Soja: Apesar da baixa na CBOT, preços sobem no interior do Brasil com disputa de oferta curta

Publicado em 14/06/2016 17:08

Os preços da soja praticados no Brasil recuaram nesta terça-feira (14) diante das baixas praticadas na Bolsa de Chicago. Durante todo o dia, o mercado internacional atuou em território negativo e registrando baixas expressivas. Porém, os futuros da oleaginosa amenizaram as perdas e terminaram a sessão perdendo entre 3 e 9,75 pontos, com exceção do julho/16, que subiu 0,50 ponto e fechou com US$ 11,69 por bushel. 

Apesar de um cenário ajustado de oferta e demanda internamente, de prêmios ainda fortes para a soja brasileira e da disputa do pouco produto disponível entre exportadores e indústria interna, as cotações acabam sentindo essa pressão, mesmo que momentânea, do mercado internacional. Ainda assim, se mantêm em patamares elevados. 

A soja disponível, no porto de Paranaguá, fechou estável nesta terça-feira (14), com R$ 98,50 por saca, enquanto no terminal de Rio Grande foi a R$ 95,90, subindo 0,42%. Já para o produto da safra 2016/17, queda de 3,16% no terminal paranaense, para R$ 92,00 por saca e no gaúcho, baixa de 0,53%  para R$ 93,00. 

Já no interior do Brasil, a maior parte das praças de comercialização terminaram o dia com estabilidade ou registrando oscilações bastante tímidas, mas positivas. Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em MT, encerraram o dia com alta de 2,41% para R$ 85,00 por saca, no Oeste da Bahia, 2,08% para R$ 82,00 e em Não-Me-Toque/RS, 0,61% de alta para R$ 83,00 por saca. A pouca oferta, como explica o consultor de mercado Ênio Fernandes, ainda é o esteio dos preços neste momento. "Enquanto os prêmios nos portos estão entre US$ 1,30 e US$ 1,40 sobre os preços de Chicago, em alguns pontos do interior do Brasil esses prêmios chegam a US$ 1,80", diz. 

O consumo pela soja brasileira é intenso, porém, com as referências perdendo um pouco de força nesta semana - cerca de R$ 1,00 a R$ 2,00 nos principais pontos - os vendedores "sumiram", como relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. A comercialização, tanto do restante da safra atual, como os negócios com a nova, caminham a passos mais lentos e essa deve ser a tendência para os próximos dias, com os produtores observando essa volatilidade que se acentua, principalmente, na Bolsa de Chicago. 

Mercado Internacional 

E a volatilidade do mercado internacional, ainda segundo analistas, é natural desse momento de desenvolvimento - e bom desenvolvimento até este momento - da nova safra norte-americana. A princípio, as lavouras de soja caminham bem no Meio-Oeste americano e, por isso, os preços em Chicago já refletem os últimos números do boletim semanal de acompanhamento de safras trazido pelo USDA trazido no final da tarde de ontem. 

De acordo com o reporte, o plantio da soja no país já chegou aos 92% da área e o número fica acima do mesmo período do ano passado, de 85%, e de 87% da média dos últimos cinco anos.

Além disso, o departamento inform ainda que 72% das lavouras de soja estão em boas ou excelentes condições, indicando uma melhora de 2 pontos percentuais em relação à semana anterior, mas dentro das expectativas do mercado. Há ainda 22% das plantações em condições regulares e 4% em condições ruins ou muito ruins.

"O mercado testou os US$ 12,00, mas sem sucesso, e agora o mercado passa por essa correção e no curto prazo vai testar, novamente, o suporte nos US$ 11,50", diz Vlamir Brandalizze.

E afirma, no entanto, que os fundamentos de oferta e demanda seguem inalterados e ainda dando suporte aos preços, principalmente nas posições mais próximas. Entretanto, diz ainda que o bom desenvolvimento da nova safra ganha mais peso nas negociações e que isso pode se intensificar na medida em que comecem a chegar ao mercado notícias de condições favoráveis de clima nos Estados Unidos.  

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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