Processamento de soja no Brasil caminha para nível recorde, diz adido do USDA

Publicado em 10/03/2016 17:25

O complexo soja do Brasil não tem impressionado somente pelo fortes números de exportações, mas também pelo atendimento a uma demanda interna bastante aquecida e crescente. Prova disso é de que o esmagamento da oleaginosa no país está prestes a bater seu recorde de todos os tempos. O consumo doméstico maior e o aumento das vendas externas de farelo e uma demanda interna maior por biodiesel devem ser os principais catalisadores deste movimento. 

O adido do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em Brasília aumentou sua estimativa para o processamento de soja no Brasil deste ano até fevereiro de 2017 de 4,5 milhões de toneladas, 500 mil a mais do que a matriz do departamento espera. E a instituição vê boas perspectivas de crescimento para todo o complexo. Além disso, espera que uma revisão na legislação do biodiesel possa aumentar a demanda pelo combustível ainda mais. Para a safra 2015/16, a projeção do USDA é de um esmagamento de 40 milhões de toneladas, enquanto a Abiove espera 40,7 milhões de toneladas. 

No primeiro bimestre deste ano, as exportações brasileiras do complexo sojam somaram US$ 1,66 bilhão, conforme apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Desse total, US$ 701,87 milhões, ou 42,4%,  referem-se às vendas de farelo, e US$ 90,96 milhões, ou 5,5%, às de óleo. Em volume, os montantes foram de 2,4 milhões de toneladas da soja em grão, 2 milhões de farelo e 132 mil de óleo. 

Proteína Animal

O setor, no Brasil, que ainda é o maior consumidor de farelo de soja é o de granjeiros por conta da ração oferecida aos frangos e suínos. Com a recente desvalorizção do real frente ao dólar e abertura de novos mercados, o setor vem se consolidando e ganhando cada vez mais força. As exportações nacionais de proteína animal vêm crescendo e uma das maiores demandas vêm do Sudeste da Ásia. 

Por outro lado, o cenário tem trazido um suporte importante para os preços do derivado e sua elevação vem apertando as margens da indústria, ao lado de preços altos também para o milho. 

"O farelo de soja também teve aumento, mão de obra, energia e uma série de componentes que elevaram o custo do frango e do suíno em 23%", afirma o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra. 

Biodiesel

O adido do USDA afirmou ainda que "o óleo de soja está contribuindo para esse processo de aumento do processamento como resultado de um aumento na produção de biodiesel". 

No último dia 3 de março, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 3834/15, do Senado, que aumenta gradativamente o percentual de biodiesel no diesel vendido no Brasil. Atualmente, o índice é de 7%.  Segundo o projeto, que aguarda sanção, o percentual deverá subir para 8% por até um ano após a edição da lei , para 9% em até 24 meses depois da aprovação e, após 36 meses, podendo chegar a 10%. E a principal matéria-prima para o biodiesel brasileiro tem sido a soja.

Em 2015, de acordo com números da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), a produção nacional de biodiesel foi de 3,9 bilhões de litros, e apresentou um crescimento de 15% em relação a 2014. No mesmo período, a utilização do volume de óleo de soja na produção do biocombustível subiu 19% para alcançar os 3,04 bilhões de litros. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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