Soja amplia baixas na CBOT, mas alta do dólar favorece preços nos portos do Brasil

Publicado em 28/09/2015 12:27

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago seguem recuando nesta segunda-feira (28) e vem ampliando suas baixas entre os principais vencimentos. A sessão, no entanto, vem marcada por intensa volatilidade. 

Por volta das 11h30 (horário de Brasília), as posições mais negociadas perdiam entre 6,50 e 7,50 pontos, com o contrato novembro/15, referência para a safra norte-americana, valendo US$ 8,81, e o maio/16, referência para a produção do Brasil, US$ 8,93 por bushel. 

Segundo explicam analistas, o mercado segue seu movimento de realização de lucros depois das fortes altas registradas na última sexta-feira (25), que passaram dos 20 pontos. Além disso, os traders buscam ainda se posicionar antes da chegada do relatório dos estoques trimestrais dos EUA na posição de 1º de setembro, o qual chega na próxima quarta-feira (30), reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

"A soja sente uma pressão nesta segunda-feira com os traders realizando lucros depois do rally de sexta-feira. Os grandes acordos assinados pela delegação da China em visita aos Estados Unidos trouxeram uma perspectiva de melhora nos negócios entre os dois países, que começou de forma mais lenta para este novo ano comercial", disse Bryce Knorr, analista de mercado e editor do site internacional Farm Futures. 

Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou novas vendas de soja. Foram 1 milhão de toneladas do grão da safra 2016/17 para a China e mais 240 mil toneladas da safra 2015/16 para destinos desconhecidos. 

Apesar de, nos últimos dias, o mercado ter recebido uma série de boas notícias sobre a demanda pela soja norte-americana, os investidores continuam acompanhando o caminhar da colheita da safra 2015/16 nos Estados Unidos e, especialmente nesta segunda, se posicionam aguardando pelo novo boletim semanal de acompanhamento de safras com a atualização dos números da área colhida e das condições das lavouras do país. 

O reporte será divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) às 17h, após o fechamento da sessão. Até o último domingo (20), o órgão informou que a colheita já estava concluída em 7% da área e 63% das lavouras estavam em boas/excelentes condições. E as expectativas do mercado são de que a colheita venha concluída em 20% da área e o índice das condições das plantações seja mantido. 

E os produtores do Meio-Oeste americano, principal região produtora de grãos do país, continuam contando com boas condições de clima para o desenvolvimento dos trabalhos de campo, de acordo com as últimas previsões. Uma frente fria é esperada para chegar ao Corn Belt no início desta semana e algum potencial atraso nos trabalhos de campo deve ficar restrito à região oeste, segundo informações do NOAA, serviço oficial de clima do governo americano. 

No Brasil

No Brasil, os negócios focam a volta da alta do dólar e os preços da soja nos portos também exibem uma ligeira alta em relação aos números da última sexta-feira (25). Em Rio Grande, a soja disponível era cotada a R$ 86,50 por saca, subindo 2,61%, e o produto futuro vinha a R$ 82,50, com alta de 1,43%. 

Já a moeda norte-americana, por volta de 12h10 (Brasília), subia 1,41% e era cotada a R$ 4,027. Segundo os especialistas ouvidos pela agência Reuters, o avanço da divisa se dava por conta de uma maior aversão ao risco nos mercados externos e a ainda turbulenta cena política no Brasil. No entanto, se destaca a intervenção do Banco Central no andamento da taxa cambial, como as declarações sobre o uso das reservas internacionais. 

Os negócios, portanto, seguem parados e pontuais, com os produtores aguardando por um cenário de menos incerteza e instabilidade para voltarem a vender. E o andamento do dólar vem pesando também sobre os negócios em Chicago, ainda segundo analistas internacionais. 

Afinal, na medida em que a moeda americana se torna mais forte frente ao real, limita a competitividade do produto dos EUA e acentua ainda mais a demanda pela soja brasileira. Os números atualizados das exportações brasileiras nestas primeiras semanas de setembro serão atualizados na tarde de hoje.   

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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