Soja: Preços sobem até 3% no Brasil com alta do dólar, apesar da estabilidade em Chicago

Publicado em 05/06/2017 16:46

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o pregão desta segunda-feira (5) com estabilidade, porém, do lado positivo da tabela. Durante todo o dia, as cotações testaram ambos os lados, caminhando de lado, e encerraram os negócios com ligeiras altas de 0,75 a 2,50 pontos. O vencimento julho/17 ficou em US$ 9,22 e o novembro/17, referência para a safra americana, em US$ 9,28 por bushel. 

Apesar das leves altas registradas nesta segunda, o mercado da soja ainda caminha em um canal de baixa, como explica o analista da OTCex Group, Miguel Biegai, que afirma ainda que esse é um movimento de correção técnica, o qual poderia se estender até os US$ 9,29 sem mudar essa tendência. 

A mudança de direção para as cotações, no entanto, só seria possível com a chegada de novidades efetivas e fortes o bastante para promoverem esse movimento. O front principal para a chegada dessas informações seria o Meio-Oeste americano e as condições climáticas para o desenvolvimento da safra 2017/18 dos EUA.

Por outro lado, como explica Biegai, boas novas sobre a demanda ou sobre a relação cambial real x dólar também poderiam motivar essas mudanças. Nesta segunda, uma nova venda de 120 mil toneladas de soja em grão da safra 2016/17 dos EUA para destinos não revelados foi reportada, porém, ainda insuficiente. 

De outro lado, os embarques semanais norte-americanos, trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), ficaram ligeiramente aquém das expectativas do mercado. 

Na semana encerrada em 1º de junho, os EUA embarcaram 277,298 mil toneladas de soja, contra 350,519 mil da semana anterior e frente às projeções dos traders de 300 mil a 490 mil toneladas. No acumulado da temporada, os embarques americanos da oleaginosa já somam 51.081,828 milhões de toneladas, acima de pouco mais de 43,6 milhões da temporada anterior. 

Além do comportamento do clima no Corn Belt, o comportamento dos fundos de investimentos também exigem atenção dos traders. Eles carregam, afinal, a mais ampla posição vendida no complexo soja e, portanto, um risco e uma exposição maior. 

"Comentam-se que alguns gerentes de fundos estão ficando nervosos com estas questões climáticas, devido a posição e o grau de exposição dos mesmos fortemente vendidos", explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.

O questionamento o mercado agora é saber até quando - no ambiente atual - os fundos seguirão aumentando esta posição. "Com o mercado da soja testando suas mínimas em 14 meses, o clima e a resiliente demanda para exportação (da soja americana), os fundos vão querer continuar a adicionar posições vendidas nesses níveis? Qual o risco e a recompensa dessas novas posições estando os preços nestas mínimas?", questionam os analistas da Benson Quinn Commodities.  

Leia mais:

>> Fundos têm maior posição vendida entre os grãos e se focam no clima nos EUA

As últimas duas semanas foram de tempo um pouco mais seco no Meio-Oeste americano, permitindo um melhor avanço dos trabalhos de campo. "É bom ficar de olho totalmente voltado para o clima neste momento. Aliás é o único fator capaz de reverter e fazer os preços subirem rapidamente se houver realmente uma mudança climática", diz Sousa.  

Ainda nesta semana, o mercado se posiciona à espera do novo reporte mensal de oferta e demanda que o USDA traz no dia 9 de junho, sexta-feira. 

Preços no Brasil

No Brasil, os preços da soja acompanharam a movimentação do dólar frente ao real - de expressiva alta - e subiram de forma generalizada. A moeda americana voltou a se aproximar dos R$ 3,30 nesta primeira sessão da semana e motivou essa tentativa de retomada das cotações no mercado brasileiro. 

No interior do país, as principais praças de comercialização registraram ganhos de até 3,77%, como foi o caso de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, para R$ 55,00 por saca. Nos portos, as referências para a soja disponível voltaram a atuar no intervalo dos R$ 68,00 e R$ 69,00 por saca, para a safra nova, para os R$ 72,00.

Em Paranaguá, a oleaginosa disponível fechou com R$ 69,00 por saca e alta de 1,47%, enquanto em Rio Grande o ganho foi de 0,74% para R$ 68,50. Em Santos, a referência subiu 1,48% para R$ 68,70. 

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, a comercialização da soja no Brasil chegou a 58% até esta segunda-feira (5). Se comparado ao mesmo período do mês anterior, o avanço foi de oito pontos percentuais. No entanto, o total ainda é bem menor do que o registro do mesmo período do ano passado, de 76%. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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