da consultoria.

Como explica o presidente da consultoria Standard Grain, Joe Vaclavik, em entrevista à Reuters Internacional, "a nova safra começou com o tempo seco e trazendo algum prêmio para o mercado da soja, mas vimos esse prêmio perder força nas últimas semanas na medida em que foi sendo registrada uma melhora no clima". 

Nem mesmo as boas notícias de demanda que chegaram nesta semana foram suficientes para mudar o cenário. Nesta sexta, uma nova venda de soja dos EUA para a China foi anunciada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de mais de 250 mil toneladas.

A tendência é de baixa, confirma a AGResources/Chicago

Os operadores do mercado têm se baseado na reversão de contratos abertos frente aos feriados de fim de ano.

Bancos e tradings financiadoras de safra nos Estados Unidos tem forçado os produtores norte-americanos na venda da soja e milho disponível para quitar custeios antes de 2018.

Este movimento pode estar ajudando a posição do mercado a aumentar as novas baixas.

Como o balanço de novos contratos futuros da CBOT possui um maior peso de venda, o produtor rural dos EUA  deverá optar por fazer hedging nas próximas semanas.

No boletim semanal de exportação da soja norte-americana, o USDA relatou que um total de 1,7 MT de soja foi contratada e que 1,5 MT foi de fato embarcada na última semana.

Tais números, apesar de se mostrarem acima do esperado pelo mercado, ainda estão muito abaixo do necessário para atingir as estimativas de 60,56MT do USDA.

As cotações vêm postando baixas nas últimas 6 sessões consecutivas, e a falta de interesse especulativo deverá manter esta tendência.

Preços no Brasil

No Brasil, a semana também foi negativa para os preços nas principais praças de comercialização e nos portos do país. Os recuos chegaram a superar os 3% no acumulado semanal no interior do país. 

Nos portos, as cotações perderam até R$ 2,00 por saca, como foi o caso da soja da safra nova negociada no porto de Paranaguá, que encerrou a semana com R$ 73,00. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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