Soja encerra sessão desta 3ª feira em queda na CBOT, mas disputa entre oferta e demanda permanece
Depois de operar grande parte do pregão desta terça-feira (18) em campo positivo, os futuros da soja reverteram os ganhos e finalizaram o dia em queda na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições da oleaginosa encerraram a sessão com perdas entre 4,00 e 5,75 pontos. O vencimento novembro/16 era cotado a US$ 9,72 por bushel, enquanto o janeiro/17 era negociado a US$ 9,81 por bushel. O março/17 trabalhava a US$ 9,87 por bushel.
Segundo dados do site internacional Agriculture.com, a demanda global pelo produto americano deu suporte aos preços durante a sessão, porém, no final do dia, houve uma movimentação de lucros depois dos ganhos recentes. Os analistas já têm reportado que, a briga entre a oferta e demanda tem direcionado os preços do grão nos últimos dias em Chicago.
"De um lado, temos a questão da oferta americana, com uma produção estimada em mais de 116 milhões de toneladas nesta temporada e 62% já colhida, essa é uma pressão natural. Em contrapartida, temos os preços resistindo no mercado internacional devido à demanda aquecida pelo complexo soja", explica o consultor de agronegócios, Flávio França Junior.
O especialista ainda pondera que, apesar da pressão negativa de uma grande safra nos EUA, os preços atuais ainda estão acima do registrado no mesmo período do ano passado. "As cotações resistem e isso é um bom sinal. Com a demanda, a perspectiva é que tenhamos preços médios para a temporada superiores aos registrados em 2015. Nesse instante, temos uma média de US$ 9,80 por bushel, US$ 1 acima do mesmo intervalo do ano anterior", completa.
Ainda nesta terça-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou a venda de 706,5 mil toneladas de soja para a China. O volume negociado deverá ser entregue na temporada 2016/17.
Além disso, outro fator observado pelos investidores é a configuração da safra na América do Sul. De acordo com dados da Safras & Mercado, até o final da semana anterior, cerca de 17,3% da área prevista para essa temporada já havia sido semeada. Apesar das chuvas no Sul do país, em algumas áreas do Centro-Oeste as chuvas ainda continuam irregulares.
Mercado brasileiro
As cotações da soja praticadas no mercado interno brasileiro registraram ligeiras movimentações nesta terça-feira (18), conforme levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas. Em Avaré (SP), a queda foi de 9,08%, com a saca oleaginosa cotada a R$ 68,39. Ainda no estado, em Itapeva, a perda ficou em 2,66%, com a saca do grão a R$ 71,32. Em Sorriso (MT), a cotação cedeu 2,08%, com a saca a R$ 70,50.
No Paraná, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, os preços registraram ligeira alta, de 0,76%, com a saca a R$ 66,50. No Porto de Santos, o preço subiu 0,39%, com a saca a R$ 77,40. Já em Rio Grande, o valor futuro caiu 1,91%, com saca a R$ 77,00 e o disponível apresentou queda de 1,33%, com a saca a R$ 74,00. Em Paranaguá o dia foi de estabilidade aos preços.
"É preciso ressaltar que, nos últimos dois anos, tivemos o câmbio contribuindo para a formação dos preços. Porém, temos uma perspectiva de agora em diante, com o país mais equilibrado. Temos a questão de uma oferta um pouco mais ajustada na América do Sul, com a queda na área plantada com o grão na Argentina, o que poderia dar um suporte aos preços", afirma o consultor de mercado.
Embora, o especialista reforça que, para os preços voltarem para o patamar acima de US$ 10,00 por bushel, seria necessário uma novidade, especialmente em relação ao clima. "Mas se considerarmos o contrato maio/17 e o prêmio de 60 cents acima para a posição maio/17 no Porto de Paranaguá, já teríamos um valor maior do que US$ 10,00 por bushel", sinaliza.
Entretanto, os produtores brasileiros seguem cautelosos nas negociações. Até o momento, a perspectiva é que entre 24% a 25% da safra 2016/17 tenha sido negociada antecipadamente. "Os agricultores estão na defensiva, e vendem apenas em uma necessidade", finaliza Junior.
Dólar
A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,1830 na venda, com queda de 0,77%. Segundo a agência Reuters, "o câmbio foi influenciado pelo movimento da moeda no exterior e expectativa de ingresso de recursos no país por conta da repatriação de ativos de brasileiros no exterior".
Confira como fecharam os preços nesta terça-feira: