Soja: Mercado brasileiro fecha semana em alta de mais de 1,5% nos portos, com prêmios e dólar

Publicado em 27/03/2015 17:23

Nesta última sessão da semana, os futuros da soja recuaram e fecharam os negócios com baixas de 6 a 7,25 pontos entre os principais vencimentos. O contrato maio/15, que começou a semana valendo US$ 9,83 por bushel, caiu 1,67% e encerrou a sexta-feira com US$ 9,67; já o contrato agosto/15 registrou uma queda semanal de  1,72% para fechar em US$ 9,71. 

No entanto, o dólar retomou seu movimento de alta nesta semana e, de segunda (23) a sexta-feira (27), acumulou uma alta de 2,87%, fechando o dia a R$ 3,23. Assim, os preços da soja nos portos brasileiros também apresentaram um balanço semanal positivo, já que a variação cambial tem sido, segundo vêm explicando analistas e consultores, o fator determinante para os negócios no mercado interno. 

No porto de Rio Grande, o valor para maio/15 subiu de R$ 72,30 para R$ 73,50 por saca, com alta de 1,66% na semana; em Paranaguá, a alta foi ainda mais expressiva - de 2,8% - para R$ 73,50 contra os R$ 71,50 da última segunda. O produto disponível subiu 1,12% passando R$ 71,30 para R$ 72,10. Já no porto de Santos, a cotação se manteve estável nos R$ 72,50. 

Além do dólar, outro fator que vem contribuindo para os ganhos da soja no Brasil são os prêmios que seguem positivos nos portos. Em Paranaguá, o valor para março e abril é de 45 cents de dólar sobre o valor praticado em Chicago, enquanto para maio é de 44 e  para junho o número é de 42 centavos. 

E são esses prêmios ainda positivos, segundo explicam os analistas, que seguem atuando como importante termômetro da demanda e, ao se mostrarem positivos, indicam sua firmeza. No mercado americano, os prêmios também estão positivos e mais altos ainda do que os registrados no Brasil. 

No interior do país, por outro lado, as cotações da soja não apresentaram uma direção comum. Enquanto a semana foi positiva para praças como Tangará da Serra/MT, com alta de 1,79%; São Gabriel do Oeste/MS, ganho de 7,55% e Jataí/GO, subindo 0,41%; os preços recuaram 1,57% em Não-Me-Toque/RS, 0,83% em Londrina, em Cascavel e Ubiratã, as três no Paraná. 

Com esse quadro, março registrou um ritmo de negócios bastante acelerado para o mercado brasileiro da soja. Os preços subiram de forma geral nas principais regiões produtoras do país, os produtores aproveitaram boas oportunidades de comercialização e isso fez com que as vendas da safra 2014/15 pudessem retomar seu ritmo normal e alcançar as médias dos últimos anos. 

O dólar nesse mês acumulou uma alta de mais de 12% frente ao real e aumentou a competitividade do produto brasileiro em relação à oferta norte-americana nesse momento, uma vez que contava com preços mais atrativos aos compradores. 

Na Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, as baixas registradas pelos futuros da soja refletiram, novamente, os investidores que seguem aguardando os novos números a serem divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia 31 de março, terça-feira da próxima semana. 

"Os futuros da soja e do milho trabalharam em queda na tarde desta sexta-feira diante de um dólar mais alto e dos traders aguardando pelo novo relatório de plantio do USDA da semana que vem", afirma Bob Burgdorfer, analista de mercado e editor do site norte-americano Farm Futures. 

Além disso, para o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, de Nova York, outro fator de pressão sobre as cotações no mercado internacional foi ainda o clima favorável ao desenvolvimento da colheita na Argentina, ao lado de alguns atrasos sendo registrados em áreas onde o plantio do milho já começou nos Estados Unidos. 

"A preocupação é com o produtor americano não conseguindo plantar o milho a tempo, há a possibilidade dele migrar para outras culturas, como a soja, por exemplo". 

De acordo com informações da agência internacional da Reuters, durante o mês de março, campos muito úmidos nos estados sulistas de Mississippi, Louisiana, Texas e Arkansas reduziram o ritmo do plantio do milho e assim os trabalhos de campo ainda estão acontecendo em um ritmo abaixo do normal. 

Plantadeiras de alta tecnologia, semeando 30 linhas de uma só vez, permitem, no entanto, que os produtores norte-americanos recuperem o ritmo rapidamente. No entanto, caso o plantio do milho se atrase muito, mais acres podem vir a ser cultivados com soja, que é uma cultura que possui um ciclo ligeiramente mais curto do que o do cereal.

 

Colheita de soja de MT se aproxima do encerramento com leve queda na produtividade

SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja de Mato Grosso, principal produtor de grãos do país, aproxima-se do final, com produtividades médias ligeiramente abaixo do registrado na temporada passada, mostraram dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) nesta sexta-feira.

A colheita avançou nesta semana para 94 por cento da área semeada, avanço de cerca de 6 pontos percentuais na comparação com a semana anterior, mas atrás dos 95,8 por cento registrados no fim de março de 2014.

A produtividade média das lavouras do Estado até o momento na safra 2014/15 é de 52,27 sacas por hectare, ante 52,4 sacas por hectare do fechamento da temporada 2013/14.

Diversas regiões do Estado foram prejudicadas por uma seca de algumas semanas entre o final de dezembro e janeiro, mas as chuvas voltaram em fevereiro e março, recuperando o potencial produtivo em muitas lavouras.

 

Câmbio favorece vendas antecipadas da safra 15/16 de soja, diz AgRural

SÃO PAULO (Reuters) - Os bons preços em reais resultantes da alta do dólar estimularam as vendas antecipadas da safra 2015/16 de soja do Brasil, afirmou nesta sexta-feira a consultoria AgRural.

O dólar atingiu recentemente o maior patamar em 12 anos frente ao real, tendo fechado nesta sexta-feira a 3,2405 reais na venda, alta diária de 1,55 por cento.

"Por isso, o mês de março vai chegando ao fim com 2 por cento da produção potencial da próxima temporada já negociada no Brasil. No ano passado, a comercialização da safra 2014/15 só começou em maio", ressaltou a AgRural em nota.

A colheita 15/16 se inicia apenas no começo do próximo ano, mas produtores tradicionalmente fecham negócios antes mesmo do plantio, que começa em meados de setembro, com o objetivo de travar os melhores preços.

A soja é o principal produto do agronegócio nacional. Com a desvalorização do real, o produto nacional ganha competitividade no mercado externo.

Como a maior parte da comercialização do Paraná é em reais, muitos produtores aproveitaram o bom momento para travar custos, destacou a consultoria.

Dessa forma, o Estado saiu na frente e já tem 5 por cento do total potencial negociado. No oeste, bons volumes para fevereiro de 2016 chegaram a sair por 68 reais a saca.

Mato Grosso do Sul e Goiás aparecem em seguida na comercialização, com 3 por cento cada.

Em Dourados (MS), a saca para março de 2016 foi negociada por 60 reais livres ao produtor. Em Rio Verde (GO), lotes rodaram a 63 reais para exportação em março de 16.

Na moeda norte-americana, compradores chegaram a oferecer 18,50 dólares/saca, mas a pedida dos produtores era de 20 dólares a saca, disse a consultoria.

Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja, as vendas somam 2 por cento do total esperado para a safra 2015/16, "e o volume só não é maior porque boa parte dos produtores fixa a produção em dólar".

Em Sorriso (MT), lotes para fevereiro saíram por 56 reais. Mas a média do mês em dólar, de 16,50 dólares, não agradou a ponta vendedora.

Mesmo sem tradição em vendas antecipadas, o Rio Grande do Sul já vendeu 1 por cento da safra nova. No porto de Rio Grande, o preço médio para abril e maio de 2016 ficou em 72,40 reais por saca.

SAFRA 14/15

Com o avanço da colheita e a melhora dos preços proporcionada pelo câmbio, a comercialização da safra atual (2014/15) também foi acelerada em março, disse a consultoria.

A AgRural registrou um avanço de 13 pontos em um mês, com as vendas chegando a 53 por cento da produção. O atraso em relação ao ano passado, que era de 17 pontos em fevereiro, caiu para dez pontos.

Na dianteira, o Centro-Oeste tem 62 por cento da produção comercializada. Em Sorriso (MT), onde o preço médio ficou em 49,95 reais a saca em fevereiro, lotes foram negociados a 57 reais no pico do dólar.

No Sul, os bons resultados das lavouras também ajudaram na comercialização, que chegou a 40 por cento da safra.

Em Ponta Grossa, a soja spot foi negociada por até 67,50 reais a saca.

Até esta sexta-feira, a colheita de soja havia sido feita em 69 por cento da área brasileira de soja, de acordo com levantamento da AgRural.

Com avanço semanal de dez pontos, o índice agora está apenas dois pontos atrás do apurado há um ano.

(Por Roberto Samora)

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas + Reuters

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