Em Chicago, mercado da soja opera com leves altas nesta 6ª feira, mas ainda não define direção

Publicado em 08/01/2016 06:46

Os futuros da soja avançam na manhã desta sexta-feira (8) na Bolsa de Chicago. As cotações da oleaginosa, por volta de 7h15 (horário de Brasília), subiam entre 4 e 4,75 pontos, com a diferença entre as principais posições negociadas aumentando. Enquanto o janeiro/16 era cotado a US$ 8,81, o maio/16 vinha em US$ 8,72 por bushel. 

Durante toda a semana o mercado internacional da soja testou os dois lados da tabela, equilibrando seus fundamentos de oferta e demanda e os fatores externos, principalmente o dólar, o petróleo e as preocupações com a China, embora a demanda da nação asiática siga forte. 

E para analistas, uma definição melhor para os preços deve chegar somente com números mais claros sobre a nova safra da América do Sul, o que deve ser visto somente com um avanço mais expressivo da colheita. Até esse momento, poucos municípios deram início aos trabalhos, uma vez que o plantio também atrasou neste ano. 

Ao mesmo tempo, os traders também esperam por novos quatro boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chegam na próxima semana, trazendo as primeiras projeções oficiais para a temporada 2016/17. 

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja: Mercado intensifica altas nos portos, sobe 1,80% em Rio Grande e fecha com R$ 85 no disponível

Nesta quinta-feira (7), os preços da soja praticados no Brasil registraram mais um dia de bons ganhos. No interior do país, as cotações subiram, nas principais praças de comercialização, entre 0,68% e 4,29%, enquanto nos portos, as altas superaram 1%. 

O suporte veio, novamente, de mais uma alta do dólar frente ao real - que fechou com R$ 4,05 nesta sessão - e da procura pela soja em um momento de quase nenhum produto disponível internamente. "Nós praticamente esgotamos nossa oferta", diz Vlamir Brandalizze. 

Segundo explicou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, até mesmo em dezembro, que não é um mês de grandes vendas externas sazonalmente, as exportações brasileiras de soja trouxeram resultados bastante expressivos, com o maior volume destinado à China. 

Assim, 2015 fechou o recorde de mais de 54 milhões de toneladas de soja em grão exportadas e a perspectiva de que, em 2016, esse número suba para 57 milhões, de acordo com a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais). 

Dessa forma, nesta quinta-feira, a soja disponível no porto de Rio Grande encerrou o dia com R$ 85,00 por saca e alta de 1,80%; já o produto futuro, entrega março/16, registrou ganho de 0,62% para R$ 81,00. No terminal de Paranaguá, R$ 83,50 no disponível - com alta de 1,83% - e R$ 78,50 no futuro, subindo 0,64%. 

Entre os prêmios, seguem os valores positivos. No porto paranaense, as posições mais distantes - abril e maio/16 - têm 20 cents de dólar acima das cotações em Chicago, enquanto as mais próximas - fevereiro e março/16 - têm, respectivamente, 45 e 30 cents positivos. 

O cenário é favorecido ainda pelas incertezas sobre a nova safra do Brasil. As perdas causadas pelas adversidades climáticas continuam sendo contabilizadas e devem ser mais claras a partir desse momento, quando os primeiros trabalhos de colheita começam a acontecer e já resultando em uma produtividade média menor do que a esperada e menor do que a do ano anterior. 

A preocupação dos produtores agora, portanto, é o cumprimento dos contratos já realizados com a soja da safra 2015/16. De acordo com o último levantamento da França Junior Consultoria, o Brasil já comprometeu, até o final de dezembro, 45% desta temporada. Somente em Mato Grosso, esse índice passa de 50%. 

Mercado Internacional

No mercado internacional, preços ainda caminhando de lado e fechamento estável para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira. Entres as posições mais negociadas, o janeiro encerrou os negócios com US$ 8,77 por bushel, subindo 1,50%, enquanto as demais perderam entre 0,25 e 1 ponto, levando o maio/16, referência para a safra brasileira, a US$ 8,67. 

Para Ênio Fernandes, consultor de mercado, essa movimentação lateralizada dos preços na CBOT deve se estender até que os números da Safra da América do Sul fiquem mais claros, o que deve acontecer somente a partir de fevereiro, com a colheita mais desenvolvida.

Ao mesmo tempo, as especulações ao redor da nova temporada dos Estados Unidos também devem ter seu espaço garantido nas negociações mais adiante, como tradicionalmente acontece. E a disputa por área entre soja e milho no país deve ganhar peso neste ano. 

"A disputa de área sempre existe. Por ora, ela está sendo travada em um terreno longe daquele qeu o produtor gostaria. O campo é meio aquele para ver qual dos produtos dá menos prejuízo, mas deveria ser aquele sobre o qual daria a melhor margem de lucratividade", explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora.

E 2016 com um fator que deve ser cada vez mais considerado pelos produtores rurais que é a derrocada dos preços do petróleo. Somente nos quatro primeiros pregões deste ano em Nova York, a commodity perdeu 12% e registrou o pior início de ano da história. 

Apesar de trazer uma baixa nos custos de produção em diversos setores, mais barato o petróleo acaba limitando a demanda pelo etanol e biodiesel, limitando o potencial das cotações da soja e do milho, principalmente no quadro internacional, ainda segundo lembra Motter. 

"Existem mandatos sobre obrigatoriedade de mistura. Isto não muda. Mas adições suplementares e espontâneas acabam perdendo competividade", diz o analista.

Leia mais:

>> Petróleo já caiu 12% em 4 dias úteis do ano, mas no Brasil os combustíveis sobem de preço

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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