Soja avança na CBOT com chuvas nos EUA e dólar em baixa; mas câmbio limita ganhos no Brasil
Os futuros da soja voltaram a intensificar suas altas nesta terça-feira (9) na Bolsa de Chicago. O mercado iniciou o dia trabalhando com estabilidade, em campo positivo e passou a ganhar um pouco mais de fôlego, subindo, por volta das 13h20 (horário de Brasília), entre 4,50 e 8 pontos entre os principais vencimentos. Assim, o contrato novembro/15 era cotado a US$ 9,24 por bushel.
Depois das altas de ontem e dos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre o desenvolvimento da nova safra americana, o mercado parece ainda buscar uma direção. No entanto, como explicou o consultor Ênio Fernandes, o tempo excessivamente chuvoso e ainda boas informações sobre a demanda - como os números dos embarques semanais divulgados ontem acima das expectativas - que ainda dão suporte às cotações. Entretanto, a volatilidade continua, como é típica de um período de mercado climático.
O USDA mostrou que o plantio da soja chegou a 79% da área até o último domingo (7) e o número ficou abaixo da média dos últimos cinco anos e também do registrado no mesmo período anterior. Assim, como já sinalizam analistas nacionais e internacionais, o excesso de chuvas no Meio-Oeste preocupa e já dá sinais de atraso nos trabalhos de campo. Além disso, o departamento informou ainda que 69% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, índice que ficou abaixo das expectativas dos traders e se apresentou menor do que o registrado no mesmo período da safra 2014/15.
Segundo explica o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado é climático nesta terça-feira, principalmente diante da necessidade até mesmo do replantio da soja em algumas áreas do Meio-Oeste dos EUA em função do excesso de precipitações. Ainda segundo ele, o potencial produtivo dessas lavouras já começa a ser afetado, uma vez que a janela para a semeadura da oleaginosa vai se estreitando e, em algumas áreas específicas, até se inviabilizando.
A concentração dessas precipitações mais fortes está nas regiões mais ao norte do Corn Belt, onde as geadas são mais frequentes a partir de setembro, o que poderia comprometer esses trabalhos de replantio. Estados como o Kansas e o Missouri estão com o plantio significativamente atrasado.
Ao mesmo tempo, o mercado encontrava suporte ainda em mais um dia de baixas do dólar. No Brasil, por volta das 11h, a moeda norte-americana perdia 0,55% e era cotado a R$ 3,09. No cenário doméstico, as atenções do mercado financeiro, segundo explicam analistas, estão voltadas às informações que estão sendo anunciadas na manhã de hoje sobre os investimentos do governo federal na infraestrutura do Brasil.
Complementando o quadro, o mercado recebe ainda a notícia de que foi iniciada na Argentina, nesta terça, uma paralisação do setor de transportes - a quinta do governo de Cristina Kirchner - e o porto de Rosário, onde está um polo agroexportador, pode ficar totalmente paralisado, segundo informações do site G1.
Preços no Brasil - Novamente, as altas registradas em Chicago perdem força no momento de formação dos preços no Brasil por conta de uma nova sessão de recuo do dólar frente ao real. Por volta de meio dia, os valores para a soja disponível estavam em R$ 68,00 no porto de Paranaguá e R$ 68,70 em Rio Grande.
E "com esse patamar de dólar, os vendedores somem, o que também acaba sendo bom para o mercado de Chicago", explica Brandalizze. Assim, os negócios seguem pontuais, acontecendo de forma mais expressiva em dias de picos da moeda norte-americana, ainda de acordo com o consultor, principalmente porque o produtor já comercializou um bom volume da safra 2014/15 e agora tem condições mais favoráveis para acompanhar o desenvolvimento dos principais fatores de formação dos preços.
Já os negócios da safra 2015/16 estão um pouco mais aquecidos diante de melhores indicadores de valores nos terminais de exportação. Os valores, nos melhores momentos até agora, chegaram a algo entre R$ 74,50 e R$ 75,00 por saca e estimularam as vendas futuras nos últimos dias, ainda como explica Vlamir Brandalizze.