Soja tem nova sessão de alta nesta 6ª feira em Chicago e conta com apoio do dólar em queda

Publicado em 04/03/2016 08:43

O mercado da soja voltou a subir nesta sexta-feira (4) na Bolsa de Chicago. Os vencimentos mais negociados subiam entre 5,75 e 6 pontos, por volta das 8h30 (horário de Brasília), e assim, os contratos julho e agsoto/16 já trabalhavam acima dos US$ 8,75 por bushel, buscando os US$ 8,80. 

Segundo explicam analistas, essas altas pela terceira sessão consecutiva, se dá pela baixa do dólar frente ao real, tornando o produto mais atrativo para os investidores internacionais. 

E a pressão sobre a moeda norte-americana pode se intensificar nesta sexta-feira em função do agravamento da crise política no Brasil. Foi deflagrada hoje a 24ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Aleteia, ou "Busca da Verdade". O alvo principal é o ex-presiente Lula, já levado pela Polícia Federal, que contava com um mandado de condução coercitiva, para a prestação de depoimento. 

Segundo explicou a economista Miriam Leitão, na manhã desta sexta em entrevista à rádio CBN, esse é um reflexo imediato das possibilidades de mudança que o país pode passar, principalmente depois da delação do senador Delcício Amaral, que liga não só Lula ao esquema do Petrolão, como também a presidente Dilma Rousseff. 

"A convicção do mercado, dos analistas e investidores, é de que esse governo só encaminhou mais problemas e não trouxe nenhuma solução", diz. 

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja: Dólar despenca com política no Brasil e preços nos portos tem novo dia de baixas fortes

Enquanto os preços da soja seguem buscando uma direção no mercado internacional, e nesta quinta-feira (3) não foi diferente, os negócios no Brasil continuam caminhando a passos lentos e já sentindo, com maior intensidade, as baixas registradas pelo dólar frente ao real. "Não é momento de negociação", diz Vlamir Brandalizze. 

Nos portos, os preços cederam mais de 1% nesta quinta. Em Paranaguá, tanto a quanto a soja disponível quanto a que tem entrega futura foi a R$ 74,50, com baixa de 1,32%, enquanto em Rio Grande as baixas foram de, respectivamente, 1,31% e 1,29%, para encerrar o dia com R$ 75,50 e R$ 76,50 por saca. No interior, algumas praças como Jataí, em Goiás, perderam mais de 4% e fecharam com R$ 62,37 por saca, ou Ponta Grossa, no Paraná, com queda de 2,78% para R$ 70,00.

Os valores praticados no Brasil, mais uma vez, refletiram a despencada do dólar frente ao real. A moeda norte-americana perdeu mais de 2% com o foco dos negócios voltado de forma ainda mais intensa sobre a crise política do Brasil, agravada com a chegada das informações da delação do senador Delcídio Amaral nas investigações da Operação Lava Jato. 

"Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato", informou a revista IstoÉ com exclusividade. 

O depoimento caiu como uma bomba entre os líderes do governo e refletiu imeadiatamente no mercado financeiro. Assim, a divisa fechou o dia com baixa de 2,19% e valendo R$ 3,8022, o menor nível em quase três meses. "Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência de notícias Reuters, ressaltando, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira. Por outro lado, um operador de um grande banco internacional afirma que "se a Lava Jato chegar no Lula, é praticamente certo que o PT não volte ao governo nem em 2018 e isso significa que aumenta a chance de mudança no governo".

Segundo explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os portos brasileiros estão abarrotados nesse momento com a chegada da nova safra, o que pode ser confirmado pelos elevados volumes de soja exportados pelo país em fevereiro e mais as perspectivas de números ainda expressivos em março, e os compradores focam agora o cumprimento dos contratos já firmados. 

"Tudo isso se refere a volumes já comercializados. Há quase 60% da safra nacional já vendida e é normal que, nesse momento, as cotações não reajam. Afinal, aqueles que já compraram a soja antecipada vão dar preferência ao recebimento de seus contratos e, em novos negócios vão pagar menos. Mas esse é um movimento normal para esse período agora de março a abril", explica Brandalizze. 

Dessa forma, a orientação do consultor é de que o produtor brasileiro que ainda com volumes da safra 2015/16 para serem negociados que faça um escalonamento e que aguarde melhores oportunidades, as quais poderiam vir em dois meses, coincidindo com o período em que os preços em Chicago poderiam vir a reagir com algum problema climático na safra nova dos Estados Unidos. As especulações começam a ganhar força, porém, as confirmações sobre condições adversas de clima ainda não chegaram. 

"O produtor que não necessita de caixa, se puder segurar de um a dois meses vai conseguir preços melhores (...) as cotações sairiam do fundo do poço e para patamares melhores e os produtores poderiam ver os preços melhores, com níveis nos portos de novo acima dos R$ 80,00 até a R$ 85,00 a R$ 87,00 e não na casa dos R$ 75,00 a R$ 77,00 que temos visto hoje", diz. 

Bolsa de Chicago

Em Chicago, os principais vencimentos terminaram o pregão desta quinta-feira com pequenas altas de pouco mais de 2 pontos entre os principais vencimentos. Assim, o contrato maio/16 fechou o dia com US$ 8,63 e o julho/16 cotado a US$8,70 por bushel. Ao longo do dia, porém, os futuros da oleaginosa testaram os dois lados da tabela e chegaram a perder até 3 pontos. 

Essas baixas que foram registradas mais cedo já vinham sendo sinalizadas pelos analistas de mercado, uma vez que os investidores ainda não contam com estímulos suficientes do mercado financeiro ou de novidades fortes entre os fundamentos, que já são conhecidos. Nem mesmo a baixa do dólar frente ao real, qur passa de 1% de novo hoje, foi suficiente para dar suporte às cotações. O comportamento do mercado internacional, portanto, continua técnico, passou por uma realização de lucros, porém, ainda se  mostra sem direção, mas atuando com oscilações ainda muito tímidas. 

E o novo boletim semanal de vendas para exportação trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apresentou uma alta expressiva das operações em relação à semana anterior, porém, com números ainda dentro das expectativas, também insuficientes para promover um movimento mais forte das cotações. 

As vendas de soja norte-americanas, na semana encerrada em 25 de fevereiro, somaram 442,2 mil toneladas, enquanto as projeções dos traders variavam entre 200 mil e 600 mil toneladas. Foram 440,1 mil toneladas da safra 2015/16, 70% a mais do que na semana anterior - com a China como principal destino ao adquirir 281,4 mil toneladas - e da safra nova, mais 2,1 mil. No acumulado do ano comercial 2015/16, as vendas totais são 11% menores do que as da temporada anterior. 

Derivados - OS EUA venderam ainda 132,3 mil toneladas de farelo de soja, volume que também ficou dentro do intervalo de 100 mil 1 250 mil toneladas esperado pelo mercado. Do total, foram 132,1 mil toneladas da safra atual e mais 200 toneladas da safra nova. Os maiores compradores foram, respectivamente, as Filipinas e o Canadá. 

E as vendas semanais de óleo de soja, apesar de fracas, também ficaram dentro das expectativas - que iam de 0 a 10 mil toneladas, ao somarem 900 toneladas. O volume é 72% menor do que o registrado há uma semana. O Canadá foi o maior comprador do produto norte-americano.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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