Soja: Mercado passa a recuar com realização de lucros e contrato novembro/16 perde os US$ 10
O mercado internacional da soja deixou de lado a estabilidade e passou a operar em campo negativo na Bolsa de Chicago. Por volta das 13h (horário de Brasília), as posições mais negociadas perdiam mais de 9 pontos, levando o novembro/16 a ser cotado a US$ 9,92 por bushel. O maio/17, referência para a safra brasileira, ainda se mantinha acima dos US$ 10,00 e valia US$ 10,17 por bushel.
Os preços passaram a obedecer a um comportamento mais técnico, com os fundos investidores ajustando suas posições, com algumas realizações de lucros depois que as primeiras posições superaram os US$ 10,00 por bushel, como explicam analistas e consultores de mercado. Asssim, as perdas, na sequência, já vinham sendo amenizadas.
Com um cenário de fundamentos já conhecido, os preços seguem mantendo seu suporte, principalmente na força da demanda pela oleaginosa norte-americana, mas suas altas são limitadas pela grande safra 2016/17 dos EUA. Consolidada, a colheita o país já chega a 87% da área cultivada, de acordo com os últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final desta segunda-feira (31).
Os traders seguem ainda atentos ao cenário macroenconômico, às novas baixas registradas pelo petróleo e aos movimentos do dólar index. E ao contrário do que acontecia pela manhã, no início da tarde de hoje os futuros do petróleo em Nova York voltavam a subir, também se ajustando em relação às perdas dos últimos dias. Perto de 13h15 (Brasília), alta de 0,51% para R$ 47,11 por barril.
Ainda no quadro internacional, os traders observam os desdobramentos das eleições norte-americanas. Uma nova pesquisa divulgada nesta terça mostrou que Donald Trump registra uma ligeira vantagem em relação à Hillary Clinton e os números assustaram o mercado.
"A aversão a esse candidato é muito grande pelos investidores, que estão promovendo alguns ajustes gerais e o que mais sente agora é o dólar index. Amanhã - feriado no Brasil - teremos um dia de agenda americana bastante cheia. O FOMC (o correspondente ao COPOM no Brasil) deverá divulgar, no final do dia, os juros americanos e com essa vantagem de Trump sobre a candidata Hillary, cda vez mais os analistas acreditam quem uma nova alta de juros só seria promovida a partir de dezembro", explica Andrea Sousa Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora. As eleições, embora já estejam acontecendo em alguns colégios, tem data oficial de 8 de novembro.
No Brasil, a alta do dólar de quase 1% nesta tarde de hoje dá algum estímulo às cotações da oleaginosa nos principais portos de exportação. A limitação, no entanto, chega com as baixas em Chicago. Em Rio Grande, o produto disponível contava com uma leve alta de 0,67% para chegar aos R$ 75,50 por saca, enquanto no mercado futuro o avanço era mais expressivo - de 1,90% - e o valor da saca era de R$ 80,50.
Ao mesmo tempo, a moeda americana era negociada a R$ 3,22 e subia 0,93%. Segundo especialistas, à espera pela nova reunião do Federal Reserve - o banco central norte-americano -, que começa nesta quarta, o mercado também se ajusta.
"Acho que o Fed não vai trazer novidade em termos de juros, mas a reunião traz cautela. A questão das eleições também estão no radar", comentou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva em entrevista à agência de notícias Reuters.
A soja brasileira, no entanto, ainda conta com uma sustentação vinda dos prêmios que seguem altos, especialmente nos portos. No mercado spot, a posição outubro/16 paga US$ 1,60 sobre os preços praticados em Chicago, enquanto os contratos abril e maio/17 tinham US$ 0,48 por bushel.