Soja intensifica perdas na CBOT, mas preços no Brasil ainda focam dólar e prêmios
Em mais uma sessão marcada pela forte influência do mercado financeiro, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos perdiam, por volta de 12h (horário de Brasília), enrre 13,50 e 14 pontos, com o setembro/15 voltando à casa dos US$ 8,80 por bushel.
Por outro lado, o dólar voltou a subir nesta terça-feira (1) frente ao real e registrava um ganho de 1,27% para R$ 3,676. Na sessão anterior, a moeda norte-americana chegou a superar os R$ 3,68. Assim, nos portos do Brasil, os valores apresentavam alguma estabilidade.
Em Paranaguá, a soja disponível vinha cotada a R$ 77,50 por saca, enquanto a futura valia R$ 78,00. Já em Rio Grande, alta de 0,25% para R$ 80,00 no disponível e, por outro lado, queda de 1% na futura, com R$ 79,00/saca.
Ao lado do dólar, os prêmios continuam subindo nos portos e também atuam como fator de suporte para as cotações formadas no Brasil. No terminal paranaense, os valores para agosto e setembro/15 nas posições de entrega são de US$ 1,30 sobre os preços observados em Chicago, para março e abril/16, os prêmios estão em, respectivamente, 40 e 25 cents de dólar.
Ainda assim, os negócios seguem parados no Brasil e, de acordo com analistas, essa deve ser a tendência até que o produtor volte a ver oportunidades que o atraiam novamente à ponta vendedora do mercado. Os compradores, por outro lado, permanecem bastante ativos e demandando a soja, principalmente brasileira, diante dessa desvalorização cambial.
Nos Estados Unidos, a situação é semelhante. Os atuais preços de Chicago estão bem abaixo dos custos de produção - tanto para soja, quanto para milho - e as operações não evoluem, nem mesmo com prêmios no patamar de 90 cents de dólar acima de Chicago no Golfo. Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os produtores deverão continuar a segurar sua safra, tentando "forçar" valores melhores em momentos mais oportunos.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, a pressão principal vem do lado do mercado financeiro. Além das incertezas sobre o futuro da economia da China, as perspectivas de um aumento na taxa de juros dos EUA ainda neste mês de setembro pelo Federal Reserve tira os investidores de ativos mais arriscados para se voltarem ao dólar, como explicaram os analistas da Agrinvest Commodities.
"Além disso, dados da China divulgados nessa terça-feira confirmam desaceleração pelo lado da manufatura e pelo lado do setor de serviços. Pelo lado da oferta, a perspectiva de produção quase recorde nos EUA, juntamente com maior concorrência de outras origens como Argentina e Brasil pressionam o mercado", reportou a consultoria em seu blog.
Paralelamente, se observa ainda uma boa conclusão da nova safra norte-americana de soja. Sem muitas ameaças climáticas neste que é o mês determinante para a cultura, 63% das lavouras ainda se mostram em boas ou excelentes condições, de acordo com as últimas informações do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu reporte mensal de acompanhamento de safras.