Soja: Após altas dos últimos dias, mercado intensifica baixas em Chicago na tarde desta 4ª feira

Publicado em 15/06/2016 07:51

O mercado da soja na Bolsa de Chicago parece dar uma nova pausa para retomar seu fôlego e, voltou a recuar no início da tarde  desta quarta-feira (15). Os futuros da oleaginosa, por volta de 12h40 (horário de Brasília), trabalhavam com baixas de 6,75 a 10,75 pontos. Assim, o julho valia US$ 11,59, enquanto o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, vinha cotado a US$ 11,41. 

Duas realidades se confrontam no mercado internacional neste momento, segundo explicam analistas. De um lado, os vencimentos mais curtos refletem a pouca oferta disponível e a firme demanda buscando garantir suas compras nos principais fornecedores globais. Enquanto isso, a nova safra dos Estados Unidos - estimada para ser menor do que a anterior, com estoques também mais baixos - se desenvolve de forma satisfatória e chega a pressionar os contratos mais distantes. 

Assim, o momento de mercado climático continua tomando a maior parte da atenção dos traders, principalmente em um ano de La Niña. O fenônemo, segundo explicam especialistas, está confirmado, porém, sua intensidade e período de mais forte atuação ainda não puderam ser definidos. Dessa forma, as especulações sobre a possibilidade de um tempo mais quente e seco no Meio-Oeste americano - como as últimas que apareceram - atraem ainda mais volatilidade ao andamento das cotações. 

Paralelamente, nesta semana, o financeiro também chama a atenção na espera da decisão do Reino Unido de permanecer ou não na Zona do Euro, bem como o futuro da taxa de juros nos Estados Unidos após a reunião do Federal Reserve. Nessa toada, não só a soja para para tomar fôelgo, mas todas as demais commmodities também, depois das expressivas altas das últimas semanas. O petróleo segue seu moviento negativo nesta quarta-feira e perde, em Nova York, mais de 1% e trabalha no patamar dos US$ 47,00 por barril. 

Na China, as bolsas de valores fecharam o dia em alta e registraram seu maior ganho em duas semanas, revertendo as perdas observadas há alguns dias. Segundo a agência de notícias Reuters, a recuperação veio com os investidores dando menos espaço " a decisão do MSCI de não adicionar as ações do país a um de seus principais índices".

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Soja: Apesar da baixa na CBOT, preços sobem no interior do Brasil com disputa de oferta curta

Os preços da soja praticados no Brasil recuaram nesta terça-feira (14) diante das baixas praticadas na Bolsa de Chicago. Durante todo o dia, o mercado internacional atuou em território negativo e registrando baixas expressivas. Porém, os futuros da oleaginosa amenizaram as perdas e terminaram a sessão perdendo entre 3 e 9,75 pontos, com exceção do julho/16, que subiu 0,50 ponto e fechou com US$ 11,69 por bushel. 

Apesar de um cenário ajustado de oferta e demanda internamente, de prêmios ainda fortes para a soja brasileira e da disputa do pouco produto disponível entre exportadores e indústria interna, as cotações acabam sentindo essa pressão, mesmo que momentânea, do mercado internacional. Ainda assim, se mantêm em patamares elevados. 

A soja disponível, no porto de Paranaguá, fechou estável nesta terça-feira (14), com R$ 98,50 por saca, enquanto no terminal de Rio Grande foi a R$ 95,90, subindo 0,42%. Já para o produto da safra 2016/17, queda de 3,16% no terminal paranaense, para R$ 92,00 por saca e no gaúcho, baixa de 0,53%  para R$ 93,00. 

Já no interior do Brasil, a maior parte das praças de comercialização terminaram o dia com estabilidade ou registrando oscilações bastante tímidas, mas positivas. Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em MT, encerraram o dia com alta de 2,41% para R$ 85,00 por saca, no Oeste da Bahia, 2,08% para R$ 82,00 e em Não-Me-Toque/RS, 0,61% de alta para R$ 83,00 por saca. A pouca oferta, como explica o consultor de mercado Ênio Fernandes, ainda é o esteio dos preços neste momento. "Enquanto os prêmios nos portos estão entre US$ 1,30 e US$ 1,40 sobre os preços de Chicago, em alguns pontos do interior do Brasil esses prêmios chegam a US$ 1,80", diz. 

O consumo pela soja brasileira é intenso, porém, com as referências perdendo um pouco de força nesta semana - cerca de R$ 1,00 a R$ 2,00 nos principais pontos - os vendedores "sumiram", como relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. A comercialização, tanto do restante da safra atual, como os negócios com a nova, caminham a passos mais lentos e essa deve ser a tendência para os próximos dias, com os produtores observando essa volatilidade que se acentua, principalmente, na Bolsa de Chicago. 

Mercado Internacional 

E a volatilidade do mercado internacional, ainda segundo analistas, é natural desse momento de desenvolvimento - e bom desenvolvimento até este momento - da nova safra norte-americana. A princípio, as lavouras de soja caminham bem no Meio-Oeste americano e, por isso, os preços em Chicago já refletem os últimos números do boletim semanal de acompanhamento de safras trazido pelo USDA trazido no final da tarde de ontem. 

De acordo com o reporte, o plantio da soja no país já chegou aos 92% da área e o número fica acima do mesmo período do ano passado, de 85%, e de 87% da média dos últimos cinco anos.

Além disso, o departamento inform ainda que 72% das lavouras de soja estão em boas ou excelentes condições, indicando uma melhora de 2 pontos percentuais em relação à semana anterior, mas dentro das expectativas do mercado. Há ainda 22% das plantações em condições regulares e 4% em condições ruins ou muito ruins.

"O mercado testou os US$ 12,00, mas sem sucesso, e agora o mercado passa por essa correção e no curto prazo vai testar, novamente, o suporte nos US$ 11,50", diz Vlamir Brandalizze.

E afirma, no entanto, que os fundamentos de oferta e demanda seguem inalterados e ainda dando suporte aos preços, principalmente nas posições mais próximas. Entretanto, diz ainda que o bom desenvolvimento da nova safra ganha mais peso nas negociações e que isso pode se intensificar na medida em que comecem a chegar ao mercado notícias de condições favoráveis de clima nos Estados Unidos.  

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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