Soja fecha o dia em alta na Bolsa de Chicago e mercado puxa preços da nova safra do Brasil

Publicado em 21/10/2015 16:05

Na sessão desta quarta-feira (21), o mercado da soja fechou a sessão na Bolsa de Chicago em campo positivo. Ao longo dos negócios, os futuros da oleaginosa foram ampliando seus ganhos e encerraram o dia com altas de mais de 8 pontos entre os principais vencimentos. Assim, o novembro/15, referência para a safra americana, conseguiu retomar o patamar dos US$ 9,00 por bushel. 

Os bons ganhos no quadro internacional vieram em um dia de altas do dólar frente ao real e a formação das cotações, intimamente ligada ao andamento da taxa cambial, também foi favorecida, porém, com menor intensidade. A moeda norte-americana, nesta quarta, voltou a fechar acima dos R$ 3,90. 

No terminal de Rio Grande, a soja da nova safra brasileira terminou os negócios com R$ 85,00 por saca e alta de 1,80%, enquanto em Paranaguá, manteve estável os R$ 83,00. Já para o produto disponível, leve baixa de 0,23% para Rio Grande, com R$ 86,00, e estabilidade nos R$ 84,00 por saca no porto paranaense. 

Os negócios, porém, seguem bastante restritos, com mais compradores do que vendedores no mercado neste momento, segundo explica o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. "Os produtores já venderam bastante e não precisam ir a mercado agora. Em Mato Grosso, por exemplo, já há cerca de 50% da nova safra comercializada", diz. 

E além do elevado percentual de comercialização da nova temporada já registrado até este momento onde o plantio ainda se mostra bem tímido nas principais regiões produtoras do país, há ainda as adversidades climáticas travando os trabalhos de campo e exigindo ainda mais dedicação dos produtores rurais. 

"Os produtores não estão conseguindo plantar com essa falta de chuvas no Centro-Oeste", relata Brandalizze, que ainda cita a volatilidade do dólar como um limitador dos negócios no mercado brasileiro. "Não param de chegar notícias negativas sobre o governo, e isso são notícias de alta para o dólar, então, o produtor agora vai esperar, não há necessidade de venda", completa. 

Mercado Internacional

Às altas no mercado internacional, Vlamir Brandalizze atribui a pouca oferta de físico no mercado norte-americano. "Já há uma preocupação de que possa haver soja para os embarques norte-americanos, que estão muito acelerados, porque os produtores norte-americanos não estão vendendo", explica. 

Na semana que terminou em 15 de outubro, os EUA embarcaram 2.364,665 milhões de toneladas de soja, contra as expectativas dos traders que variavam de 1,2 milhão a 1,8 milhão de toneladas. O número superou ainda o total da semana passada - 1.831,696 milhão - e elevou o total já acumulado no ano comercial 2015/16 a 6.860,558 milhões de toneladas da oleaginosa, contra 5.975,050 milhões do mesmo período da temporada anterior. Os números são do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). 

A demanda segue sendo confirmada também pelos anúncios de venda da soja em grão e derivados pelo USDA. Nesta quarta-feira, o órgão reportou duas vendas de óleo de soja da safra 2015/16, sendo 20 mil toneladas para China e outras 20 mil para destinos desconhecidos. Nos dois últimos dias, houve ainda a informação de vendas de 370 mil toneladas de soja em grão para a nação asiática. 

Ao lado dos ganhos para a soja em grão nesta sessão, subiram também os futuros do óleo de soja na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas subiram entre 1,50% e 1,81%, que buscam os 30 cents de dólar por libra-peso. 

Não só as novas vendas do produto para a China anunciadas hoje atuam como combustível para as altas, mas também as adversidades climáticas que vêm sendo registradas no Sudeste Asiático comprometendo a produção de óleo de palma na região. 

"A expectativa de redução da oferta global em função do clima quente e seco no sudeste asiático vem derrubando as estimativas de produção de óleo de palma, importante substituto ao óleo de soja. O USDA projeta produção global de óleo de palma em 56 milhões de toneladas na temporada 2015/16, enquanto analistas estimam um volume mais próximo de 50 milhões de toneladas", disse a Agrinvest.

Mercado Técnico

Ao lado dos inúmeros fundamentos que vêm influenciando o andamento das cotações neste momento, há ainda a movimentação técnica dos patamares de preços que também sugerem uma direção dos negócios, como mostram as análises gráficas. 

Segundo explicou o analista Antônio Domiciano, da SmartQuant Fundos de Investimentos, o mercado internacional da soja vem caminhando de lado desde meados de agosto e ainda precisaria romper algumas barreiras importantes para definir uma tendência mais clara, como bater na mínina de US$ 8,68 para descer mais expressivamente ou na máxima de US$ 9,30 para consolidar novas altas, segundo mostram as análises gráficas.

"O preço precisa ficar acima dos US$ 9,30 para tentar dar alegria para os comprados, acima deste nível tenta subir para os US$ 9,60. Se perder os US$ 8,68 desce para os US$ 8,50 e, a partir dai, pode desencadear novas baixas, de longo prazo tenta buscar os US$ 8,00", explica Domiciano.   

Dólar - Ainda de acordo com Antônio Domiciano, o mercado de dólar mantém sua tendência de alta no longo prazo no cenário mundial, movimento que se acentua ainda mais por conta desse atual ambiente político e econômico, e o que o mantém na defensiva.

"Se o mercado voltar a trabalhar acima dos R$ 4,00 tenta subir para os  R$ 4,20, depois dele segue em alta para o R$ 4,50 e os R$ 5,00. A perda dos R$ 3,80 abre janela para uma descida sadia para os R$ 3,60, ponto de parada obrigatória", explica o analista. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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