Soja fecha o dia em queda na CBOT, mas preços nos portos encontram suporte no dólar nesta 2ª

Publicado em 24/08/2015 16:12

A sessão desta segunda-feira (24) foi de muito nervosismo para o mercado internacional da soja e os principais vencimentos da oleaginosa encerraram o dia com baixas de 10 a 15 pontos. Durante o dia, porém, as quedas chegaram a superar os 30 pontos e os preços bateram suas mínimas desde 2009. O pregão, segundo explicaram os analistas, teve um elevado grau especulativo, foi marcado por volatilidade e pela liquidação de posições por parte dos fundos de investimentos. E o movimento negativo se estendeu por todas as commodities, agrícolas ou não. 

Os preços da soja iniciaram a semana sendo fortemente pressionados pelas notícias que chegavam do tenso mercado financeiro. Nesta primeira sessão, as bolsas chinesas voltaram a recuar, trouxeram uma clara aversão ao risco aos investidores e o noticiário internacional chamou o dia de "black monday" (ou, segunda-feira negra). Os índices acionários da nação asiática chegaram a perder mais de 8%, enquanto o petróleo perdeu, também nesta segunda-feira, o importante patamar dos US$ 40,00 por barril. 

Paralelamente, o dólar - com uma corrida dos investidores para esse ativo, que é mais seguro nesse momento - subiu frente ao real e uma cesta de principais moedas de economias emergentes, ajudando a pesar sobre as cotações praticadas em Chicago - na medida em que reduz a competitividade dos produtos negociados nas bolsas norte-americanas -, porém, permitiu que a formação dos preços no Brasil não sentisse o impacto do quadro internacional de forma tão acentuada. 

Assim, a soja disponível, no porto de Paranaguá, encerrou o dia a R$ 77,00 por saca, subindo 1,32%, e no Rio Grande em R$ 77,90, com alta de 0,78%. Já a oleaginosa da nova safra do Brasil fechou os negócios com R$ 77,00 - com baixa de 0,39% - no terminal gaúcho e R$ 73,00/saca no paranaense, onde perdeu 2,67%. Afinal, ao lado do dólar, os prêmios nos portos brasileiros se mantêm positivos - entre US$ 1,15 e US$ 0,40, em Paranaguá, por exemplo, sobre os valores praticados em Chicago  - e se fortalecem diante dessas baixas acentuadas em Chicago. O dólar fechou a segunda-feira valendo R$ 3,5525, com alta de 1,62%. 

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"Os perigos da China provocam uma corrida para o dólar, que se fortalece, e enfraquece todos os ativos de risco. Ou seja, os investidores, em um momento de dúvida/crise, buscam um ativo mais firme, neste caso o dólar ou os títulos americanos, e em contrapartida, todos os demais ativos de risco são pressionados", explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora. "O fato é que, há poucos dias, estavam todos preocupados com a desvalorização do yuan. Na verdade, o grande problema é a dúvida sobre o crescimento chinês, assim, a flutuação da moeda, sobretudo quando controlada, é apenas um instrumento e não um fim", completou. 

Ainda de acordo com Motter, cada movimento da China é importante nesse momento, já que as medidas continuam a ser desenvolvidas no país, com a intenção de reestabelecer seu  ritmo de crescimento e ainda será necessário o mercado se ajustar, em todos os setores, a esse novo ambiente para os preços desenhado pela nação asiática. "Cada passo é importante. Por agora, estamos assistindo à piora do quadro", disse. 

Entre os fundamentos

Paralelamente, o mercado internacional da soja continua ainda observando seus fundamentos, principalmente aqueles relacionados à safra norte-americana e o comportamento do clima nos EUA para sua conclusão. E até o momento, as previsões de clima para os próximos dias no Meio-Oeste americano continuam indicando temperaturas mais amenas e chuvas pontuais e bem localizadas. 

"Além de toda essa turbluência da China, os fundamentos para o mercado da soja também se mostraram negativos ao longo do dia", disse Camilo Motter. 

A última semana foi de boas chuvas e, de acordo com as últimas informações do NOAA - o serviço oficial de clima do governo americano -, o Corn Belt deve continuar ainda com o clima um pouco mais seco até o final desta semana, quando começa a se formar um novo sistema de chuvas. Esse sistema, porém, deve se concentrar na área mais noroeste, quando boas chuvas devem chegar nos próximos sete dias. 

 

Já no período dos próximos 6 a 10 dias, as previsões indicam para para uma tendência de clima mais úmida e temperaturas ligeiramente mais elevadas por todo o Meio-Oeste americano, como mostram as imagens a seguir. 

Chuvas previstas nos EUA entre os dias 29 de agosto a 2 de setembro - Fonte: NOAA

Temperaturas previstas nos EUA entre os dias 29 de agosto a 2 de setembro - Fonte: NOAA

Além do clima, o mercado da soja recebeu, ainda nesta segunda-feira, alguns números da demanda internacional por soja. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou, nesta segunda-feira (24), a venda de 120 mil toneladas de soja para destinos desconhecidos. O volume é da safra 2015/16. 

O departmento trouxe ainda os números dos embarques semanais de grãos e o volume para a soja ficou dentro das expectativas dos traders. Os embarques de soja totalizaram 210,128 mil toneladas, contra expectativas de 110 mil e 225 mil toneladas e o volume da semana anterior de 376,718 mil. No acumulado do ano comercial, os EUA já embarcaram 49.607,816 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período do ano anterior o total era de 43.352,332 milhões de toneladas. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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