Soja: Mercado em Chicago sente pressão das vendas dos fundos e volta a recuar nesta 5ª feira

Publicado em 16/06/2016 07:46

Nesta manhã de quinta-feira (16), o mercado futuro norte-americano registra novas baixas para os futuros da soja. As posições mais negociadas na Bolsa de Chicago, por volta das 7h40 (horário de Brasília), recuavam de 9 a 10 pontos, o que fazia o contrato julho/16 a operar abaixo dos US$ 11,50 por bushel. 

De acordo com analistas internacionais ouvidos pelo portal Agrimoney, o mercado de grãos na CBOT sentem de forma mais severa o movimento de liquidação de alguma posições por parte dos fundos investidores, o qual acontece mesmo diante de fundamentos ainda positivos, inclusive aqueles que se referem a uma demanda mais aquecidade neste momento pela soja norte-americana. 

Uma das confirmações desse consumo mais forte veio nos números da NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA), que indicaram um esmagamento recorde de soja no país em maio de 4,16 milhões de toneladas. O volume superou as 4,02 milhões de toneladas de abril e as 4,04 milhões de maio de 2015, além da média estimada pelo mercado de 4,08 milhões de toneladas. 

USDA - Vendas Semanais

Na semana encerrada no último dia 9 de junho, as vendas norte-americanas da oleaginosa da safra 2015/16 somaram 816,4 mil toneladas, superando em 8% o volume da semana anterior e em 57% a média das últimas quatro semanas. O total ficou ainda bem acima das expectativas do mercado, que esperavam algo entre 400 mil e 600 mil toneladas, e os principais compradores foram destinos não revelados. Da safra 2016/17 foram vendidas 768 mil toneladas, com a China como principal destino. O total fica dentro das projeções dos traders, as quais variavam entre 600 mil e 800 mil toneladas. 

Leia mais:

>> USDA: Vendas semanais de soja da safra 2015/16 dos EUA passam de 800 mil t e superam expectativas

Complementando o cenário há ainda a situação do clima nos Estados Unidos. Por hora, a nova safra norte-americana se desenvolve muito bem e o plantio está, praticamente, concluído com 74% das lavouras em boas ou excelentes condições, e favoráveis condições climáticas. Já para as próximas semanas, se espera tempo mais quente e seco. 

"Condições de tempo mais quente e seco são esperadas, principalmente para o verão, mas os meteorologistas estão revendo suas previsões e indicando que o junho será menos severa do que se esperava", diz Tobin Gorey, do Commonwealth Bank of Australia. 

Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Soja volta a subir no interior do Brasil com pouca oferta e prêmios historicamente altos

Na sessão desta quarta-feira (15), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago recuaram pelo terceiro dia consecutivo. As posições mais negociadas perderam entre 10,75 e 13,50 pontos, com o julho terminando os negócios a US$ 11,56 e o novembro com US$ 11,38 por bushel.

Além de um movimento mais intenso de tomada de lucros por parte dos fundos de investimento, o mercado internacional operava com cautela à espera de informações do financeiro, especialmente sobre os juros nos Estados Unidos. No meio da tarde, o Federal Reserve se pronunciou afirmando que irá manter as taxas no país, porém, já sinalizando duas possíveis mudanças, sendo uma ainda em 2016 e outra no ano que vem. 

"No entanto, os mercados externos tiveram poucas reações com as notícias do Fed. O dólar (no exterior) manteve a baixa, porém, próximo do intervalo da máxima da última terça-feira. Para a próxima semana, expectativas sobre a permanência ou a saída do Reino Unido na Zona do Euro", explicou Bob Burgdorfer, analista internacional do portal Farm Futures. 

No Brasil, a moeda norte-americana também encerrou o dia em campo negativo, perdendo 0,39% e sendo cotada a R$ 3,4665. A sessão foi de volatilidade, principalmente depois de chegada a notícia de uma delação premiada na Operação Lava-Jato citando o presidente interino Michel Temer, o que fez com que a divisa batesse na máxima dos R$ 3,5019. 

Assim, os preços da soja nos portos do Brasil também recuaram, com exceção do disponível em Paranaguá que permaneceu estável nos R$ 98,50 por saca nesta quarta-feira. Já o produto da nova safra perdeu 1,09% e foi a R$ 91,00. No terminal de Rio Grande, o disponível fechou o dia com R$ 94,00 - caindo 1,98% - e o futuro com R$ 92,50, recuando 0,54%. 

No interior do Brasil, a situação é diferente, já que a pouca oferta disponível é disputada e ainda permite novas altas nas cotações e, inclusive, nos prêmios. E os prêmios que vêm sendo registrados nessa época são recordes para o período, uma vez que nunca foram tão elevados, afinal, historicamente os prêmios mais altos aconteciam a partir de agosto. Mas a entressafra, nesta temporada, chegou bem mais cedo. 

Em Mato Grosso, as praças de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis têm R$ 86,00 por saca e alta de 1,18%, Sorriso, R$ 87,00. Em Jataí/GO, o valor subiu 0,63% e foi a R$ 80,00. As demais apresentaram estabilidade e mantendo patamares elevados. 

Clima nos Estados Unidos

Ainda na Bolsa de Chicago, a outra frente que ganha a cada nova sessão mais influência sobre o andamento dos futuros da soja é o clima nos Estados Unidos, além da relação apertada da oferta com a demanda. "As condições continuam muito favoráveis para o campo, com algumas chuvas chegando ao Meio-Oeste americano esta semana", diz Burgdorfer. Já para a próxima semana, já espera um tempo mais quente e seco, mas ainda sem trazer preocupações excessivas entre os produtores. 

E o analista internacional completa dizendo que "enquanto o o clima quente e seco pode afetar a soja, a maior ameaça se dá sobre o milho, que pode ser afetado durante a polinização no início de julho". 

 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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