Soja: Após semana turbulenta, mercado fecha com preços em alta e boas chances para o produtor do Brasil

Publicado em 27/02/2015 18:41

Os preços da soja registraram uma semana turbulenta tanto na Bolsa de Chicago quanto no cenário internacional e, ainda assim, o balanço semanal foi positivo para o produtor brasileiro. Na CBOT, todos os principais vencimentos terminaram o dia com as cotações superando os US$ 10,30 por bushel e o contrato maio/15, referência para a safra brasileira, registrou um ganho de 2,90%. 

Nos portos, os valores também se aproximaram dos melhores momentos da temporada nesta semana e trouxeram boas oportunidades de comercialização aos produtores rurais. Em Paranaguá, a alta semanal para a soja da safra nova foi de 2,26%, com o preço passando de R$ 66,50 para R$ 68,00 por saca. Em Rio Grande, o avanço foi mais tímido - de 0,44% - e a o preço passou de R$ 67,60 para R$ 67,90 para terminar os negócios desta sexta-feira (27). Entretanto, na última quinta (26), a cotação chegou a R$ 69,10 por saca. 

A greve dos caminhoneiros no Brasil - que paralisava, ainda no final da tarde da sexta-feira, ao menos seis estados - foi o principal fator de estímulo para as cotações em Chicago. Para Flávio França Jr., consultor da França Jr. Consultoria, o mercado precificou, claramente, a preocupação dos compradores com a interrupção de fluxo de produto no Brasil. 

A consequência mais forte seria, portanto, a transferência de parte da demanda que seria vista na América do Sul, especialmente no Brasil, para os Estados Unidos. E isso aconteceria em um momento em que quase 100% do total projetado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para ser exportado de soja na temporada 2014/15 já está comprometido - não só de soja em grão, mas também de farelo, principal subproduto na composição dos preços da commodity. 

Paralelamente, o mercado observava ainda a lentidão da colheita da soja no Brasil por conta do clima chuvoso, o cenário, porém, se inverteu e os trabalhos de campo deram um salto, terminando a semana com 30% da área do país já colhida, ainda segundo o consultor. No entanto, um dos principais reflexos dessa paralisação dos caminhões no Brasil é a não chegada do óleo diesel no interior do país poderia trazer, novamente, uma queda no ritmo da colheita. Segundo um levantamento da Aprosoja MT, cerca de 20% dos produtores do estado já não têm mais combustível para retomar seus trabalhos. 

Comercialização

A recomendação de França neste momento, com picos de preços em pleno período de colheita, sejam aproveitados pelo produtor. Segundo o consultor, esse avanço das cotações reflete o quadro conturbado atual no Brasil, os ganhos em Chicago e, principalmente, a alta do dólar frente ao real que, nesta sexta, chegou a superar os R$ 2,90 ao longo dos negócios. Apesar da baixa do dia, a moeda norte-americana fechou o dia com R$ 2,8560. 

"O impacto nos preços no mercado doméstico aconteceu de forma generalizada, os preços subiram em geral, mas subiram, especialmente nos portos porque a soja não chega nos portos. Então, a alta está relacionada a um fator pontual (...) E para o produtor que vendeu pouco é um belo momento para aproveitar para melhorar sua média, realizando vendas positivas de preços em pleno período de colheita. A questão cambial continua central", orienta França. 

No link abaixo, confira a íntegra da entrevista de Flávio França Jr.:

>> Soja: Greve dos caminhoneiros foi o principal balizador das altas para a soja na semana em Chicago; mercado avançou também no Brasil

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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