Fórum da Soja: produtor terá que ter cautela na próxima safra
Durante toda a manhã os participantes do Fórum receberam informações técnicas sobre o manejo da lavoura de soja e questões referentes ao mercado respondidas pelos palestrantes. Para o sócio-diretor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, o cenário exige cautela na próxima safra, devido aos altos custos de produção.
Segundo Mendonça de Barros, o preço do grão deve manter-se estável ao longo do ano, a princípio sem grandes sobressaltos. “É necessário chamar a atenção para os custos de produção da próxima safra, que irão refletir esta desvalorização. Quanto a uma mudança do preço da soja, acredito que em dólares não haverá grande diferença, porém, em reais irá depender da conformidade da situação do País, em que a questão política interfere diretamente no mercado financeiro. O produtor deve agir com cautela no próximo ciclo”, explicou.
Ainda segundo Barros, ao mesmo tempo em que a alta do dólar deve estabelecer moderação para a próxima safra, a atual deverá apresentar boa rentabilidade aos produtores rurais. “A mensagem mais relevante é que os preços da soja em dólar tiveram uma queda acentuada. Nesta mesma época no ano passado, a soja estava sendo cotada em Chicago a US$14 o bushel. Hoje ela está um pouco abaixo dos US$10, mas ao mesmo tempo o real desvalorizou fortemente e o dólar não para de subir. Isto devolveu ao mercado brasileiro o mesmo preço do ano passado em reais. Como os insumos foram comprados com um câmbio a R$ 2,20, estamos falando de um ano de boa rentabilidade”.
O CEO do BTG Pactual, André Esteves, respondeu aos produtores questões voltadas ao cenário econômico. Durante a palestra, Esteves indicou um cenário macroeconômico em que a atual turbulência pode ser facilmente revertida, desde que sejam adotadas as medidas corretas. Ao ser indagado por um produtor quanto ao crédito rural, Esteves afirmou que não vê redução na oferta de crédito aos produtores rurais, porém, segundo ele, a taxa de juros deve sofrer alterações, ainda que pequenas. “Ninguém mexeria em algo que funciona tão bem. O índice de inadimplência é baixíssimo, é um setor em que não existe corrupção e que é bem visto pela sociedade” disse.
Outro palestrante do evento foi o doutor em Agronomia Elmar Luis Floss, professor, pesquisador e diretor do Instituto Incia. Na oportunidade, o agrônomo abordou a questão do manejo da lavoura de soja para alta produtividade. De acordo com Floss, a produção de soja no Brasil cresceu 746% entre os anos de 1965 e 2013. “A soja é a cultura mais importante do Brasil atualmente, que gera muitos empregos diretos e indiretos. É o melhor negócio do Brasil, um negócio que está dando certo”, disse.
Outra questão abordada por Floss foi em relação ao emprego de sementes não certificadas, o que, segundo ele, influi diretamente na qualidade do grão e na produtividade. “Existem 5 milhões de hectares de soja no Rio Grande do Sul. Deste total, uma média de apensas 30% utiliza semente certificada. Se o produtor acredita que irá ter um custo menor adquirindo essa semente sem certificação, ele está equivocado. Este tipo de semente não garante alta produtividade. Já com as sementes certificadas, com o tratamento ideal, a produtividade é próxima de 100%”, avaliou
A cerimônia de abertura do evento contou com a participação do presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, do presidente da CCGL/Termasa-Tergasa, Caio Cézar Vianna e de Paulo César Pires, presidente da FecoAgro.