Soja em Chicago fecha nas mínimas em 6 semanas e já sente pressão da safra da América do Sul

Publicado em 03/01/2017 17:09

Na primeira sessão de 2017, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago trabalharam em baixa durante todo o dia e fecharam com as mínimas em seis semanas. As boas perspectivas sobre a nova safra da América do Sul têm sido, neste momento, o maior fator de pressão sobre as cotações, segundo acreditam analistas e consultores, o que levou o vencimento janeiro/17 a perder os US$ 9,90 e o maio/17, referência para a temporada brasileira, a se aproximar dos US$ 10,00 por bushel. 

Ainda nesta terça-feira (3), o dólar também encerrou o dia em campo negativo. A moeda norte-americana fechou o dia com baixa de 0,59% e valendo R$ 3,2624, após bater na mínima da sessão de R$ 3,2469 e ajudou a pressionar as cotações no mercado brasileiro, principalmente nos portos. Em Paranaguá, a referência para a nova safra ficou em R$ 74,00 e, em Rio Grande, em R$ 78,30 por saca. Já no disponível, os valores ficaram em R$ 74,00 e R$ 75,00, respectivamente. ,

Nos últimos meses, os preços conseguiram registrar níveis melhores - acima dos R$ 80,00 - e motivaram uma melhora no ritmo da comercialização brasileira. Com o início do ano e algumas expectativas que ainda rondam o mercado, principalmente o câmbio, os produtores ainda não têm realizado grandes negócios, ainda de acordo com especialistas, e aguardam por melhores oportunidades que poderiam aparecer a diante. 

O foco, portanto, volta-se para o início da colheita no país. Os trabalhos já foram iniciados, principalmente nas regiões onde foram plantadas variedades mais precoces, com produtividades indicando algo acima de 55 sacas por hectare, como em Tapurah, em Mato Grosso, fruto das boas condições de clima que foram registradas na região. A preocupação agora, porém, ainda é com o quadro climático, porém, entre janeiro e fevereiro, para que o ritmo da colheita não diminua, segundo relata Silvésio de Oliveira, produtor rural local em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Em entrevista à Reuters internacional, o analista de grãos Mike Zuzolo, da Global Commodity Analytics, "o mercado já sente um pouco mais de segurança na safra da América do Sul, o que estimula uma migração da demanda dos importadores dos EUA", diz. A chegada da oferta brasileira no mercado ajuda, portanto, a pressionar as cotações em Chicago, no entanto, a força da demanda acaba atuando ainda como suporte para os preços e acaba contribuindo para um equilíbrio em Chicago. 

E a força da demanda foi, mais uma vez, confirmada no reporte semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de embarques de grãos, com números fortes para soja mais uma vez. 

"Sabemos que a China não pode viver exclusivamente sem a soja dos Estados Unidos, mas pode sim trocar boa parte de suas compras para a América do Sul e fazer alguma diferença", afirma Rich Feltes, da R.J. O'Brien, também à Reuters. 

O país embarcou, na semana encerrada em 29 de dezembro, 1.578,703 milhão de toneladas. O total ficou dentro das expectativas do mercado de 1,28 milhão a 1,69 milhão de toneladas, porém, ligeiramente menor do que a semana anterior. No acumulado da temporada, os embarques norte-americanos da oleaginosa já somam 32.963,459 milhões de toneladas, bem acima do total da safra 2015/16, de 27.937,517 milhões, nesse mesmo intervalo. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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