Soja: Dólar dispara no Brasil e produtores vão às vendas, preços despencam na CBOT

Publicado em 04/03/2015 18:21

Nesta quarta-feira (4), os preços da soja despencaram na Bolsa de Chicago e fecharam o dia com quase 20 pontos entre os principais vencimentos e o mercado todo abaixo dos US$ 10,00 por bushel. A posição maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 9,94. 

Em contrapartida, o dólar teve um dia de forte alta frente ao real nesta quarta, o que acabou compensando as baixas de Chicago e promovendo uma manutenção para os preços da soja no Brasil. No interior do país, as praças que não apresentaram estabilidade, acumularam ganhos de pouco mais de 1%. Nos portos, Paranaguá fechou o dia a R$ 67,50, em Rio Grande a R$ 69,00 e em Santos a R$ 68,00 por saca. 

Durante o dia, no entanto, os valores nos portos registraram os melhores patamares do ano e da temporada até agora, com R$ 70,00 e negócios chegando a ser efetivados a até R$ 70,50 por saca. 

"Hoje foi um dia de liquidação porque o mercado esperava o fim da greve dos caminhoneiros, a volta dos embarques nos portos brasileiros, então, o mercado já viu com calma, viu que vai ter soja, que o mercado estará abastecido nas próximas semanas, esse foi um dos pontos", explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Ao mesmo tempo em que o Brasil e o mercado viram o fluxo de produto no país retomar seu ritmo normal, a disparada do dólar frente ao real motivou ainda mais as vendas de produto nas origens, principalmente no Brasil, com o sojicultor entendendo o atual momento como uma boa oportunidade de comercialização. 

"Tivemos indicativos de muitas vendas do interior, de produtor, de comerciante, de fixação de produtores que estavam com posições em aberto. O mercado internacional viu essa pressão de oferta crescente e acabou servindo de apelo para a liquidação de Chicago, mas isso não quer dizer que amanhã vai continuar. Isso foi o momento de hoje, em que muita gente viu as boas cotações e fechou a posição", relata Brandalizze. 

Nos próximos dias, o mercado deve tentar uma recuperação de preços em Chicago, ainda segundo o consultor, com um dia sem tanta pressão de venda e maior pressão de compra. Assim, as posições poderiam voltar aos US$ 10,00 ou até um pouco acima. 

"Esse é um ano para o produtor em que a valorização cambial é importante porque grande parte dos custos que o produtor teve nessa safra ele teve um dólar menor e menos reais. Na próxima safra, esses custos serão ajustados para cima", explica Vlamir Brandalizze.  Entre os custos, os destaques deverão ser, principalmente, o aumento do óleo diesel e os preços da energia elétrica. 

Demanda 

Entre os fundamentos do mercado da soja, o destaque ainda é a demanda forte e crescente pela oleaginosa. Os principais compradores da commodity apresentam um crescimento econômico maior, forte e o primeiro impacto nessas nações são na demanda por alimentos. 

Reflexo disso foi a última declaração do economista chefe do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que o mundo precisaria de um aumento de áreas agricultáveis na casa e 20 milhões de hectares para atender esse consumo mundial maior. 

Dólar

A instabilidade dos quadros político e econômico do Brasil fizeram com que a moeda nacional se desvalorizasse, fazendo a divisa americana chegar a bater nos R$ 3,00 nesta quarta na máxima da sessão. O dólar terminou o dia, no entanto, com ganho de quase 2% e valendo R$ 2,9807. 

"O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse 'a mais', que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse o analista da WinTrade Bruno Gonçalves à agência de notícias Reuters, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo.

E segundo explicou o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult, a valorização do dólar supera os ganhos na CBOT, uma vez que cada 1 centavo de real no aumento da taxa cambial corresponde a um aumento equivalente a 4 centavos por bushel em Chicago.

Nos link abaixo, veja a entrevista do analista financeiro Miguel Daoud com uma análise do atual cenário político e financeiro do Brasil:

>> Dólar dispara no Brasil refletindo a instabilidade dos cenários político e econômico

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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