Soja: No Brasil, preços perdem força com volatilidade da CBOT e baixa do dólar nesta 5ª
A volatilidade continua ditando o ritmo dos negócios no mercado internacional da soja na sessão desta quinta-feira (16). Depois de iniciar o dia com leves ganhos e próxima da estabilidade, as cotações ampliaram as altas - que superaram os 10 pontos nos principais vencimentos - e, no início da tarde, voltaram a recuar em um novo movimento de realização de lucros.
Assim, por volta das 13h10 (horário de Brasília), as posições mais negociadas perdiam entre 9 e 9,75 pontos, com o contrato novembro/15, referência para a safra americana, valendo US$ 10,07 por bushel, e o março/16 cotado a US$ 10,08.
O mercado espera por novas informações sobre a safra 2015/16 dos Estados Unidos e observa ainda o comportamento climático no país e o seu impacto sobre as lavouras. E esse quadro, como já adiantaram os analistas, deve manter os negócios bastante voláteis no mercado futuro americano, como acontece nesta quinta-feira.
No Brasil, os preços perdem um pouco de força com um cenário de baixas em Chicago complementado por um dólar desvalorizado frente ao real, novamente. Assim, por volta de 13h20, em Rio Grande, a soja disponível valia R$ 74,00, recuando 0,27% em relação ao fechamento de ontem, enquanto o produto da safra nova perdia 0,66%, para R$ 75,50, frente ao último preço desta quarta (15), de R$ 76,00 por saca.
A moeda norte-americana abriu a sessão de hoje em campo positivo, porém, logo inverteu o sinal e passou a recuar frente à brasileira. E o movimento negativo acontece mesmo com um cenário externo menos tenso - com a aprovação de medidas e reformas na Grécia - e com as expectativas de um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, de acordo com a sinalização do Federal Reserve dada nesta semana, como explicaram analistas.
"De maneira geral, as moedas emergentes estão operando de forma um pouco mais tranquila e o Brasil tem fatores internos que fazem com que o real tenha desempenho melhor que seus pares", afirmou o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato, ao G1.
Segundo Bryce Knorr, analista de mercado do site internacional Farm Futures, as boas altas registradas no início da sessão foram motivadas por compras de posições por parte dos fundos de investimento, além das informações já conhecidas - das previsões do clima mais quente em muitos anos por várias partes do Meio-Oeste americano". Entretanto, essas condições poderiam ser benéficas para determinadas áreas.
As previsões climáticas têm sido atualizadas a todo momento diante dessas condições de mudanças muito rápidas no tempo. Nos mapas divulgados hoje há uma indicação do tempo mais quente se deslocando para o leste do país no final de semana e a temperatura no Kansas, por exemplo, chegando a bater nos 37,7ºC (100ºF) nesta quinta. Além disso, mostram ainda tempestades se deslocando por Iowa e norte de Illinois. "Isso poderia acrescentar mais umidade e riscos de inundações nessas áreas.
Os dados, inclusive, já alteraram o novo mapa de previsões de chuvas para os próximos sete dias nos EUA e os acumulados passam a ser esperados entre 25,4 mm a 101,6 mm de chuvas, como mostra o mapa a seguir, reportado pelo NOAA - departamento oficial de clima do governo americano.
Previsão de Chuvas nos EUA nos próximos 7 dias - Fonte: NOAA
O mercado recebeu, também nesta quinta, os números das vendas semanais para exportação dos EUA, reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, porém, eles parecem ter sido insuficientes para promover - ou sustentar novas altas - apesar de terem ficado acima das expectativas.
Na semana que terminou no último dia 9, os EUA venderam 552,5 mil toneladas de soja, contra 242,5 mil da semana anterior. O número superou as projeções, que variavam entre 150 mil e 550 mil toneladas, e tem 45,5 mil toneladas da safra velha - com o Japão como o principal comprador e mais 507 mil da safra nova, a maioria vendida para destinos desconhecidos.
No acumulado do atual ano comercial, as vendas amricanas somam 50.591,5 milhões de toneladas, enquanto a projeção do USDA para as exportações totais da temporada 2014/15 é de 49,7 milhões de toneladas, segundo o último número. E as vendas para exportação da oleaginosa estão 11% mais adiantadas do que no ano anterior, e as exportações estimadas são 10,8% maiores do que as da safra 2013/14.
Derivados
As vendas semanais de farelo de soja somaram 72,2 mil toneladas na semana que terminou em 9 de julho, com 33 mil da safra velha e mais 39,2 mil da safra nova. As expectativas, no entanto, variavam entre 125 mil e 300 mil toneladas, uma vez que, na semana anterior, as vendas totalizaram 212,2 mil toneladas. Do produto da temporada 2014/15, o principal comprador foi a Líbia e da 2015/16, o México.
Da temporada atual, as vendas dos EUA já somam 11,156 milhões de toneladas do derivado, o que significa que estão 12% mais adiantadas do que o total registrado no ano comercial anterior. A projeção do USDA é que as exportações de farelo 2014/15 superem em 7,4% as de 2013/14.
Os EUA venderam ainda 3,6 mil toneladas de óleo da soja da safra 2014/15 contra expectativas que variavam de 0 a 15 mil toneladas e de um volume da semana anterior de 1,3 mil. A Jamaica foi o principal destino do produto americano.
Na sessão de hoje em Chicago, os futuros de ambas as commodities operam com ligeiras baixas depois de uma puxada intensa nos preços do farelo no pregão anterior.