Soja: Preços perdem força em Chicago na tarde desta 3ª feira; foco ainda está no Brasil

Publicado em 29/12/2015 08:13

Após um início de pregão forte e com altas expressivas, as cotações da soja na Bolsa de Chiago voltavam a perder força na tarde desta terça-feira (28). O mercado, segundo explicam analistas internacionais, ainda caminha de forma técnica e trabalhando com informações divergentes sobre a nova safra do Brasil. 

Os contratos mais negociados, por volta das 14h (horário de Brasília), subiam entre 2,25 e 3,50 pontos, com o maio/16, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 8,69 por bushel. Mais cedo, as altas chegaram a passar dos 10 pontos.

O foco segue sobre a América do Sul e sobre o Brasil, principalmente. A safra 2015/16 continua ameaçada pelas adversidades climáticas nos principais estados produtores e nem mesmo as mudanças esperadas para o Centro-Norte do Brasil a partir do primeiro sábado de 2016, 2 de janeiro, não serão suficientes para reverter as perdas já consolidadas, mais expressivamente aquelas causadas pelo tempo quente e muito seco. 

Ao lado do mercado climático sulamericano, os investidores ainda acompanham o desenvolvimento - e prinicipalmente as recente e intensas baixas - dos preços do petóleo e, consequentemente, do mercado financeiro. Nesta terça-feira, segundo a agência de notícias Reuters, as ações asiáticas fecharam em alta diante da estabilização dos preços da commodities. 

"Os mercados asiáticos têm passado por alto a oscilação do preço do petróleo e os dados de ontem da China para tentar seguir em frente", disse o analista de mercado do IG Angus Nicholson à Reuters.

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira (28):

Soja: Mercado fecha em baixa na CBOT nesta 2ª com informações divergentes sobre safra do Brasil

O mercado internacional da soja voltou a recuar na sessão desta segunda-feira (28) e fechou o pregão com baixas de 8,25 a 10 pontos nos principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago. Assim, o primeiro contrato terminou o dia com US$ 8,67 por bushel, enquanto o maio/16, referência para a safra brasileira, ficou com US$ 8,68. 

Segundo analistas internacionais ouvidos pelo portal Agriculture.com, as chuvas que chegam à América do Sul pesam sobre as cotações, principalmente aquelas que favorecem a Argentina. Entretanto, o Brasil ainda está no foco principal e no radar dos traders. 
As informações sobre a nova safra brasileira, no entanto, são bastante divergentes. Enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ainda acredita que serão colhidas 100 milhões de toneladas de soja nesta temporada, o consultor internacional Michael Cordonnier, um dos mais respeitados do mundo, já reduziu sua projeção para 97 milhões. 

Com esse quadro, o mercado internacional, portanto, ainda se mostra bastante sensível à essas informações, porém, dando um peso maior do que o esperado para as poucas chuvas que chegaram à regiões pontuais do Brasil neste último final de semana. "Embora essas chuvas, provavelmente, não serão suficientes para compensar todo esse tempo de seca recente, elas aliviam os temores que de a nova safra seja subastancialmente reduzida", diz Dreibus. 

Nesse quadro climático, o plantio da soja já foi oficialmente prorrogado nos estados de Mato Grosso e Goiás e um pedido foi protocolado no Piauí. Apesar disso, a maior preocupação dos produtores do Brasil Central é saber da continuidade das chuvas para o a semeadura - ou em alguns casos até mesmo o segundo replantio - e se elas chegam à regiões onde não chove, por exemplo, há mais de 30 dias. 

Leia mais:

>> Safra 2015/16: Após MT e GO, PI também deve ter plantio prorrogado

Ao mesmo tempo, além do clima, outro foco na América do Sul está sobre a área de plantio na Argentina, segundo explicou o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes. Depois da redução dos impostos sobre as exportações de soja no país pelo presidente recém eleito, Maurício Macri, os produtores locais devem ampliar a àrea semeada e aumentar sua participação nos mercados internacionais, principalmente nos setores de farelo e óleo de soja. 

Para Fernandes, no entanto, a taxa cambial continuará sendo um diferencial para o produtor brasileiro em relação ao argentino, já que a relação do real com o dólar se mostra muito mais favorável do que a do peso com a moeda norte-americano, "e isso ainda ajuda a consolidar o produtor brasileiro como um grande exportador de grãos", diz. 

Na sessão desta segunda-feira, nem mesmo os números dos embarques semanais de soja dos EUA foram fortes o bastante para limitar as baixas em Chicago, já que os números ficaram dentro do esperado. 

Na semana que terminou em 24 de dezembro, o país embarcou 1.402,756 milhão de toneladas, enquanto as projeções variavam de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas e contra 1.463,167 milhão da semana anterior. No acumulado da temporada, os embarques norte-americanos já totalizam 26.070,061 milhões de toneladas, volume menor do que o do mesmo período do ano anterior, de 29.427,087 milhões de toneladas. 

Mercado Interno

No Brasil, a semana começou sem indicativos de preços para a soja nos portos de Paranaguá e Rio Grande. Afinal, além da falta de interesse de novos negócios por parte dos produtores brasileiros e das baixas expressivas das cotações em Chicago, o dólar também recuou. A moeda norte-americana perdeu mais de 2% nesta segunda e fechou o dia com R$ 3,86. 

No interior do Brasil, portanto, os preços também recuaram e perderam, nas principais praças de comercialização, entre 0,68% e 2,99%. 

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Altas recentes em Chicago e elevação do dólar no Brasil trazem soja de volta para níveis acima dos R$140 nos portos
Preços da soja no mercado brasileiro estão, em média, R$ 2/saca melhores na semana; destaque aos prêmios
Exportação de farelo de soja do Brasil caminha para recorde em julho
Soja volta a intensificar altas em Chicago nesta 3ª feira, com sinais de alerta para o clima no Corn Belt
Anec reduz previsão de exportação de soja do Brasil em julho
Soja segue operando em alta, mas movimento nesta 3ª feira na Bolsa de Chicago é mais contido