Soja caminha de lado em Chicago nesta 6ª feira às vésperas do novo boletim do USDA

Publicado em 09/01/2015 06:49

Às vésperas do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado ainda caminha de lado na última sessão da semana. Por volta das 7h30 (horário de Brasília), os principais vencimentos operavam testando os dois lados da tabela, sem apresentar um direção comum. O vencimento março/15, o mais negociado agora, registrava 0,38 ponto de alta, valendo US$ 10,48. 

Os novos números do departamento agrícola norte-americano saem na próxima segunda-feira, dia 12 de janeiro e, até lá, o mercado não conta com muitas novidades expressivas que possam motivar oscilações mais expressivas. Além disso, há uma espera também pela definição da safra na América do Sul e um acompanhamento do comportamento climático nos próximos dias, já que as lavouras, principalmente no Brasil, entram em sua fase determinante para a consolidação da produtividade. 

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja sobe no interior do Brasil, apesar do fechamento negativo na CBOT nesta 5ª feira

Nesta quinta-feira (8), os futuros da soja fecharam o dia em campo negativo na Bolsa de Chicago. O mercado iniciou o dia operando com estabilidade, registrando alguns leves ganhos, no entanto, ao longo dos negócios, foi perdendo a força e chegou a perder até mais de 7 pontos entre os principais vencimentos.  No fechamento da sessão, as posições mais negociadas terminaram o dia perdendo entre 7,75 e 8,50 pontos. 

No Brasil, os preços nos portos acompanharam o andamento negativo das cotações em Chicago e mais um recuo do dólar e fecharam o dia recuando.Nesta quinta-feira, o dólar fechou com baixa de 1,15% a R$ 2,6724 na venda, depois de, na mínima da sessão, bater nos R$ 2,6617. Em Rio Grande, a soja com entrega em maio/15 terminou o dia com R$ 65,50 por saca, com queda 2,24%, enquanto em Paranaguá o valor caiu 2,27% para R$ 64,50. O produto disponível fechou os negócios com R$ 68,00 e baixa de 0,73%. 

Por outro lado, no interior do país, as cotações subiram em quase todas praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas junto aos sindicatos rurais e cooperativas. Em Ubiratã, Cascavel e Londrina, no Paraná, o preço subiu 0,85% para R$ 59,50; em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis/MT, altas de 1,85% e 0,94%, respectivamente e em Jataí/GO, a cotação registrou alta de 0,45% para R$ 55,25. 

Bolsa de Chicago

Segundo explicaram analistas e consultores, o mercado operou diante de algumas novas informações que chegaram sobre a demanda - com o anúncio de uma nova venda de soja da safra 2014/15 para a China e as vendas semanais para exportação divulgadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e da espera pelos novos números que a instituição traz na próxima segunda-feira, dia 12 de janeiro. 

O USDA reportou a venda de 118 mil toneladas de soja dessa safra para a China, o terceiro anúncio essa semana, indicando que a demanda global pela oleaginosa segue aquecida e crescendo. 

Ainda nesta quinta, o departamentou informou que, na semana que terminou em 1º de janeiro, as vendas para exportação de soja norte-americanas ficaram em 910,6 mil toneladas da safra 2014/15. O número registrou um avanço expressivo em relação à semana anterior, quando foram vendidas 611 mil toneladas e ficou acima do esperado, algo próximo de 630 mil toneladas.

No acumulado da temporada, os Estados Unidos já venderam 43.189,8 milhões de toneladas, ou 90% do total das 47,9 milhões estimadas para serem exportados em todo o ano comercial, que se encerra somente em 31 de agosto.  

Ao mesmo tempo, porém, os traders e investidores buscam um melhor posicionamento antes da chegada do novo boletim mensal do USDA de oferta e demanda, o que acaba tirando parte da força e do direcionamento do mercado. 

A expectativa do portal americano Farm Futures é de que os EUA colham 104,62 milhões de toneladas, contra a estimativa de 107,73 milhões do relatório do USDA de dezembro e, para os estoques, o esperado é de que haja uma redução de 11,16 para 10,21 milhões de toneladas. 

"O relatório do USDA poderia vir com exportações maiores para os Estados Unidos, isso vai trazer um reflexo de queda nos estoques americanos para menos de 10 milhões de toneladas, essa é a realidade que a gente espera que vá acontecer esse ano, mas pode ser que o USDA não confirme isso já em janeiro", acredita o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.

Outro fator que tem influenciado os negócios no cenário internacional para a soja é o comportamento do clima na América da Sul e a espera pela definição da safra 2014/15, principalmente no Brasil e na Argentina. Dessa forma, o mercado, entre as posições mais negociadas, segue operando em um intervalo entre US$ 10,00 e US$ 10,50, sendo esses, respectivamente, seus patamares de suporte e resistência, segundo explica o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes. Além disso, afirma que o mercado também já começa a observar a decisão dos produtores americanos sobre a área para a safra 2015/16. 

O cenário climático no Brasil mudou nas últimas semanas e, ainda de acordo com o analista, está no foco do mercado e poderia ser um outro forte fator de influência para as cotações daqui para frente. 

"No leste de Mato Grosso, Goiás, parte de Mato Grosso do Sul, Piauí, Bahia e Tocantins há locais onde as temperaturas estão muito elevadas e a pluviometria é baixa, há regiões onde não chove há 15, 18 dias. E os mapas de chuvas também são ruins. Não conseguimos enxergar chuvas abrangentes até o próximo dia 20, e o mercado está tentando capturar essa seca", diz Fernandes. 

Com isso, para o consultor o mercado estará, portanto, muito atento à forma como se comporta o clima no Centro-Sul do Brasil nos próximos 20 a 25 dias, e uma quebra de algo entre 4 ou 5 milhões de toneladas poderia motivar uma movimentação mais forte das cotações. 

"Outra notícia (que poderia dar um rumo mais bem definido ao mercado) seria sobre a continuidade da colheita aqui no Brasil mostrando produtividades abaixo do normal. Se avançaramos na colheita e essa condição de produtividade baixa não mudar muito, aí sim o mercado vai começar a olhar para a safra brasileira com números menores e aí sim, esse poderia ser o fator que poderia alavancar um pouco mais as cotações para andar mais perto dos US$ 11,00 e até quebrar esse patamar. Mas até que isso se confirme ainda demora um pouco", afirma Brandalizze. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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