Indústria defende mistura maior de biodiesel no Brasil com safra recorde de soja

Publicado em 28/10/2015 10:38

SÃO PAULO (Reuters) - Associações da indústria de soja e de produtores de biodiesel do Brasil avaliam que será possível aumentar a mistura de biodiesel no diesel, diante das perspectivas de uma safra recorde de cerca de 100 milhões de toneladas no início do próximo ano.

Atualmente, o Brasil mistura obrigatoriamente 7 por cento de biodiesel no diesel. Associações como Abiove, Aprobio e Ubrabio querem a progressão do atual B7 para o B10 no prazo de dois anos e três meses, com 1 ponto percentual de aumento a cada ano, a partir da aprovação de novo marco regulatório.

A ampliação da mistura, argumenta a indústria do setor, poderia trazer inúmeras vantagens, como a redução de emissões de gases do efeito estufa, de materiais particulados e de monóxido de carbono. Além disso, reduziria a necessidade da importação bilionária de diesel, com impacto favorável para a balança comercial, favorecendo também mais de 70 mil famílias de agricultores.

A indústria pediu recentemente ao Ministério de Minas e Energia que ocorram testes para o uso de mais biocombustível em motores a diesel. Com resultados bem-sucedidos, isso poderia dar tranquilidade ao governo e aos agentes na ampliação da mistura.

"Com a perspectiva de uma nova safra recorde de soja em 2016, que pode chegar a 100 milhões de toneladas, a indústria de biodiesel, que tem na oleaginosa a sua principal matéria-prima, está convencida de que existem todas as condições para um novo marco regulatório do biocombustível...", disse a Abiove, da indústria processadora e exportadora de soja, em nota nesta quarta-feira.

Uma ampliação da mistura de biodiesel poderia ainda elevar o processamento de soja, garantindo mais farelo de soja para a indústria de ração.

"Queremos o B8 em 90 dias, após a promulgação da lei, depois de um ano, o B9 e, finalmente, depois de mais um ano, o B10. Dessa forma, dentro de dois anos e três meses após a publicação da lei, teríamos o B10", afirmou secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho.

"Na próxima safra, chegaremos perto de 100 milhões de toneladas de soja, poderemos ultrapassar os Estados Unidos. Temos condições de assegurar matéria-prima para o B10", completou Trigueirinho.

O Brasil produzirá este ano 4 bilhões de litros de biodiesel, sendo o segundo maior mercado mundial, atrás apenas dos EUA.

Com a vigência do B7, desde novembro de 2014, o Brasil deve fechar o ano com o processamento de 40,1 milhões de toneladas de soja, um novo recorde histórico.

Segundo a Abiove, a indústria ainda poderá aproveitar nova oportunidade do biodiesel no próximo ano, após o governo autorizar recentemente a comercialização e o uso voluntário de misturas de biodiesel ao diesel em quantidade superior ao percentual obrigatório.

(Por Roberto Samora)

Abiove: Setor produtivo do biodiesel defende prazo de 2 anos e 3 meses para implementar o B10
 

São Paulo, 28 de outubro de 2015 – Com a perspectiva de uma nova safra recorde de soja em 2016, que pode chegar a 100 milhões de toneladas, a indústria de biodiesel, que tem na oleaginosa a sua principal matéria-prima, está convencida de que existem todas as condições para um novo marco regulatório do biocombustível, que coloque em perspectiva a mistura obrigatória de 10% de biodiesel ao diesel fóssil, no período de dois anos e três meses. “Queremos o B8 em 90 dias, após a promulgação da Lei, depois de um ano, o B9 e, finalmente, depois de mais um ano, o B10. Dessa forma, dentro de dois anos e três meses após a publicação da Lei, teríamos o B10”, diz Fabio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa empresas processadoras de soja e produtoras de biodiesel.

Ampliar a participação do biodiesel na mistura com o diesel fóssil é do interesse nacional, não só da indústria processadora de soja. O biodiesel traz para o Brasil inúmeras vantagens, entre elas, a redução de emissões de gases do efeito estufa, de hidrocarbonetos, de materiais particulados e de monóxido de carbono, o que melhora a qualidade do ar nas grandes cidades.

Há, ainda, o fator social: mais de 70 mil famílias estão envolvidas no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), criado em 2005.

Mais biodiesel significa, também, menos importação de diesel fóssil. Em 2014, foram gastos mais de R$ 20 bilhões com a entrada do derivado. O volume importado, de 11,5 bilhões de litros, correspondeu a 19% de todo o consumo nacional de diesel. Esses aspectos foram salientados pelos palestrantes da Abiove, Aprobio e Ubrabio na Conferência Biodieselbr 2015.

Trigueirinho lembrou que a associação acompanha o tema do biodiesel desde a década de 1980, muito antes da instituição do Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB), em 2005. Ele mencionou o avanço do programa como fruto de interesses comuns do governo, do setor privado e do Congresso Nacional. Isso “permitiu construir um programa com garantia de abastecimento de mercado, e ao mesmo tempo, temos o selo combustível social”. “Na próxima safra, chegaremos perto de 100 milhões de toneladas de soja, poderemos ultrapassar os Estados Unidos. Temos condições de assegurar matéria-prima para o B10”, diz Trigueirinho.

O segmento do biodiesel protocolou recentemente, no Ministério de Minas e Energia, proposta para que ocorra de imediato o início de uma nova fase de testes de uso do biocombustível em motores de ciclo diesel. Esses testes são importantes para garantir tranquilidade ao governo e a outros agentes, a fim de que se possa evoluir do B7 para o B10.

 “A ideia, com essa proposta, é que tenhamos uma visão de longo prazo, essencial para o planejamento industrial”, diz Leonardo Zilio. Em sua apresentação, ele destacou que o Brasil, que produzirá, este ano, 4 bilhões de litros de biodiesel, é o segundo maior mercado mundial, atrás apenas dos EUA. Com a vigência do B7, desde novembro de 2014, o Brasil deve fechar o ano com o processamento de 40,1 milhões de toneladas de soja, um novo recorde histórico. Zilio acrescentou que a demanda pelo biodiesel impulsiona o processamento interno da soja e incentiva a agregação de valor.

 A Abiove defende o B10 “como linha mestra a ser seguida rapidamente”. Para o assessor econômico da entidade, 2015 está sendo um ano de superação de desafios e de consolidação do setor. O próximo ano será de aproveitamento de uma nova oportunidade: a implementação da Resolução nº 3/2015, mediante a qual o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou, recentemente, a comercialização e o uso voluntário de misturas, aplicando-se até o B20 para frotas cativas e até o B30 para uso agrícola, industrial e ferroviário. Essa medida contemplou proposta encaminhada pela Abiove ao governo.

Na prática, isso significa maior racionalidade energética incorporada ao mercado de combustíveis líquidos: será possível, a partir da data de vigência da Resolução (1º de janeiro de 2016), que grandes consumidores de diesel B (mistura de diesel + biodiesel) busquem no mercado um produto mais limpo e mais atrativo do ponto de vista econômico.

 

 

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Fonte: Reuters + Abiove

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