Soja: Perdas na Argentina podem chegar a 10 mi de t caso chuvas continuem

Publicado em 19/04/2016 11:02

Chuvas excessivas inundam campos na Argentina - Foto: Infocampo

A colheita da soja na Argentina, em função do excesso de chuvas, está suspensa. Em muitas áreas, as chuvas inundaram campos e estradas, impedindo a entrada do maquinário agrícola e comprometendo, portanto, o andamento da colheita e levando as lavouras a perderem, dia a dia, sua qualidade, com as vagens começando a apodrecer e a brotar nos campos. Áreas de milho também estão sendo afetadas. 

Até o momento, cerca de 20% da área do país cultivada com a oleaginosa já foi colhida, segundo Rodolfo Rossi, presidente da ACSoja (Associação da Cadeia da Soja Argentina), contra uma média normal para essa época do ano de 40%. Para Rossi, ainda é cedo para alinhar as estimativas de perdas e resultados mais concretos poderiam ser observados em cerca de quatro a cinco dias. 

Os números do Ministério da Agroindustria, no entanto, são ainda mais preocupantes. A pasta estima que apenas 14% da área de soja tenha sido colhida no país, registrando o maior atraso dos últimos 10 anos. "Esta é a pior época de colheita em muitos anos", diz Guillermo Rossi, analista de mercado da Bolsa de Comércio de Rosário. 

Dos poucos lotes que puderam ser colhidos, de acordo com informações do site argentino Infocampo, as perdas de produtividade chegam a 40%, o que sinaliza, portanto, que há cerca de 7% do total da safra de soja do país comprometidos. 

Campo de soja inundado na Argentina - Foto: Clarín

De acordo com informações levantadas pela Agrinvest Commodities, as previsões para os próximos 10 dias indicam volumes de 10 a 108 mm em províncias como Buenos Aires, Córdoba, Entre Rios e Santa Fé, onde se concentra cerca de 80% da produção. Somente este ano, porém, o acumulado de chuvas na Argentina já passa de 800 mm, como relata Mauricio Tebes, técnico de agronomia local. 

Andrés Rosenberg, um produtor de Buenos Aires, explica ainda que, mesmo nas propriedades onde as máquinas conseguem entrar, a combinação de equipamentos pesados e terrenos enlameados podem arruinar o solo. "E não há como levar as colheitadeiras pro campo porque as estradas estão inundadas", completa Rosenberg. 

Um levantamento feito pelo The Wall Street Journal mostra que as chuvas têm castigado tanto a produção agrícola da Argentina que, somente aos produtores locais de soja, os prejuízos poderiam chegar aos US$ 2 bilhões na safra deste ano. Assim, isso poderia custar ao país também uma perda de US$ 600 milhões em receitas fiscais, uma vez que a tributação sobre as exportações da oleaginosa no país é de 30%. 

"Eu espero um declínio bastante severo da produção", diz, em entrevista ao TWSJ, Ricardo Baccarin, vice-presidente da corretora Panagrícola. A projeção do especialista é de uma baixa de seis milhões de toneladas, com a safra, dentro de sua projeção, podendo chegar a 55 milhões de toneladas. 

Inundações na Argentina - Foto: Agência France Presse

Já para Richard Feltes, da consultoria norte-americana RJ O'Brien, as perdas no país poderiam ficar entre três e dez milhões de toneladas caso o atual padrão climático excessivamente úmido persista até maio. A Oil World, outra consultoria internacional, também aposta em uma quebra de três milhões. 

As chuvas intensas continuam chegando à Argentina e castigando muitas localidades nas zonas urbana e rural do país. As três províncias mais afetadas até este momento são Entre Rios, Santa Fé e Corrientes e, de acordo com as últimas informações do Serviço Meteorológico Nacional (SMN), as condições nesses locais ainda não melhoraram, e lançou um alerta de chuvas e tormentas.

O cenário continua se agravando já que as chuvas não param. Somente em Santa Fé há, aproximadamente, 2,8 milhões de hectares comprometidos, porém, nem todos foram plantados. Já em Entre Rios, 350 mil hectares estão totalmente perdidos, de acordo com dados do Clarín. 

Governo federal estuda medidas de apoio

Nesta semana, o presidente argentino Maurício Macri se reuniu com autoridades, entre elas o ministro da Agroindústria, Ricardo Buryaile, para discutir medidas de emergência para a produção agropecuária. 

Entre as políticas estudadas está o desenvolvimento de um seguro agrícola mais forte, que possa trazer respaldo aos agricultores e permitir que a atividade continue mesmo diante de fenômenos climáticos como estes. 

Abaixo, veja imagens das inundações  em diversas regiões da Argentina. As imagens foram enviadas a internautas para o Facebook do portal argentino Infocampo.

 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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