Soja: Mercado fecha 2ª feira sem direção em Chicago e preços estáveis no Brasil
Nesta segunda-feira (15), os futuros da soja registraram um início de semana marcado por volatilidade no mercado futuro-norte-americano e fecharam o dia sem uma direção bem definida na Bolsa de Chicago. Com o foco no clima adverso nos EUA, mas o peso do mercado financeiro, vindo principalmente da alta do dólar, os preços não conseguiram se consolidar em uma linha comum nesta segunda-feira.
Assim, as duas primeiras posições terminaram os negócios com perdas de 0,75 a 2,25 pontos e o julho/15 valendo US$ 9,37 por bushel. Já o setembro registrou uma ligeira alta de 0,25 ponto e o novembro fechou a sessão estável, com US$ 9,04.
O comportamento do clima no Meio-Oeste americano continua sendo um dos fatores mais importantes no radar dos traders e indicando condições preocupantes para os produtores locais. O excesso de chuvas compromete a conclusão do plantio da nova safra de soja, atrasa os trabalhos de campo e já começa, segundo explicam especialistas, a comprometer o potencial produtivo das lavouras.
"Com as imagens que podemos observar chegando dos EUA há várias regiões que sofrem com o encharcamento do solo. No caso americano, o milho é uma cultura mais sensível ao encharcamento do que a própria soja, e esse processo diminui o oxigênio do solo e, consequentemente, há um menor desenolvimento do sistema radicular e uma menor absorção dos nutrientes", explica o fisiologista Elmar Floss. "Além da lixiviação de nutrientes, especialmente o nitrogênio, o enxofre, o boro, aqueles que têm cargas negativas e que não se prendem ao solo", completa.
As últimas previsões, no entanto, mostram que o padrão climático excessivamente chuvoso nos EUA deve seguir até o final de junho. Nesta segunda-feira, ainda de acordo com informações do Agriculture.com, foram registradas inundações em Oklahoma e Iowa, onde choveu, nesta madrugada, mais de 76 mm.
Apesar desse quadro e dessas preocupações, o mercado registrou uma reação que chamou a atenção dos analistas e consultores, porém, justificada pela espera pelos novos dados do boletim de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga na tarde desta segunda, somente após o fechamento do pregão na CBOT.
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Além disso, o mercado sentiu ainda a pressão do dólar mais alto no cenário externo. A atenção, segundo analistas, ainda se volta ao desenrolar da situação da dívida da Grécia e de negociações que pouco evoluem, aos indicativos da economia norte-americana divulgados nesta segunda, bem como as expectativas sobre o futuro da taxa de juros norte-americana. Uma nova reunião do Federal Reserve acontece nesta quarta-feira (17) e se espera um sinal sobre a pauta nesse encontro.
Paralelamente, o mercado internacional da soja encontrou suporte também nos números dos embarques semanais dos EUA que chegaram com o novo boletim do USDA e mostraram um volume acima das expectativas. Na semana que terminou em 11 de junho, os embarques de soja norte-americanos da safra 2014/15 somaram 226,614 mil toneladas, contra 216,810 mil da semana anterior. As projeções do mercado variavam de 80 mil a 190 mil toneladas.
No acumulado do ano comercial, o total de soja embarcada é de 47.410,488 milhões de toneladas, contra 42.465,806 milhões do mesmo período na temporada anterior. O departamento americano estima que, em todo o ano comercial (que só se encerra em 31 de agosto), sejam exportadas 49,26 milhões de toneladas. Entretanto, as vendas de soja pelos EUA , ou seja, o total já comprometido da oleaginosa, já passa de 50 milhões de toneladas.
Ainda nesta segunda-feira, os traders em Chicago receberam também o reporte mensal da Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA (NOPA) com números sobre o esmagamento de soja em maio, quando foram processadas 4,039 milhões de toneladas.
O número é menor do que o registrado no mês anterior, quando foram esmagadas 4,091 milhões de toneladas, porém, significativamente maior do que o registrado em maio de 2014, quando o processamento foi de 3,506 milhões. No acumulado do ano comercial 2014/15 os Estados Unidos já processaram um total de 36,894 milhões de toneladas de soja.
Mercado Interno
No Brasil, o dólar retomou parte de sua força somente no final do dia e não contribuiu muito para a formação das cotações no mercado interno. Assim, tanto no interior do país, quanto nos principais portos de exportação os preços não mostraram muitas oscilações. A moeda norte-americana fechou o dia com alta de 0,3% para R$ 3,1273, após uma mínima na sessão de R$ 3,09.
Em Paranaguá, a soja disponível encerrou o dia com R$ 67,80 e alta de 0,44%, e a futura caiu 0,71% para R$ 69,50 por saca. No terminal de Rio Grande, os valores ficaram em R$ 68,00 e R$ 71,50, respectivamente, com baixa de 0,42% para o produto da safra 2015/16.
"O câmbio tem sido o fator preponderante no momento, com muita volatilidade, mas ainda conseguindo se manter acima dos R$ 3,00 e acredito que essa deva ser a tendência ainda para essa semana. E com um dólar em alta, há expectativas de que tenhamos um bom ritmo de exportações, principalmente no segundo semestre", explica o analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Ribeiro.
De acordo com informações do Cepea, os preços da soja no mercado brasileiro também de balcão e lotes, neste mês de junho, se mostram praticamente estáveis e, para este período de entressafra que chega nos próximos meses, há uma possibilidade de sustentação de patamares importantes. Entretanto, a instituição acredita que a projeção de uma safra ainda maior no Brasil - de 96 milhões de toneladas, segundo a última projeção da Conab - poderia ser fator de pressão para as cotações.
" Ao serem tomados como base os valores de contratos de exportação, em dólar, observa-se tendência de alta para os próximos meses. Na primeira semana de junho, o ritmo das exportações de soja foi ainda maior que o de maio, quando os embarques foram recordes", informou o Cepea nesta segunda.