Em Chicago, soja mantém padrão da estabilidade e opera de lado nesta manhã de 4ª feira

Publicado em 16/12/2015 06:51

O mercado da soja na Bolsa de Chicago vem, há algumas semanas, respeitando um padrão de comportamento marcado por bastante volatilidade, porém, de oscilações tímidas entre as posições mais negociadas. E na sessão desta quarta-feira (16), o quadro não é diferente. Depois de perder pouco mais de 7 pontos no fechamento de ontem, as cotações subiam entre 1 e 1,50 ponto na manhã de hoje. 

OS traders aguardam por novas informações fortes. As perdas no Brasil em função do clima já começam a ser conhecidas, porém, notícias divergentes sobre o clima no país acabam, mesmo que pontualmente e tratando apenas de chuvas localizadas e de baixo volume,  ganhando força e pesando sobre os preços. No entanto, as especulações são elevadas e já é conhecida a situação de redução do potencial produtivo da safra nacional 2015/16. 

Ainda entre os fundamentos, há o comportamento do produtor norte-americano - que segue evitando novas vendas - e a redução nas taxas de exportação da soja da Argentina de 35% para 30% nos últimos dias, também como fator negativo, além das notícias, também pontuais vindas da demanda. Paralelamente, do lado técnico do mercado, a sensibilidade elevada do mercado financeiro, agravada pela instabilidade e tendência negativa dos preços do petróleo que, no início desta semana, chegaram a perder o patamar dos US$ 35,00 por barril. 

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Soja: Preços nos portos recuam com queda do dólar e Chicago nesta 3ª; negócios parados

O mercado internacional da soja fechou a sessão desta terça-feira, 15 de dezembro, em queda. Os principais vencimentos perderam entre 7 e 8,50 pontos nas posições mais negociadas na Bolsa de Chicago e apenas o contrato julho/16 ainda sustenta o patamar dos US$ 8,80 por bushel. 

Nos principais portos de exportação do Brasil, as cotações também recuaram e os negócios permaneceram bastante limitados. A soja futura apresentou manutenção nos R$ 75,50 por saca no terminal de Paranaguá, enquanto caiu 2,50% em Rio Grande, fechando com R$ 78,00 por saca. Já a soja disponível terminou o dia sem indicativo de preços no porto paranaense, enquanto caiu 1,25% para R$ 80,00 no gaúcho. 

As baixas dos preços no Brasil foram motivadas ainda pela baixa do dólar nesta terça.  A moeda norte-americana registrou uma sessão de intensa volatilidade e encerrou caindo 0,25% e cotado a US$ 3,8765. Nas três sessões anteriores, a divisa vinha acumulando uma alta de 4%. A movimentação bastante volátil, segundo especialistas, foi motivada, entre outros fatores, pela ainda confusa cena política brasileira, intensificada nesta terça pelas buscas da Operação Lava-Jato nas residências do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. 

"Não estão claras as consequências dessa ação (da Polícia Federal), é um debate que está percorrendo o mercado. Quando a política é o 'driver', a situação fica menos previsível e o resultado é volatilidade", resumiu o operador de uma gestora de recursos internacional, sob condição de anonimato à agência de notícias Reuters.

Bolsa de Chicago

Em Chicago, segundo explica o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, a pressão sobre as cotações veio também do menor interesse comprador por parte dos investidores nesta sessão. 

"Depois dos ganhos apurados na sessão anterior, o mercado passou a dar atenção aos grandes estoques mundiais, sobretudo pela possibilidade de aumento da oferta da Argentina. O novo governo do país zerou a tributação sobre as vendas externas de diversos produtos agrícolas. No caso da soja, a tributação foi reduzida de 35% para 30%. O grande impulso para o aumento da oferta, no entanto, deve vir da desvalorização da taxa cambial. Fontes locais avaliam que o governo deve trabalhar com uma taxa mais realista e isto implica em desvalorização. Se isto efetivamente acontecer, o produtor irá receber mais Pesos para cada Dólar exportado e estará mais estimulado a participar do mercado", diz.

Além disso, ainda segundo Motter, no noticiário internacional ganha força uma melhora no clima da América do Sul, porém, essa não é a realidade brasileira. Produtores principalmente das regiões Centro-Oeste e Nordeste têm visto suas lavouras morrerem por conta da falta de chuvas e das altas temperaturas. "Diversas consultorias estão reavaliando as estimativas de produção para números inferiores a 100 milhões de toneladas", afirma Motter.

E complementando o cenário negativo, as cotações receberam ainda os números do esmagamento de soja nos Estados Unidos em novembro, divulgados pela NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas), que vieram ligeiramente abaixo do esperado pelos traders. O volume foi de 4,25 milhões de toneladas, contra as 4,33 milhões de outubro. Além disso, os estoques de óleo de soja vieram acima do esperado, pressionando também os futuros do derivado na CBOT. 

Ainda nesta terça, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de soja para a China de 120 mil toneladas, notícia que acabou trazendo algum suporte às cotações da oleaginosa. Além disso, os embarques semanais reportados ontem pelo departamento trouxeram um número bastante expressivo embora, no acumulado do ano comercial, o volume ainda se mostre abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.  

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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