Soja: Mercado climático nos EUA pode dar oportunidade de venda para produtor brasileiro
Os preços da soja fecharam os negócios desta segunda-feira (27) no vermelho, mais uma vez, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos. Os futuros da commodity terminaram o pregão na CBOT recuando entre 4,25 e 5,50 pontos, com o maio/17 - o vencimento mais negociado agora - valendo US$ 9,71 por bushel. Enquanto isso, no Brasil, as perdas no interior chegaram a bater nos 5,36% neste início de semana, com o referência chegando aos R$ 53,00 por saca em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul.
Nas demais praças de comercialização, os indicativos recuaram entre 0,33% a até 4,92%. Já nos portos, a direção dos preços não encerrou o dia em um caminho comum. Em Paranaguá, a soja disponíel fechou com R$ 67,00 por saca e queda de 0,74%, enquanto no mercado futuro foi a R$ 68,00, subindo 0,74%. Em Rio Grande, R$ 68,00 e R$ 69,00, respectivamente, com estabilidade e alta de 0,58%.
O movimento de venda de posições por parte dos fundos, em um comportamento técnico, continua sendo observado no mercado futuro norte-americano, ajudando a consolidar patamares mais baixos para os futuros da oleaginosa e estreitando ainda mais as oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro. A pressão de uma grande safra na América do Sul é um dos principais fatores nesse momento, e o principal ponto de equilíbrio continua sendo a força da demanda.
Na semana encerrada em 23 de março, os embarques semanais de soja norte-americanos somaram 555,012 mil toneladas, contra expectativas que variavam de 500 mil a 700 mil toneladas. No acumulado da temporada, os EUA já embarcaram 46.312,774 milhões de toneladas da commodity, das 55,10 milhões projetadas para serem exportadas neste ano comercial. No ano anterior, nesta mesma época, o montante era de 41.562,033 milhões. Os dados foram reportados no relatório semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda.
"A demanda está aquecida, mas não vai tirar pressão sozinha da questão das super safras que se acumularam. Temos que acompanhar também a questão climática nos países, principalmente agora virando os olhos para os Estados Unidos. Sabemos que o plantio já começou em alguns locais, a soja vai ser o forte do plantio - em maio - e temos que acompanhar isso, porque essas oscilações serão importantes para o produtor vender", diz Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja MT, em entrevista ao Notícias Agrícolas, direto de Pequim, na China.
Segundo o analista de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria, alguns bons momentos poderiam aparecer entre maio e agosto, quando a volatilidade pode se acentuar dadas as especulações sobre o clima nos Estados Unidos.
E o ano-safra americano poderá contar, de acordo com as primeiras projeções, com os efeitos de um El Niño, o que poderia deixar, segundo analistas, o mercado internacional ainda mais agitado. Até que os efeitos práticos do clima comecem a aparecer, porém, os traders esperam ainda pelo novo boletim de intenção de plantio que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no final desta semana, dia 31, com as intenções de plantio e a possibilidade de um expressivo aumento de área para a soja.
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"Esse relatório (de intenção de plantio) é altamente imprevisível. Os números de acres são os mais difíceis de se prever, especialmente em um ano como este, quando encontramos centenas de acres a menos de trigo, a soja avançando em um ritmo acelerado. Então, será um ano muito difícil de se compreender e muito agitado para quem negocia grãos", explica Joe Vaclavik, Fundador e Presidente da Standard Grain, Inc em um reporte da CME Group desta segunda-feira.