Soja: Preços fecham em alta nos portos brasileiros com dólar e prêmios; Chicago realiza lucros

Publicado em 13/06/2016 17:03

O mercado internacional da soja começou a semana atuando com boas altas, porém, perdeu força no encerramento da sessão desta segunda-feira (13) e terminou o dia do lado negativo da tabela. Assim, os vencimentos mais negociados da oleaginosa perderam entre 3,6 e 9,2 pontos, levando o julho/16 a US$ 11,72 por bushel - após tocar na máxima de US$ 11,98 - e o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, a US$ 11,62. 

O movimento foi, mais uma vez, de correção técnica e realização de lucros, depois das boas altas registradas mais cedo - e também em relação às últimas semanas - confirmando a forte e natural volatilidade desse momento do mercado de grãos. Os futuros do óleo e do farelo de soja também recuaram. 

Como explicou a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, essa "tomada de lucros por parte de alguns fundos veio mesmo com os mapas climáticos mostrando temperaturas mais altas e chuvas menores para o período de 8 a 15 dias no Corn Belt". Além disso, o cenário externo também contribuiu, uma vez que o mercado financeiro está bastante apreensivo com a possibilidade de que o Reino Unido deixe a Zona do Euro, e cauteloso à espera das informações que chegam da reunião do Federal Reserve que chegam nesta semana. 

"Isso (a questão do Reino Unido na Zona do Euro) poderia impactar no apetite de alguns fundos em commodities no curto prazo e até mesmo liquidações em algumas carteiras. Mas, o fato é que o mercado está acompanhando o clima americano. Qualquer leitura nos mapas que aponte para a retirada de chuvas ou aumento de temperaturas deve reaquecer ondas de compras", completa Andrea.

E neste último final de semana, as condições foram de calor excessivo no Meio-Oeste americano. Algumas cidades do estado de Ohio, por exemplo, importante produtor de soja e milho do país, registraram temperaturas de 34ºC a 35ºC, quebrando recordes dos anos 30.

A medida em que fatores como estes se chocam em um mercado já bastante agitado, a volatilidade acaba se intensificando. No entanto, ainda segundo explicam analistas, os fundamentos permanecem positivos e, deverão se sobressair. 

"Acho que vamos ter mais uma semana de muita volatilidade no mercados, mas, de maneira geral, mercados devem continuar em alta. Os fundamentos seguem positivos", acredita Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.

Além do clima inspirando atenção nos Estados Unidos, afinal, há ainda uma apertada relação de oferta e demanda da safra 2015/16, agravada com perdas na América do Sul que, ainda como explica Motter, poderiam chegar aos 12 milhões de toneladas frente a um consumo crescente. Confirmando esse momento, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu último reporte mensal de oferta e demanda, aumentou suas estimativas para as exportações norte-americanas das safras 2015/16 e 2016/17, além de aumentar o esmagamento da safra velha e reduzir os estoques finais de ambas. 

"A nova redução nas estimativas de estoques só cimentam um caminho de "mercado firme" pela frente. O consumo segue firme, sem qualquer sinal de rendição aos preços altos", completa Motter.

Por outro lado, ainda nesta segunda-feira, a consultoria Informa Economics aumentou sua projeção para a área de plantio da soja nos Estados Unidos de 33,59 milhões para 33,9 milhõe de hectares. E os dados da área norte-americana vêm sendo acompanhados bem de perto, com a espera pelas revisões do USDA em um boletim que será divulgado no próximo dia 30, juntamente com os estoques trimestrais. 

Mercado Brasileiro

Nos portos do Brasil, os preços também subiram neste início de semana e apesar da correção dos preços em Chicago. Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 98,50 por saca, estável, enquanto o produto da nova safra foi a R$ 95,00, subindo 3,26%. Já no terminal de Rio Grande, o disponível encerrou o dia com R$ 95,50 por saca e alta de 1,06%, enquanto o futuro terminou os negócios com ganho de 1,08% e cotado a R$ 93,50 por saca. 

Ao lado dos prêmios fortíssimos que vêm sendo oferecidos para a soja brasileira, a oleaginosa nacional foi beneficiada ainda por uma alta de mais de 1% do dólar frente ao real, por conta de preocupações com o cenário internacional - lideradas pela questão do Reino Unido e da reunião do Federal Reserve - levando a divisa de volta à casa dos R$ 3,40. 

"O mercado está na defensiva antes da reunião do Fed, mesmo com pouquíssimas chances de aumento de juros, e nesse pacote entra a questão do Reino Unido", disse à agência de notícias Reuters o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Além disso, a postura retraída dos produtores brasileiros aliada à uma demanda ainda forte, com exportadores e indústria doméstica disputando a pouca soja disponível, faz com que os prêmios pagos nos portos do Brasil se fortaleçam e também contribuam para valores finais mais altos. As posições de entrega junho e julho/16 têm, respectivamente, US$ 1,30 e US$ 1,35 sobre os valores praticados em Chicago, o que faz com que o produto nacional chegue à casa dos US$ 13,00 por bushel, portanto. 

Um levantamento do Cepea mostra que os preços não só da soja em grão, mas também do farelo estão em seus maiores níveis nominais desde dezembro de 2012. "Além da intensa demanda por soja brasileira neste ano, os preços elevados são reflexos das condições climáticas desfavoráveis ao cultivo da oleaginosa no Brasil e na Argentina, que resultaram em menor produção e queda na qualidade do grão na safra 2015/16", informou o órgão, destacando que, nos primeiros cinco meses de 2016, as vendas externas brasileira superam em mais de 5% as do mesmo período de 2015.  

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja volta a subir em Chicago, intensifica os ganhos e acompanha avanço de mais de 2% do farelo
USDA informa venda de mais de 260 mil t de soja 24/25 nesta 5ª feira
Soja brasileira será testada na Coreia do Sul para fabricação de produtos alimentícios
Soja tem estabilidade em Chicago nesta 5ª feira e mantém foco no "combo" política e fudamentos
Dia influenciado pelo financeiro com aversão ao risco e alta do dólar ; soja em Chicago perde mais de 11 pontos nesta quarta-feira (24)
Soja segue operando em campo negativo, porém, diminui intensidade das perdas na CBOT