Soja: Mercados em Chicago e no Brasil têm dia de estabilidade nesta 4ª de olho no dólar e no USDA

Publicado em 07/10/2015 16:13

Nesta quarta-feira (7), os futuros das soja registraram um novo pregão de volatilidade na Bolsa de Chicago, mas conseguiram encerrar o dia do lado positivo da tabela. Os principais vencimentos terminaram o dia com pequenas altas de 3 a 3,75 pontos e todas as primeiras posições na casa dos US$ 8,90 por bushel. No maio/16, o mercado conseguiu terminar os negócios com US$ 9,03. 

Como tradicionalmente acontece em semanas de relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado vem caminhando de lado nos últimos dias, com os traders buscando garantir um posicionamento seguro à espera das novas informações. O boletim menal de oferta e demanda chega nesta sexta-feira, dia 9 de outubro. 

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o USDA, sendo um órgão ainda bastante conservador, não deve trazer novidades muito significativas nesse próximo reporte, mas ainda assim traz essa ansiedade para os negócios e deve impactar na formação dos preços, mesmo que pontualamente. 

Paralelamente, explica ainda que a postura do produtor norte-americano neste momento ainda é um dos principais fatores de suporte para as cotações que vem sendo observado pelos investidores. As vendas estão lentas no país diante de preços pouco atrativos e, apesar do bom avanço da colheita - já concluída em mais de 40% da área - o mercado não sente o impacto mais severo da chegada dessa nova oferta. Ao mesmo tempo, a demanda melhor pela soja dos EUA contribui para o andamento dos preços em um cenário como este. 

Ao lado dos fundamentos, uma mudança no mercado financeiro também vem sendo sentida entre as commodities agrícolas. Os fundos de investimento parecem estar menos avessos ao risco e buscaram, nos últimos dias, ativos um pouco mais sensíveis, ou seja, voltam à ponta compradora do mercado com o objetivo de cobrir parte de suas posições. 

"Investidores estão mostrando clara preferência por risco devido a expectativas de que o Fed não mude sua política monetária por enquanto", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes divulgada pela agência de notícias Reuters, referindo-se ao Federal Reserve, banco central norte-americano, e justificando ainda as baixas consecutivas registradas pelo dólar nos últimos dias não só frente ao real mas às principais divisas de economias emergentes.

Mercado Interno

No Brasil, esse recuo da moeda norte-americana acabou por neutralizar as altas de Chicago e, consequentemente, limitando o ritmo dos negócios no país. 

O produtor, que vinha participando das boas oportunidades geradas pela composição de fatores - principalmente o dólar em patamares bastante elevados - voltou a se retrair e aguardar por novos momentos. 

Afinal, no atual conjunto de fatores para a formação dos preços no mercado brasileiro, as cotações vêm perdendo força. Nesta quarta-feira, os preços da soja, tanto disponível quanto futura, fecharam o dia em com estabilidade e sem uma direção comum.

Em Rio Grande, o produto da safra velha subiu 0,36% para R$ 83,80 por saca, enquanto o da safra nova avançou 1,10% para R$ 82,40. Por outro lado, em Paranaguá, manutenção dos R$ 81,00 no disponível e queda de 0,61%, para R$ 82,00, no mercado a futuro.

Depois de operar durante quase todo o dia em queda, o dólar voltou a subir no final da tarde desta quarta mais uma vez motivado pelas turbulências da cena política. Os vetos presidenciais sendo discutidos no Congresso Nacional e as contas públicas analisadas no TCU (Tribunal de Contas da União) estão na mira dos investidores. 

Assim, por volta das 15h40, a moeda era cotada a R$ 3,8734, com alta de 0,79%, depois de bater em R$ 3,7880 na mínima da sessão. "Quem tinha vendido (dólares) nos últimos dias está comprando hoje. Ninguém quer pagar para ver se os problemas políticos vão se resolver", disse o operador de uma corretora nacional à agência de notícias Reuters.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja volta a intensificar altas em Chicago nesta 3ª feira, com sinais de alerta para o clima no Corn Belt
Anec reduz previsão de exportação de soja do Brasil em julho
Soja segue operando em alta, mas movimento nesta 3ª feira na Bolsa de Chicago é mais contido
Política americana, demanda forte e derivados dão tom positivo à Chicago com soja subindo 30 pontos nesse início de semana
Preços do farelo sobem mais de 3% em Chicago e dão espaço para soja intensificar ganhos em Chicago
Soja/Cepea: Maior demanda eleva preços do óleo de soja