"OPEP" da soja se reúne na Argentina para traçar estratégias

Publicado em 02/12/2016 14:46

Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Canadá e Estados Unidos representam mais de 90% da produção mundial de soja, estimada em 336,09 milhões de toneladas para a safra 2016/17. Seus produtores, associados em algo semelhante à OPEP da soja, chamada Aliança Internacional de Produtores de Soja (ISGA, na sigla em inglês), estão reunidos em Buenos Aires falando de temas chaves para a atividade: a visão dos transgênicos nos mercados compradores, os regulamentos, a propriedade intelectual em sementes e até mesmo a onda de fusões na indústria de agroquímicos.

Pelos próximos dois anos, a Argentina está à frente da secretaria da ISGA e, representando o país, estão as entidades Acsoja, Aapresid e Aacrea.

Embora a reunião não discuta os preços e nem a comercialização dirreta, os produtores também estão de olho a esses outros temas que podem afetar sua atividade. Por isso, organizam missões para destinos chaves.

"Estamos planejando a estrateia do próximo ano, que se dividirá em missões para a China, a Índia e a Europa. São mercados importantes, com alguns inconvenientes para a entrada de produtos por conta de sementes geneticamente modificadas e a sincronização na aprovação de eventos biotecnológicos", disse Pedro Vigneau, presidente da Aapresid.

China, o maior comprador mundial de soja, com uma projeção de 86 milhões de toneladas para o ciclo comercial 2016/17, adquire o cultivo transgênico para alimentar a seus frangos e suínos, mas para consumo humano, utiliza a soja não-transgênica que é plantada em seu próprio território.

Membros da ISGA estiveram na China com blogueiros, contando a eles como é feita a soja transgênica e que, depois de 20 anos de seu cultivo, não foram registrados problemas. Além de uma explicação sobre o tema, Vigneau leva em suas apresentações internacionais uma foto de seu filho de 12 anos em um cultivo, para reforçar a mensagem de que os produtores vivem nos mesmos lugares onde realizam as produções.

"Vemos que em vários âmbitos internacionais, como a Europa, querem ter a voz em primeira pessoa dos produtores. Portanto, é isso que levamos. A voz do produtor pesa, passamos mais credibilidade com nossa experiência em cultivos transgênicos", disse Fernando Zubillaga, da Aacrea.

Os produtores também estiveram na Europa, onde há propostas de normas mais restritivas para os produtos transgênicos. Uma das missões que já são projetadas para 2017 é para que a ISGA esteja presente em uma votação de uma prorrogação ou não para a licença de uso do herbicida glifosato.

Eles também estarão na Índia, país que é visto como um importador em potencial a curto prazo.

Para a ISGA, interessa também que possam haver, por exemplo, com a China, uma sincronização para a autorização de eventos. A soja resistente à seca, que foi desenvolvida na argentina, já está habilitada no país, mas os produtores esperam o processo em outro país para cultivá-la.

Os produtores também discutem a compra da Monsanto pela Bayer, a da Syngenta pela ChemChina e a fusão Dow-Dupont. Ontem, Endrigo Dalcin, presidente da Associação de Produtores de Soja (Aprosoja) de Mato Grosso, que produz 33% da soja brasileira, falou sobre isso em uma entrevista para o La Nación. "Empresas maiores podem significar mais pesquisa, mas nos preocupa que haja menos opções para eleger", disse.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: La Nación - Campo

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