Soja sobe em Chicago nesta 4ª feira, favorece preços no Brasil e estimula alguns novos negócios

Publicado em 27/07/2016 12:21

As altas da soja na Bolsa de Chicago continuam na sessão desta quarta-feira (27) e se intensificam neste início de tarde. Perto de meio-dia (horário de Brasília), as cotações subiam mais de 14 pontos entre as posições mais negociadas, permitindo que o contrato agosto/16 retomasse o patamar dos US$ 10,00 e fosse cotado a US$ 10,08 por bushel. O contrato referência para a nova safra americana - novembro/16 - era negociado a US$ 9,98 no mesmo momento. 

Nesse quadro e com uma leve alta do dólar frente ao real - que subia 0,51% para alcançar os R$ 3,287 - os preços da soja nos portos do Brasil também registravam alguma valorização entre as referências de hoje. No terminal de Rio Grande, por exemplo, o produto disponível subia 2% para R$ 81,60, enquanto no mercado futuro o ganho era de 2,04%, para R$ 80,10 por saca. 

A movimentação do câmbio nesta quarta-feira sinalizava, segundo explicam analistas, a cautela adotada pelo mercado financeiro antes da chegada das novas decisões do Federal Reserve (o banco central norte-americano), principalmente ao redor da taxa de juros do país. "O evento do dia será o Fed. Até lá, o mercado vai ficar de lado, mais cauteloso", resumiu o operador da corretora Intercam Glauber Romano em entrevista à agência de notícias Reuters.

Segundo explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, alguns novos negócios começam a surgir, mais ainda pontuais, e focados em regiões onde os produtores precisam "fazer caixa" nesse momento. No entanto, reforça que um dos maiores limitadores da formação dos preços no Brasil tem sido, de fato, o câmbio, já que a divisa chegou a superar os R$ 4,00 há alguns meses, criando melhores oportunidades para os sojicultores brasileiros, com as referências alcançado, nos melhores momentos do ano, o patamar dos R$ 100,00 por saca. 

O Brasil possui somente, no entanto, cerca de 15% da safra 2015/16 ainda para ser comercializada, com bons volumes já exportados - mais de 43 milhões de toneladas no acumulado de 2016 - e uma demanda interna aquecida e que segue forte, com as indústrias ainda buscando matéria-prima. Para a safra nova, com aproximadamente 40% já comercializada, os negócios caminham de forma mais lenta, e os produtores aguardam por oportunidades mais favoráveis, ainda como explica o consultor. 

Bolsa de Chicago

Os ganhos na Bolsa de Chicago, segundo analistas e consultores, é reflexo da necessidade de recuperação do mercado após a chegada das cotações nas mínimas dos últimos três meses nas sessões anteriores. Entretanto, não foge do radar dos traders internacionais as condições de clima para o Meio-Oeste americano e o desenvolvimento da nova safra dos EUA. 

Paralelamente, as especulações sobre novas previsões climáticas que indicam a chegada de mais um sistema de alta pressão ao Meio-Oeste americano no início de agosto, o que poderia elevar novamente - e ainda mais - as temperaturas, também contribuem para os ganhos desta quarta-feira.

"Os fundos especulam a possibilidade de uma nova onda de altas temperaturas para o Meio-Oeste. Assim, a pergunta que vale alguns milhões é se essas temperaturas, já no início de agosto, voltarão a ficar acima da média", explica Andrea Cordeiro, analista de mercado da Labhoro Corretora". O efeito dessa informação, como explicam analistas internacionais, no entanto, é limitado dada as boas chuvas que chegam às regiões produtoras e que deverão continuar chegando. 

Ainda nesta quarta-feira, o mercado internacional recebeu um novo anúncio de vendas dos EUA para a China, de 131 mil toneladas de soja em grãos com volumes das safras nova e velha, ajudando a renovar o fôlego das cotações nesta sessão. A oleaginosa norte-americana, afinal, se mostra mais competitiva neste momento, atraindo, naturalmente, mais demanda. 

Enquanto os prêmios pagos nos portos brasileiros ainda oscilam perto de US$ 2,00 por bushel acima das cotações praticadas em Chicago, no Golfo, essas referências variam de 78 a 97 centavos de dólar nas principais posições de entrega. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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