Com potencial de expansão, ‘MaToPiBa’ dribla a seca e prevê aumento na produção de soja
A produtividade de soja no ‘MaToPiBa’ (região que engloba os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) deve ficar acima da média dos últimos anos, apesar de ter enfrentado problemas climáticos pontuais (como a ocorrência de dois veranicos no Maranhão, localidade mais afetada pela falta de chuvas). A luminosidade diária é um ponto benéfico, embora o volume pluviométrico anual seja baixo. ‘Como o regime de chuvas não é caracterizado pela abundância (como vimos, por exemplo, no Mato Grosso), qualquer alteração do padrão normal impacta de maneira considerável na produtividade final’, afirmou a INTL FCStone no relatório ‘Giro de Safra V – MaToPiBa’, lançado nesta terça-feira (24). De acordo com o estudo da consultoria, o clima foi favorável ao desenvolvimento da safra em quase todas as regiões analisadas.
Atualmente, cerca de 11% da área plantada com oleaginosa no Brasil está concentrada nesses estados, especialmente em regiões de cerrado, bem delimitadas devido aos padrões climáticos diferenciados. O maior potencial de expansão está no Piauí, Maranhão e Tocantins, cuja exploração do cerrado é mais recente. Estima-se que a área plantada com grãos tenha possibilidade de ser duplicada de tamanho nos próximos 15 anos. Na revisão deste mês, a INTL FCStone previu produção de 10,07 milhões de toneladas de soja no ‘MaToPiBa’ para o ciclo 2014/15.
Jalapão, localizado na parte oriental de Tocantins, foi classificado pela consultoria como a única microrregião de baixo risco associado à quebra de safra entre as principais regiões produtoras dos estados. A análise foi realizada com base no desvio-padrão da produtividade entre os anos de 1998 e 2013 das localidades, considerando o padrão climático. ‘A média histórica de precipitação para janeiro e fevereiro chega a quase 300 mm. Este ano, apesar do menor volume de chuvas durante este período, os quase 200 mm por mês foram mais do que suficientes para que as plantas se desenvolvessem de maneira saudável’, disse. O estudo ainda apontou que, na Bahia, o cultivo de grãos ocorre no Extremo Oeste Baiano, uma faixa estreita onde o regime de chuvas durante o período da safra é suficiente para o desenvolvimento das plantas.
No que diz respeito ao escoamento da safra, a região do ‘MaToPiBa’ conta com o investimento de cerca de R$ 600 milhões no novo Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que deve exportar cerca de 2 milhões de toneladas de soja e milho ainda em 2015, segundo estimativa do consórcio que opera o terminal. O projeto abre a possibilidade de impulsionar a produção de grãos, embora seja necessário o investimento em pontos fundamentais como a entrada de insumos, fertilizantes, o aumento de capacidade de armazenagem, bem como aperfeiçoamento logístico.
O ‘Giro de Safra V – MaToPiBa’, é o último relatório de uma série que abordou análise técnica de clima e produtividade em microrregiões brasileiras, além do estudo de campo realizado junto à Expedição Safra, projeto do Agronegócio Gazeta do Povo.