Soja: Fundos invertem posição e Chicago fecha apenas com leves baixas; clima segue favorável nos EUA

Publicado em 06/07/2016 16:59

O mercado da soja na Bolsa de Chicago passou por mais um dia tenso nesta quarta-feira (6), foram registradas baixas de mais de 30 pontos ao longo do dia, porém, os principais vencimentos recuperaram uma boa parte das perdas registradas durante o pregão e encerrou apenas com leves baixas. Os vencimentos mais negociados terminaram a sessão com perdas de apenas 1,25 a 10,75 pontos, o que fez com que as primeiras posições voltassem a atuar acima dos US$ 11,00 por bushel.

O vencimento novembro/16, que é referência para a nova safra americana, foi o que registrou a menor queda e, depois de bater na mínima do dia em US$ 10,40 terminou o pregão cotado a US$ 10,76 por bushel. Já o agosto/16 ficou em US$ 11,01. 

Segundo explica o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, após o nervosismo e os fortes recuos, os fundos de investimento - os quais têm trazido intensa volatilidade aos negócios nos últimos meses - inverteram parte de suas posições, voltaram à ponta compradora do mercado e permitiram essa leve retomada. 

"Nas últimas sessões, a venda (de posições por parte dos fundos), ao meu ver, foi muito rápida, muito precipitada, e bem realizada, promovendo a perda de 100 pontos. Agora, se vê uma recuperação da ordem de 20 a 30 pontos", diz. "Houve essa recuperação, mas é importante dizer que não há nenhuma mudança no quadro fundamental, ou seja, no cenário climático norte-americano", completa Motter. 

Sendo assim, ainda segundo explica o analista, esse movimento pode ser caracterizado por uma atuação técnica dos fundos de investimentos e, portanto, ainda se mostra frágil. "O mercado caiu muito nos últimos dias e merecia repor um pouco as carteiras. No entanto, continuará a ser guiado essencialmente pelo clima daqui para frente no cenário internacional", afirma. 

Motter ressalta ainda que no atual cenário de oferta e demanda, com estoques mais ajustados nos EUA e na América do Sul, a nova safra norte-americana não irá admitir perdas e também por isso o cenário climático, principalmente para agosto, deverá ser acompanhado de perto. "A partir de um momento em que há problemas climáticos, pode se acirrar a demanda", diz. 

Para os próximos sete dias, os mapas climáticos seguem indicando volumes variados de chuvas para todo o Meio-Oeste americano, variando de 15 mm - na Dakota do Sul e Nebraska - a algo entre 30 e 65 mm em estados como Iowa, Illinois, Minnesota e Illinois. Em algumas regiões, esses volumes poderiam chegar a até 100 mm. Neste período, as temperaturas devem ficar acima da média, o que acaba sendo compensado, em partes, pelas chuvas. 

Na última semana, partes do Corn Belt chegaram a receber seis vezes o acumulado normal de chuvas para essa época. Nos últimos 7 dias, a região central do Meio-Oeste recebeu, em alguns pontos, acumulados de 406 a 508 mm de chuvas. 

Leia mais:

>> EUA: Chuvas continuam chegando ao Corn Belt e volumes são elevados

Mercado Interno

No mercado brasileiro, diante das baixas consecutivas e fortes na Bolsa de Chicago, e de um dólar mais fraco nos últimos dias, os negócios perderam o ritmo e a comercialização ficou travada, segundo informou Camilo Motter. "Para a safra velha não vejo muitos riscos pela frente, mas para a safra nova é um momento de baixa, mas longe dos piores momentos do ano", explica. 

Apesar da recuperação no mercado internacional e do dólar que subiu mais de 1% nesta quarta-feira, as últimas referências no porto de Paranaguá ainda foram mais baixas em relação ao fechamento desta terça-feira (5). A soja disponível terminou o dia com R$ 90,00 por saca, caindo 1,10%, enquanto a da nova temporada foi a R$ 83,00, com baixa de 1,19%. 

Por outro lado, no terminal de Rio Grande, as cotações subiram. A oleaginosa disponível fechou o dia com um ganho de 0,57% a R$ 88,50 por saca, e o preço no mercado a futuro foi a R$ 85,00 e registrou um avanço de 1,07%. 

Partes do recuo no quadro internacional ainda têm sido compensados pelos bons prêmios pagos nos portos nacionais, como um tentativa de os compradores - por meio desse preço de resgate - garantirem seus negócios. Em Paranaguá, por exemplo, as posições mais próximas de entrega ainda contam com valores acima de US$ 1,50 sobre as cotações praticadas em Chicago. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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