Soja: Diferencial para produtor brasileiro vem dos prêmios e do câmbio; exportações são fortes
A semana para o mercado da soja começou sem a referência da Bolsa de Chicago. Nesta segunda-feira (15), comerou-se o Dia do Presidente nos Estados Unidos e os negócios, portanto, estiveram parados. O dia, portanto, foi de poucas novidades e operações.
"Esse foi um dia de avaliação da safra brasileira, de acompanhamento da colheita, mas sem negócios", explica Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O foco dos produtores brasileiros, nesta segunda, foi, portanto, o andamento do dólar e dos prêmios, que são os grandes diferenciais do mercado nacional agora.
Colheita x Preços no Interior
Apesar de ter começado a temporada 2015/16 com certo atraso por conta do excesso de chuvas, a colheita da soja no Brasil parece ter tomado e os últimos levantamento já deixam clara essa recuperação. Até o último dia 12, segundo a consultoria Safras & Mercado, 15,7% da área brasileira já foi colhida, contra 12,8% da média dos últimos cinco anos.
E essa avanço da colheita já impacta diretamente nas cotações da soja formadas internamente, e de forma mais expressiva nas regiões onde os trabalhos estão mais adiantados. Os preços já começam a exibir ligeiras baixas e em regiões como no Oeste do Paraná, onde já há mais de 50% da área colhida, ou em Mato Grosso, a pressão é mais acentuada, ainda segundo Brandalizze.
Os valores praticados em praças dessas regiões, portanto, já chegaram a perder, nos últimos dias, algo entre R$ 2,00 e R$ 5,00 por saca devido ao aumento da oferta. Em Mato Grosso, as referências passaram a oscilar entre R$ 58,00 e R$ 58,50 em algumas áreas, enquanto em outras o intervalo ainda fica entre R$ 61,00 e R$ 63,00, onde a colheita ainda enfrenta algum atraso. Já no Oeste do Paraná, os valores oscilam entre R$ 71,00 e R$ 72,00 por saca de soja da safra nova.
"Os preços de soja e derivados caíram no Brasil nos últimos dias como consequência do avanço na colheita, que já eleva a disponibilidade do grão no mercado interno", informaram os pesquisadores do Cepea em sua análise desta segunda-feira.
A colheita na região de Sorriso, Mato Grosso, por exemplo, já supera 40% da área cultivada e a produtividade média vem sendo registrada em 49 sacas por hectare, segundo o presidente do Sindicato Rural, Laércio Pedro Lenz. Ele afirma ainda que cerca de 60% da safra foi vendida antecipadamente e agora, o momento é de lentidão nos negócios.
Afinal, o município, no entanto, como em tantos outros pelo Brasil, sofreu com adversidades climáticas e o resultado foi uma perda de 15% da safra 2015/16. Sorriso decretou estado de emergência diante desta situação e a medida agora deve facilitar as negociações entre compradores e produtores rurais.
“Certamente, muitos não irão conseguir cumprir os contratos feitos anteriormente, muito menos os compromissos com o custeio e as traders”, diz Lenz.
Dólar e Preços nos Portos
Nesta segunda, a moeda norte-americana fechou o dia com 0,17% e cotada a R$ 3,99. O avanço se deu com a volta ainda tranquila da China do feriado do Ano Novo Lunar. Além disso, o dia foi de pouca movimentação, já que faltaram as informações vindas do mercado financeiro norte-americano. Na máxima do dia, a divisa chegou aos R$ 4,0005.
Assim, pouca mudança também nas referências de preços da soja nos portos. Paranaguá não trouxe indicações nesta segunda, enquanto em Rio Grande, disponível ainda nos R$ 80,00 por saca e, no produto da nova safra, queda de 1,22% a R$ 81,00.
Prêmios e Exportações
Outro diferencial para os produtores brasileiros de soja ainda parte dos prêmios. Mesmo com a evolução da colheita e da chegada de uma nova oferta, os valores seguem positivos, potencializando os preços ainda baixos que chegam da Bolsa de Chicago. O mercado internacional, segundo explicam analistas, segue travado no intervalo de US$ 8,50 a US$ 9,00 por bushel, limitando as oscilações também no mercado nacional.
No terminal de Paranaguá, as principais posições de entrega têm prêmios variando de 28 a 40 centavos de dólar pagos sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago.
"Os prêmios seguem positivos e acabam ajudando na formação do preço. Mas, é inegável, a grande força na formação do preço doméstico vem da taxa de câmbio. Isto mudou radicalemnte o preço de um ano para cá e transformou o Brasil em uma máquina de vender para o exterior", explica Camilo Motter, analista de mercado de economista da Granoeste Corretora.
De acordo com dados divulgados nesta segundas-feira pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), o Brasil exportou, até a segunda semana de fevereiro, 226,3 mil toneladas de soja em grão, e a receita somou R$ 80,2 milhões. A média de preço foi de R$ 354,20/tonelada, 5,4% menor, porém, do que a média de janeiro, de R$ 374,30.
Em todo o mesmo mês de 2015, as vendas brasileiras somaram 868,7 mil toneladas. A receita total foi de R$ 346,2 milhões, com a média de preço em R$ 398,50 por tonelada.