Soja atua na defensiva na Bolsa de Chicago nesta 2ª feira e mercado opera sem direção

Publicado em 25/01/2016 06:50

O mercado internacional da soja, nesta segunda-feira (25), inicia a semana na defensiva e operando com oscilações bastante tímidas na Bolsa de Chicago. Entre os principais vencimentos, por volta das 7h30 (horário de Brasília), recuavam entre 0,25 e 1 ponto nos mais próximos, o julho/16 sem variação, cotado em US$ 8,82, enquanto o agosto/16 subia 1 ponto e tinha US$ 8,84 por bushel. 

O intervalo em que as cotações vêm trabalhando nas últimas semanas continua a ser respeitado e, para analistas, só devem ultrapassá-lo diante da chegada de novas informações, com dados, neste momento, mais concretos em relação à definição da safra da América do Sul. Paralalemante, observam ainda o início da disputa por área nos EUA e preços que, para os produtores norte-americanos, não cobrem nem ao menos seus custos de produção, tanto para soja, quanto para o milho. 

Ao mesmo tempo, o mercado segue acompanhando as movimentações dos investidores no mercado financeiro, além do andamento dos valores do petróleo - que nesta segunda voltam a recuar em Nova York, e as últimas informações sobre as medidas adotadas pelo governo da China para continuar estimulando sua economia. 

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja: Com dólar em patamar histórico, Brasil fecha semana com alta de mais de 2% nos preços

O mercado internacional da soja, mais uma vez, fechou a semana com estabilidade na sessão desta sexta-feira (22) na Bolsa de Chicago, ainda operando em um bem determinado intervalo de preços nos últimos dias. Enquanto isso, no Brasil, as cotações encontram no dólar e na disputa pelo grão base para o suporte e novas altas para os preços. E os prêmios pagos pelo produto brasileiro nos portos, ainda nesta semana, completaram o quadro positivo para a formação dos valores internamente.

No balanço semanal, a soja disponível no porto de Paranaguá subiu 3,06% e em Rio Grande, 1,53%, para terminarem com, respectivamente, R$ 83,50 e R$ 86,50, respectivamente. Já o produto futuro, com entregas em março e maio, ficaram com R$ 81,50 e R$ 84,00, subindo 3,16% e 1,82%. No interior, as praças do Paraná avançaram mais de 2%, enquanto Rio Grande do Sul, Goiás, entre outros estados, subiram mais de 1%.

No Brasil

Para o mercado da soja no Brasil o destaque, mais uma vez, é o dólar. Os preços internos da oleaginosa acompanham o avanço da moeda norte-americana que, nesta semana, foi de 1,32%, e que registrou seu maior fechamento da história nos R$ 4,16.  "Não dá para virar a página e começar do zero, o mercado ainda está muito desconfortável com toda a incerteza que veio com a decisão do BC (de manter a taxa brasileria de juros em 14,25% ao ano", disse o operador de uma corretora nacional à agência de notícias Reuters.

E é esse patamar da divisa que faz com que, no balanço semanal, os preços no interior do país e nos portos fechem com altas de mais de 2%. Ainda segundo Ênio Fernandes, a diferença não vem só na formação dos preços, mas também na competitividade trazida pela taxa cambial, a qual já reflete, principalmente, no bom volume de soja comercializada antecipadamente e na maior procura pelo produto brasileiro. "O produtor brasileiro está bem hedgeado (...) e isso vai tornar a oferta menor na boca da safra ", diz o consultor.

Nesta sexta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu mais recente boletim de vendas de soja para exportação mostrando um volume acumulado na temporada menor do que o registrado no mesmo período do ano safra 2015/16, dando mais um sinal de que a demanda continua ainda focada no grão do Brasil.

As vendas semanais de soja da safra 2015/16, por sua vez, totalizaram 985,1 mil toneladas, recuando 13% em relação à semana anterior. A China foi responsável pela compra de 717,9 mil toneladas do total e, mais uma vez, se configurou como principal destino da oleaginosa norte-americana. No acumulado do ano comercial, as vendas de soja dos EUA somam 41.106,1 milhões de toneladas, um volume que é 9% mais baixo do que o registrado no mesmo período da campanha anterior.

Ao mesmo tempo, as indústrias nacionais continuam indo a mercado em busca de matéria-prima para atender um consumo de farelo no país que também está aquecido. A consultoria Safras & Mercado estima que, em 2016, o Brasil aumentará sua produção do derivado em cerca de 4% para 31,54 milhões de toneladas. Para o óleo de soja se espera um incremento de 8 milhões para 8,3 milhões de toneladas.

Bolsa de Chicago

Em Chicago, as cotações encerraram os negócios operando no patamar dos US$ 8,80 por bushel, porém, para Ênio Fernandes, consultor em agronegócio, os preços em fevereiro já poderiam buscar por patamares mais elevados, superando os US$ 9,00 por bushel em função de uma conjunção de fatores. Entre eles, as expectativas de uma safra abaixo de 100 milhões de toneladas no Brasil. As perdas causadas pelas adversidades climáticas estão sendo ainda contabilizadas, bem como os resultados das lavouras que contavam com um potencial de recuperação. Assim, a incerteza sobre o real tamanho da safra ainda é grande.

Além disso, Fernandes afirma ainda que a força da demanda mundial é crescente e presente e que números mais agressivos nos próximos meses, principalmente vindos da China - que segue importando bastante soja neste início de 2016, apesar de vir ganhando os noticiários internacionais com as preocupações sobre o ritmo de crescimento de sua economia -poderiam ser mais um fator de estímulo aos preços da commodity.

Nos Estados Unidos, a disputa por área entre soja e milho vai ganhando, a cada semana, novos fatores, novos números e vai conquistando mais espaço nas negociações internacionais, o que, como explica Fernandes, é mais um fator dentro desta conjuntura. E as primeiras pesquisas já apresentam divergências entre as consultorias, com algumas apostando em uma ligeira expansão da área de cultivo da soja, enquanto outras esperam uma superfície menor dedicada à oleaginosa.

Leia mais:

>> Grãos: Preços baixos, altos custos e margens apertadas devem frear aumento de área da nova safra dos EUA

E os produtores norte-americanos, tanto na soja quanto no milho, ainda enfrentam preços que, atualmente, seguem abaixo de seus custos de produção, o que já gera expectativas de menos investimentos na safra 2016/17, além de menos competitividade no mercado internacional.

Ainda no mercado internacional, o cenário técnico também é positivo. Como explicou Ênio Fernandes, o valores considerados o atual suporte do mercado - entre os US$ 8,50 e US$ 8,60, "foram extremamente testados e não foram rompidos", indicando que não há terreno para as cotações atuarem abaixo desses níveis, e reforçando o fôlego do mercado para buscar sua resistência e rompê-la. Para o consultor, a oleaginosa, já no próximo mês, pode alcançar algo próximo dos US$ 9,20 / US$ 9,30 por bushel.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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