Após forte baixa na sessão anterior, soja tem manhã de estabilidade nesta 5ª feira em Chicago

Publicado em 05/03/2015 07:51

Os preços da soja, na manhã desta quinta-feira (5), operavam próximos da estabilidade na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas trabalhavam em campo negativa, por volta das 7h30 (horário de Brasília), perdiam entre 0,50 e 2,50 pontos, com o maio valendo US$ 9,93 por bushel. 

O mercado tenta se estabilizar nesta sessão depois das significativas baixas registradas no pregão anterior, quando foi pressionado pelo intenso movimento de venda, tanto nas origens quanto por parte dos fundos no mercado futuro. Além disso, a disparada do dólar - que chegou a bater os R$ 3,00 no Brasil ontem - também foi um fator de pressão para as cotações. 

Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reporta seu novo boletim semanal de vendas para exportação e os números podem tirar as cotações dessa zona de conforto e de um patamar bem efetivado de US$ 9,90 entre os principais vencimentos, segundo explicam consultores e analistas. 

Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira (4), quando os preços nos portos brasileiros registraram os melhores momentos da temporada, com os valores chegando a bater os R$ 70,50 por saca. 

Soja: Dólar dispara no Brasil e produtores vão às vendas, preços despencam na CBOT

Nesta quarta-feira (4), os preços da soja despencaram na Bolsa de Chicago e fecharam o dia com quase 20 pontos entre os principais vencimentos e o mercado todo abaixo dos US$ 10,00 por bushel. A posição maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 9,94. 

Em contrapartida, o dólar teve um dia de forte alta frente ao real nesta quarta, o que acabou compensando as baixas de Chicago e promovendo uma manutenção para os preços da soja no Brasil. No interior do país, as praças que não apresentaram estabilidade, acumularam ganhos de pouco mais de 1%. Nos portos, Paranaguá fechou o dia a R$ 67,50, em Rio Grande a R$ 69,00 e em Santos a R$ 68,00 por saca. 

Durante o dia, no entanto, os valores nos portos registraram os melhores patamares do ano e da temporada até agora, com R$ 70,00 e negócios chegando a ser efetivados a até R$ 70,50 por saca. 

"Hoje foi um dia de liquidação porque o mercado esperava o fim da greve dos caminhoneiros, a volta dos embarques nos portos brasileiros, então, o mercado já viu com calma, viu que vai ter soja, que o mercado estará abastecido nas próximas semanas, esse foi um dos pontos", explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Ao mesmo tempo em que o Brasil e o mercado viram o fluxo de produto no país retomar seu ritmo normal, a disparada do dólar frente ao real motivou ainda mais as vendas de produto nas origens, principalmente no Brasil, com o sojicultor entendendo o atual momento como uma boa oportunidade de comercialização. 

"Tivemos indicativos de muitas vendas do interior, de produtor, de comerciante, de fixação de produtores que estavam com posições em aberto. O mercado internacional viu essa pressão de oferta crescente e acabou servindo de apelo para a liquidação de Chicago, mas isso não quer dizer que amanhã vai continuar. Isso foi o momento de hoje, em que muita gente viu as boas cotações e fechou a posição", relata Brandalizze. 

Nos próximos dias, o mercado deve tentar uma recuperação de preços em Chicago, ainda segundo o consultor, com um dia sem tanta pressão de venda e maior pressão de compra. Assim, as posições poderiam voltar aos US$ 10,00 ou até um pouco acima. 

"Esse é um ano para o produtor em que a valorização cambial é importante porque grande parte dos custos que o produtor teve nessa safra ele teve um dólar menor e menos reais. Na próxima safra, esses custos serão ajustados para cima", explica Vlamir Brandalizze.  Entre os custos, os destaques deverão ser, principalmente, o aumento do óleo diesel e os preços da energia elétrica. 

Demanda 

Entre os fundamentos do mercado da soja, o destaque ainda é a demanda forte e crescente pela oleaginosa. Os principais compradores da commodity apresentam um crescimento econômico maior, forte e o primeiro impacto nessas nações são na demanda por alimentos. 

Reflexo disso foi a última declaração do economista chefe do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que o mundo precisaria de um aumento de áreas agricultáveis na casa e 20 milhões de hectares para atender esse consumo mundial maior. 

Dólar

A instabilidade dos quadros político e econômico do Brasil fizeram com que a moeda nacional se desvalorizasse, fazendo a divisa americana chegar a bater nos R$ 3,00 nesta quarta na máxima da sessão. O dólar terminou o dia, no entanto, com ganho de quase 2% e valendo R$ 2,9807. 

"O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse 'a mais', que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse o analista da WinTrade Bruno Gonçalves à agência de notícias Reuters, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo.

E segundo explicou o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult, a valorização do dólar supera os ganhos na CBOT, uma vez que cada 1 centavo de real no aumento da taxa cambial corresponde a um aumento equivalente a 4 centavos por bushel em Chicago.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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