Após duas sessões consecutivas de altas, soja em Chicago realiza lucros e perde mais de 3%

Publicado em 14/07/2016 17:18

Os futuros da soja vinham caminhando para concluir a terceira sessão consecutiva com boas altas na Bolsa de Chicago, quando os preços voltaram a recuar, em um movimento de realização de lucros, e terminaram o dia recuando mais de 30 pontos nesta quinta-feira (14). 

Segundo explicou o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, o vencimento novembro/16, por exemplo, vem trabalhando dentro de um intervalo de US$ 10,50 a US$ 11,00 por bushel. Então, quando se aproxima dessa mínima, estímula novas altas, enquanto chega perto da máxima, promove alguma venda de posições, como aconteceu neste pregão de correção técnica. Assim, após bater nos US$ 11,23 na máxima do dia, terminou os negócios com US$ 10,63, caindo 42,25 pontos, após acumular, nos dois pregões anteriores, um ganho de 50,25 pontos. 

"O mercado vai continuar assim até que haja uma definição da nova safra norte-americana", diz. E o momento é o auge do mercado climático, com as previsões sendo atualizadas mais de uma vez ao longo do dia, mantendo uma intensa volatilidade entre os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago. 

Os últimos mapas climáticos indicam que, os próximos dias, no curto prazo, se mantém o padrão de menos chuvas no Meio-Oeste americano, porém, as temperaturas, ainda elevadas, se mostram ligeiramente mais amenas. E as informações são suficientes para que o mercado devolva parte dos ganhos dos últimos dias. 

"O mercado subiu muito em duas sessõs anteriores e, ao menor sinal climático, investidores procuraram realizar, o que é típico de mercado climático. E, com a mudança de padrão em curso, isto é normal.
Vamos ter muita oscilação pela frente. Os preços estão altametne sensíveis aos boletins climáticos", explica Camilo Motter. 

Entretanto, apesar dessa pequena novidade para o curto prazo, o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora afirma que o final de julho ainda inspira cautela, uma vez que para esse período as temperaturas ainda deverão ficar bem acima da média, bem como por todos os meses de agosto e setembro, de acordo com as últimas previsões.

La Niña

Ainda nesta quinta-feira, o NOAA, o departamento oficial de clima dos Estados Unidos, atualizou suas projeções para o La Niña e indicou uma probabilidade de 55% a 60% de que o fenômeno ocorra entre agosto e outubro. Em junho, esse índice era de 75%. 

O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos compartilha da previsão do NOAA, porém, acredita que, apesar de alguma quebra que a nova safra norte-americana possa vir a registrar, essa deverá ser limitada. E as atenções devem continuar sobre as temperaturas. 

Leia mais:

>> La Niña tem de 55% a 60% de se desenvolver entre agosto e outubro, diz NOAA

Demanda

Nesta quinta-feira, o mercado recebeu ainda os novos números das vendas semanais para exportação dos EUA pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E mesmo o volume vindo dentro das expectativas dos traders, a informação foi insuficiente para limitar as baixas em Chicago. 

As vendas na semana encerrada em 7 de julho somaram 911,2 mil toneladas e o número ficou dentro das expectativas do mercado, que variavam de 900 mil a 1,3 milhão de toneladas. Foram 364,2 mil toneladas da safra 2015/16 - 43% a menos do na semana anterior e a maior parte destinada à China - e mais 547 mil toneladas da 2016/17, sendo também a nação asiática o principal destino. As vendas do presente ano comercial já estão 2% à frente do registrado na temporada anterior. 

Os EUA venderam ainda 187,1 mil toneladas de farelo de soja, com 136,1 mil da safra velha e mais 51 mil da nova. As projeções dos traders para o derivado eram de 50 mil e 300 mil toneladas. Os maiores compradores do produto norte-americano foram o México e Honduras. Ainda entre os derivados, as vendas de óleo de soja também vieram em linha com as expectativas - de 15 mil a 60 mil toneladas - e somaram 54,7 mil toneladas. Da temporada atual foram vendidas 48,7 mil toneladas e da nova, 6 mil. Nesse caso, os maiores compradores foram China e México. 

Preços no Brasil

No Brasil, o descolamento do mercado no interior do Brasil do andamento das cotações em Chicago ou até mesmo dos preços para a soja nos portos ficou bastante evidente. Mesmo com a despencada dos futuros no mercado internacional e de um novo dia de perdas para o dólar frente ao real, as principais praças de comercialização terminaram o dia com referências de 1,29% a 5,65% mais altas do que as registradas no fechamento do dia anterior. Assim, mais uma vez, os preços começam a voltar ao patamar dos R$ 80,00 por saca. 

Clique AQUI e confira as cotações da soja na íntegra. 

Nos terminais de exportação, os preços cederam. Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 90,00 por saca, após testar os R$ 92,00 ao longo do dia, perdendo 2,17%, enquanto no mercado futuro a baixa foi de 1,16% para R$ 85,00. Já em Rio Grande, as perdas foram de, respectivamente, 3,70% e 3,45%, para a soja terminar a quinta-feira com R$ 86,00 e R$ 84,00 por saca. 

A baixa disponibilidade da oferta no Brasil e a postura retraída dos vendedores ainda são, como explicam analistas, importantes pilares de suporte para os preços da oleaginosa e, portanto, a tendência, segundo os mesmos, é de que essas altas no interior do Brasil possam continuar, na medida em que o pouco de produto disponível se torne mais disputado.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Alta do farelo com ameaça de greve na Argentina e clima seco nos EUA estimulam cobertura de fundos e soja reage em Chicago
Soja volta a subir em Chicago, intensifica os ganhos e acompanha avanço de mais de 2% do farelo
USDA informa venda de mais de 260 mil t de soja 24/25 nesta 5ª feira
Soja brasileira será testada na Coreia do Sul para fabricação de produtos alimentícios
Soja tem estabilidade em Chicago nesta 5ª feira e mantém foco no "combo" política e fudamentos
Dia influenciado pelo financeiro com aversão ao risco e alta do dólar ; soja em Chicago perde mais de 11 pontos nesta quarta-feira (24)