Paraná mantém suspensão de produtos ineficientes no combate da ferrugem asiática

Publicado em 08/06/2016 07:51

Representantes de entidades do setor produtivo, das indústrias e do setor público participaram na última sexta-feira (3) de uma reunião na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) para discutir a questão da restrição de 64 produtos agroquímicos que apresentaram eficiência abaixo da média, e que estão disponíveis no mercado para o combate da ferrugem asiática na soja. A medida, adotada pela Adapar, provocou reação das empresas fabricantes e preocupação dos setores produtivos. 
A preocupação é para preservar os produtos que ainda apresentam eficiência (ainda restam 26 produtos no mercado) e pela ausência de registro de moléculas novas para os próximos 10 anos.

A reunião foi coordenada pelo diretor presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz. No encontro, todos manifestaram suas posições e foi consenso que a Adapar adotou a medida correta, utilizando por fundamento os resultados de testes de eficiência agronômica apresentados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é o órgão federal e oficial de pesquisa agronômica.
“Com isso, avançamos nos entendimentos e balizamento das posições que para combater a ferrugem asiática não podemos nos restringir apenas à aplicação de produtos químicos, mas sim adotar um conjunto de medidas de manejo que requer mais uso de assistência técnica e mais conscientização dos agricultores”, disse Kroetz. Segundo ele, essa preocupação é fundamental para o futuro da soja, visto que essa cultura é grande geradora de empregos e riqueza e vem sustentando a balança comercial do Estado e do País. Só no Paraná, a soja movimentou em torno de R$ 18 bilhões no ano passado, segundo estimativas da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. A posição é que se houver um fato novo por parte da pesquisa, ou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Adapar pode reavaliar sua posição. “Mas até agora fica tudo como está”, ressaltou Kroetz.

EFICIÊNCIA - Para se manter no mercado do Paraná e obter o cadastro no Sistema de Monitoramento de Comércio e Uso de Agrotóxicos no Estado do Paraná, a Adapar exige que o produto apresente pelo menos 80% de eficiência no controle de pragas e doenças ou eficiência acima da média dos demais produtos já cadastrados, segundo recomenda a Embrapa.

CRITÉRIO - O representante do Ministério da Agricultura no Paraná, fiscal agropecuário, Marcelo Bressan, disse que o Estado sai na frente com essa decisão de eliminar os produtos ineficientes do mercado. “E o correto é que a Adapar foi buscar na Embrapa o embasamento para seu critério”, disse ele. Segundo Bressan, essa metodologia da empresa de pesquisa sobre a eficiência dos agrotóxicos está sendo adotada inicialmente para a soja e posteriormente será ampliada para outros produtos. Ele citou também o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) como órgão de pesquisa oficial indicado para ampliar os estudos de manejo para conter o avanço da ferrugem da soja sobre as lavouras.

Os dirigentes, representantes das indústrias e dos produtores, deixaram claro que não estão contra a medida adotada pela Adapar. Para o representante da Associação dos Produtores de Soja - Paraná (Aprosoja), José Eduardo Sismeiro, produto que não funciona tem que ser retirado do mercado. “Nossa preocupação é com os produtos que já foram comprados pelos produtores e que não temos mais como devolver, porque as revendas não vão aceitar mais”, disse. Os dirigentes das indústrias também concordaram com a medida da Adapar, mas questionaram a metodologia aplicada pela Embrapa e também a falta de informação sobre os testes realizados nos produtos. “Queremos ser informados dos testes, em quais características eles estão sendo aplicados, mesmo porque temos consciência que hoje não se fala num produto único para o controle da ferrugem asiática e sim de um conjunto de técnicas para o controle, que vem a ser o manejo”, disse um dos representantes da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

TESTES - Segundo a pesquisa, o ideal para um produto estar no mercado é que ele apresente 80% de eficiência. Na safra 2013/14, os testes realizados nos produtos recomendados para o controle da ferrugem asiática apresentaram eficiência de 40%, e na safra 2014/15, eficiência de 47%. Os produtos que ficaram no mercado serão reavaliados na safra 2016/17. Ainda segundo a Adapar, 24 empresas tiveram produtos com restrição de venda no Paraná, mas ainda permaneceram 11 empresas com produtos liberados para o controle da doença.

Inácio Kroetz informou que a Adapar participa de todas as discussões e reuniões sobre o assunto, constatando o consenso de que é preciso aplicar agrotóxicos nas lavouras com mais precisão e menos agressão. “Não podemos expor as cadeias produtivas da soja, do frango e outras, que representam os principais produtos de exportação agropecuária do Paraná, para que sofram restrições de desembarque em seus destinos finais e também para o consumidor brasileiro”, ressaltou. “O papel da Adapar é justamente o de promover a sanidade e qualidade dos produtos paranaenses e a segurança alimentar”, acrescentou.
O gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Marcílio Martins Araújo, salientou que a suspensão de produtos agrotóxicos para o combate da ferrugem asiática não representa um ato isolado. Ela está embutida numa estratégia de manejo que inclui a adoção de calendário para a semeadura e prazo para colheita ou dessecação das lavouras, visando coibir o cultivo da soja safrinha a partir da safra 2016/2017. “Precisamos evitar a ocorrência de hospedeiros na safrinha para preservar a safra principal que é o principal patrimônio dos produtores e do Estado”, justificou.

Fonte: Seab

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