Soja: Dólar recua forte, dá suporte às altas de Chicago, mas pressiona mercado no Brasil
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago ganharam força no meio do dia e fecharam a sessão desta sexta-feira (6) - a primeira depois do feriado do Dia do Trabalho comemorado nos EUA - em campo positivo. As posições mais negociadas terminaram o dia com altas de 5,75 a 8,50 pontos e o novembro/16 valendo US$ 9,59 por bushel. Na máxima do dia, porém, o vencimento - que é referência para a nova safra dos EUA - chegou aos US$ 9,64, na terceira sessão consecutiva de ganhos.
Segundo explicam analistas nacionais e internacionais, o mercado na CBOT contou com uma combinação de fatores neste pregão para tomar um fôlego e voltar a subir. Foram números fortes e acima das expectativas dos embarques semanais norte-americanos, um dólar em baixa e mais as especulações sobre a falta de chuvas que começaram a entrar no radar dos traders internacionais nesta semana.
O novo reporte semanal de embarque de grãos divulgado hoje pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe números elevados mostrando que, na semana encerrada em 1º de setembro, os EUA embarcaram 1.232,739 milhões de toneladas, volume maior do que o registrado na semana passada, de 921,528 mil toneladas, e superando as projeções dos traders de 700 mil a 950 mil toneladas.
Ao mesmo tempo, o dólar derreteu nesta terça-feira, caindo não só frente ao real mais também diante de demais divisas, e atuou como outro fator de estímulo para o avanço dos preços em Chicago. A moeda fechou a terça-feira com queda de 2,25% e valendo R$ 3,2081, registrando o menor valor de fechamento, segundo a Reuters, desde 28 de junho.
A pressão maior sobre o dólar veio, como explicam especialistas, de dados fracos sobre o setor de serviços e de empregos nos Estados Unidos, o que afastou a possibilidade de uma nova alta da taxa de juros no país.
E como explicou a analista de mercado Andrea Sousa Cordeiro, da Labhoro Corretora, "esse recuo do dólar frente à uma cesta de moedas melhora a performance de compra dos demais países, o que favorece a demanda internacional" e, consequentemente, o movimento traz ainda mais força aos futuros não só da oleaginosa, mas à todas as commodities negociadas nas bolsas norte-americanas.
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Complementando o quadro das novidades, começam as informações - e especulações, principalmente - sobre as perspectivas para a nova safra da América do Sul, como explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Lansing Trade Group. Os olhos vão estar ainda mais voltados para o Brasil, que já pode começar o plantio da soja no próximo dia 15 de setembro, quando termina o vazio sanitário e com muitas áreas de importância no quadro produtor sem condições de clima para plantar.
A pergunta da maior parte dos produtores brasileiros neste momento, prestes a darem início ao plantio da nova safra de soja, é se essas condições de clima permanecem e se estendem até o início dos trabalhos de campo. Por enquanto, a resposta ainda é não. De acordo como climatologista Luiz Carlos Molion, a estação chuvosa deve se atrasar este ano e a previsão é de que as precipitações regulares possam ser registradas somente no segundo bimestre do ano, podendo atrasar a semeadura da safra de verão em boa parte do Brasil.
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Apesar disso, Araújo chama atenção das projeções de que o Brasil amplie sua área de semeadura nessa temporada 2016/17, com uma produção podendo chegar as 103 milhões de toneladas. "Mas para que isso se confirme, será preciso que o clima faça a sua parte. Vamos ter que acompanhar", diz.
Mercado Nacional
No Brasil, com essa despencada do dólar, os preços voltaram a recuar e as baixas foram apenas amenizadas pelos bons ganhos observados na Bolsa de Chicago. Assim, os negócios no Brasil, que já vinham caminhando a passos lentos e se mostravam bastante travados, mantém esse ritmo e assim devem permanecer frente ao feriado do Dia da Independência no Brasil, que será comemorado nesta quarta-feira, 7 de setembro.
No interior do país, as baixas variaram entre 0,38% - em Jataí/GO, para R$ 65,75 por saca - e 4,11% - Avaré/SP, para R$ 68,39. No entanto, boa parte delas registrou estabilidade na sessão desta terça, ou nem mesmo apresentou referências dada a falta de volume de negócios.
Nos portos de exportação os preços não foram todos pelo mesmo caminho. Em Parananaguá, o disponível subiu 1,25% para R$ 81,00 por saca, enquanto o futuro permaneceu nos R$ 78,00, estável. Já no terminal de Rio Grande, o dia foi negativo. A soja disponível perdeu 1,27% para fechar com R$ 78,00, enquanto o produto da safra nova caiu 1,94% para chegar aos R$ 76,00. Em Santos, estabilidade nos R$ 80,90 por saca.