Soja: Mercado em Chicago tem volatilidade, mas preços nos portos do Brasil sobem mais de 3%

Publicado em 13/06/2016 12:29

Nesta segunda-feira (13), mais uma semana começa agitada para o mercado da soja na Bolsa de Chicago. Em uma sessão volátil, os futuros da oleaginosa já chegaram a registrar ganhos de quase 20 pontos nos principais vencimentos, porém, perderam um pouco de sua força e, por volta de 12h16 (horário de Brasília), os preços atuavam em campo misto, com as duas primeiras posições perdendo, respectivamente, 2 e 1 ponto, enquanto as duas seguintes subiam entre 2,50 e 4 pontos. Assim, enquanto o julho/16 era cotado a US$ 11,76 por bushel, o novembro/16, que é referência para a safra brasileira, valia US$ 11,66. 

"Acho que vamos ter mais uma semana de muita volatilidade no mercados, mas, de maneira geral, mercados devem continuar em alta. Os fundamentos seguem positivos", acredita Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.

As cotações na CBOT ainda vêm encontrando alguma resistência em determinados patamares - o julho/16 alcançou os US$ 12,05 por bushel na última sexta-feira (10), mas não se sustentou - e por isso ainda apresenta algumas correções e realizações de lucros ao renovar suas máximas. Ainda assim, porém, volta a atuar em campo positivo. 

E os fundamentos que seguem dando suporte aos preços foram ainda mais reforçados depois dos últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final da última semana, em seu reporte mensal de oferta e demanda. A instituição aumentou suas estimativas para as exportações norte-americanas das safras 2015/16 e 2016/17, além de aumentar o esmagamento da safra velha e reduzir os estoques finais de ambas. 

"A nova redução nas estimativas de estoques só cimentam um caminho de "mercado firme" pela frente. O consumo segue firme, sem qualquer sinal de rendição aos preços altos", completa Motter.

O clima nos Estados Unidos completa o cenário positivo para as cotações, uma vez que inspira muita especulação neste momento, intensificadas pela atuação do La Niña e o acompanhamento dos traders de quando o fenômeno poderia agir sobre a nova safra dos Estados Unidos. 

"A previsão de clima para os EUA na semana passada de 6 a 10 dias, deve se confirmar com menor chuva que o esperado. E para o período de 10 a 15 dias também já se registrou uma queda nas previsões de precipitação", relatam analistas da Agrinvest Commodities. 

E ainda nesta segunda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo reporte semanal de acompanhamento de safras - às 17h (Brasília) - e o mercado também  já se posiciona à espera desses números. Na última semana, até o domingo (5), a área plantada alcançava os 83%. 

E depois de um final de semana quente no Meio-Oeste americano, de acordo com informações do portal Farm Futures, as previsões se fortalecem e permitem, como explica o analista internacional Bryce Knorr, ganhos mais fortes nos contratos negociados em Chicago referentes à safra nova. Assim, o novembro vem renovando suas máximas no pregão desta segunda-feira. 

Preços no Brasil x Dólar

No Brasil, os preços da soja praticados nos portos acompanham as boas altas registradas na Bolsa de Chicago e também se valorizam. Para o produto disponível, altas de mais de 3%, com R$ 99,00 em Paranaguá e R$ 98,00 em Rio Grande no início da tarde desta segunda-feira. Já para o mercado futuro, ambos os portos tinham referência de R$ 95,00 por saca, com alta de 3,26% e o terminal paranaense e de 2,70% no gaúcho. 

O avanço dos preços vinha ainda sustentado pelo dólar em alta frente ao real. Por volta de 12h30 (horário de Brasília), a moeda norte-americana subia 0,68% para ser cotada a R$ 3,454, diante de preocupações com o cenário externo, de acordo com analistas, e da cautela antes da reunião do Federal Reserve que acontece nesta semana, conforme sinalizam especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters. 

Além disso, a postura retraída dos produtores brasileiros aliada à uma demanda ainda forte, com exportadores e indústria doméstica disputando a pouca soja disponível, faz com que os prêmios pagos nos portos do Brasil se fortaleçam e também contribuam para valores finais mais altos. As posições de entrega junho e julho/16 têm, respectivamente, US$ 1,30 e US$ 1,35 sobre os valores praticados em Chicago, o que faz com que o produto nacional chegue à casa dos US$ 13,00 por bushel, portanto. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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