Soja: greve dos caminhoneiros pára o transporte até os portos e pressiona preços no Brasil

Publicado em 23/02/2015 17:51

Na sessão desta segunda-feira (23), os futuros da soja fecharam o dia próximos da estabilidade na Bolsa de Chicago, com baixas de menos de 1 ponto entre as posições mais negociadas. Nos portos brasileiros, os negócios terminaram com preços de R$ 66,50 - em Paranaguá - a R$ 67,60 por saca em Rio Grande. 

Segundo o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora, um dos fatores de limitação das baixas da oleaginosa no quadro internacional foi a greve dos caminhoneiros que mantém parado o fluxo de produtos no Brasil. No entanto, a influência pode ser negativa para a formação das cotações no mercado interno. Os protestos que tiveram início na última quarta-feira (18) já exercem um impacto negativo na comercialização, principalmente com algumas empresas compradoras observando o momento com mais cautela e se retirando do mercado, ou comprar com margens de garantia ao frete.

"Há uma tendência generalizada de subirem os fretes por duas razões: primeiro, pela própria imposição da greve que é pelo aumento dos fretes e, segunda, porque há um atraso agora e depois haverá uma necessidade maior de transporte mais urgente e, portanto, a demanda deve subir de forma bastante significativa no momento em que o movimento chegar ao fim", explica Motter. 

Com isso, o resultado é negativo para os preços internos, porém, pode ser positivo para as cotações praticadas em Chicago, uma vez que a saída de produto brasileiro se mostra limitada e quem precisa de um produto mais imediato vai buscar a oferta norte-americana. "O produto brasileiro está deixando de ser escoado", explica o analista.

Além dos problemas do escoamento da soja - e de demais produtos - pelas rodovias, há ainda problemas de escoamento nos portos, principalmente no terminal de Paranaguá, em função do excesso de chuvas dos últimos dias. Com esse cenário, já são observados prêmios um pouco mais fracos nos portos, como para o contrato março/15 que caiu de 50 para 40 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago e, para maio, o recuo foi de 32 para 25 cents. 

Paralelamente, há ainda a possibilidade de mais perdas serem registradas na safra brasileira de soja. Além das precipitações excessivas e atrasadas, já começa a ser relatada a falta de óleo diesel por conta da greve dos caminhoneiros em importantes regiões produtoras e a colheita não evolui em muitas localidades. "Já há relatos de perda de peso dos grãos", explica Motter. 

Leia mais sobre a greve dos caminhoneiros:

>> Bloqueios nas estradas continuam em 14 rodovias federais em 7 estados. Agronegócio é afetado

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, as cotações devem seguir operando sem um direcionamento bem definido e com volatilidade até que novas notícias cheguem para impactar o mercado de maneira mais acentuada. 

Uma das informações mais aguardadas é a confirmação dos dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre a safra 2015/16 do país. Em relatórios trazidos na última semana, o departamento apontou para áreas de plantio menores para a soja e o milho, bem como safras menores para ambas as culturas. No entanto, os estoques de soja devem ser elevados. 

Até que venham essas informações diferenciadas, o mercado deve seguir operando de forma bastante técnica, vendedor - por parte dos fundos de investimento - quando supera os US$ 10,00 por bushel e comprador quando perde esse patamar. "O US$ 10 por bushel é um nível psicológico muito importante", explica o analista da Granoeste. 

Dólar 

O andamento do dólar, e as altas assumidas nos últimos dias, continua ganhando importância na formação dos preços no Brasil, ao lado das variações em Chicago. "Devemos continuar atentos, principalmente, por conta da situação da dívida pública brasileiro e do crescimento da economia (...) Vai muito tempo para recuperarmos isso e foi isso que gerou esse descrédito todo, inclusive uma fuga de capitais e, com isso, o câmbio se mantém forte", explica Camilo Motter. 

Nesta segunda-feira (23), a moeda americana chegou a superar os R$ 2,90 e fechou o dia com estabilidade, subindo 0,01% a R$ 2,8792. "Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano à agência Reuters. 

No link abaixo, confira a entrevista na íntegra de Camilo Motter:

>> Soja fecha com leve baixa na CBOT; no mercado brasileiro destaque para greve dos caminhoneiros

Veja como fecharam as cotações da soja nesta segunda-feira:

>> MERCADO DA SOJA

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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