CBOT: Soja fecha com quase 20 pts de baixa com intensa aversão ao risco no financeiro internacional

Publicado em 01/11/2016 16:19

Em uma terça-feira (1) de aversão ao risco e queda generalizada das commodities negociadas no mercado internacional, os futuros da soja fecharam o dia com quase 20 pontos de baixa na Bolsa de Chicago. As notícias do cenário macroeconômico pesaram diretamente não só sobre os grãos na CBOT, mas também sobre as soft commodities em Nova York, bolsas de valores pelo mundo e o dólar index, ao mesmo tempo em que promoveu uma corrida para ativos que insipiram mais segurança, como o dólar comercial - que subiu quase 2% frente ao real - e o ouro, que registrou ganhos de quase 1% na sessão desta terça. 

A movimentação ganhou força logo após uma pesquisa sobre as eleições norte-americanas mostrar uma pequena vantagem de Donald Trump sobre Hillary Clinton, situação que aparece pela primeira vez desde maio. A notícia assustou os investidores, que buscaram realizar fortes ajustes em sua carteira dada a má aceitação do mercado financeiro ao candidato republicano. Especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo mostram que, pelo mundo todo, investidores temem a vitória do empresário por conta de sua postura "radical e anti-mercado". 

Nesse quadro, o contrato novembro/16, referência para a safra dos EUA, foi a US$ 9,84 por bushel, encerrando o dia com perda de 18 pontos. Já o maio/17, indicativo para os negócios com a safra brasileira, terminou o pregão cotado a US$ 10,06, após registrar valores superiores a US$ 10,20 no início do dia, quando o mercado ainda atuava com estabilidade. Ainda no complexo soja, os futuros do farelo perderam mais de 2% e os de óleo quase 1% na CBOT. 

"A aversão a esse candidato é muito grande pelos investidores, que estão promovendo alguns ajustes gerais e o que mais sente agora é o dólar index. Nesta quarta-feira (2) - feriado no Brasil - teremos um dia de agenda americana bastante cheia. O FOMC (o correspondente ao COPOM no Brasil) deverá divulgar, no final do dia, os juros americanos e com essa vantagem de Trump sobre a candidata Hillary, cda vez mais os analistas acreditam quem uma nova alta de juros só seria promovida a partir de dezembro", explica Andrea Sousa Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora. As eleições, embora já estejam acontecendo em alguns colégios, tem data oficial de 8 de novembro. 

A executiva afirma ainda que o que amedronta o mercado em todo o mundo é a instabilidade de Trump, principalmente atuando no cargo político mais importante do mundo daqui em diante. "Qualquer decisão unilateral dele mal adotada ou comentário inoportuno faz a comunidade financeira amargar prejuízos horríveis", complementa. 

E para Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, apesar de conhecidos, os fundamentos ainda pesam sobre as cotações da oleaginosa em Chicago, já que uma grande safra vem dos Estados Unidos nesta temporada. "Há o bom avanço da colheita nos EUA, a reta final dos trabalhos de campo e boas condições de clima pela frente. Isso além de clima melhor também no Brasil", explica. 

Mercado Interno

No Brasil, os preços da soja não obedeceram um movimento comum, uma vez que apesar das perdas em Chicago, o dólar fechou com 1,5% de alta frente ao real e cotado a R$ 3,241. Dessa forma, nos portos e em algumas praças de comercialização os valores da saca subiram ou mantiveram sua estabilidade, enquanto em outras, baixas foram registradas. 

Leia mais:

>> Dólar salta mais de 1,5% e encosta em R$ 3,25, de olho em Fed e eleição dos EUA

No terminal de Rio Grande, a soja disponível fechou com R$ 77,50, subindo 3,33%, enquanto o mercado futuro a alta foi de 1,27% para R$ 80,00. Já em Paranaguá, R$ 77,00 no disponível, com ganho de 0,65% e R$ 78,00 no fututo, estável. 

Veja as cotações completas nesta terça-feira:

>> MERCADO DA SOJA

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja: Mercado em Chicago recua nesta manhã de 6ª, devolvendo parte dos ganhos da sessão anterior
Alta do farelo com ameaça de greve na Argentina e clima seco nos EUA estimulam cobertura de fundos e soja reage em Chicago
Soja volta a subir em Chicago, intensifica os ganhos e acompanha avanço de mais de 2% do farelo
USDA informa venda de mais de 260 mil t de soja 24/25 nesta 5ª feira
Soja brasileira será testada na Coreia do Sul para fabricação de produtos alimentícios
Soja tem estabilidade em Chicago nesta 5ª feira e mantém foco no "combo" política e fudamentos