Soja tem altas de dois dígitos nessa manhã de quarta-feira na CBOT

Publicado em 29/10/2014 06:58

Na manhã desta quarta-feira (29), os futuros da soja voltaram a subir expressivamente na Bolsa de Chicago e, por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos trabalhavam com altas de dois dígitos. Subindo mais de 11 pontos, o contrato maio/15 era negociado a US$ 10,39. Já o novembro/14 trabalhava a US$ 10,18 por bushel, porém, a meta, segundo o consultor de mercado Ênio Fernandes, é romper os US$ 10,50. 

O principal suporte e estímulo para os preços vem das informações da demanda e, nesse momento também, das boas altas que o mercado do farelo de soja vem registrando nos mercados interno e futuro norte-americano. Além disso, um movimento técnico de compras por parte dos fundos de investimento também dá sustentação ao mercado. 

Além disso, as cotações avançam mesmo diante de um bom avanço da colheita nos Estados Unidos. Nos próximos dias, os trabalhos de campo devem continuar normalmente, porém, para o final de semana e a semana que vem já são esperadas novas chuvas no Meio-Oeste, o que poderia comprometer esse bom desenvolvimento. As condições climáticas no Brasil também seguem sendo observadas. O plantio está atrasado em muitos dos estados-chave na produção de soja, mas aos poucos têm sido retomado com a chegada e regularização das precipitações. 

"As previsões climáticas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos devem continuar a ser acompanhadas. O clima seco por aqui deve contribuir para a colheita nos EUA e as chuvas devem favorecer o plantio brasileiro", disse o analista de mercado e jornalista do site norte-americano Farm Futures. 

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Soja fecha em alta com suporte da demanda e farelo

Apesar de a sessão regular desta terça-feira (28) ter sido marcada por intensa volatilidade na Bolsa de Chicago, os futuros da soja conseguiram fechar o dia em campo positivo. As posições mais negociadas terminaram o pregão subindo entre 1,50 e 2 pontos, acima dos US$ 10 por bushel, porém, ao longo do dia, os preços chegaram a subir mais de 25 pontos. O contrato novembro/14, referência para a safra dos EUA, ficou em US$ 10,08 no fechamento mas, na máxima da sessão, a cotação chegou a bater nos US$ 10,34. Já no maio/15, referência para a produção do Brasil, a máxima foi de US$ 10,52, fechando a US$ 10,27. 

O mercado tenta agora, segundo explicou o analista de mercado Flávio França Jr., da França Junior Consultoria, se consolidar acima desses patamares de US$ 10,00, principalmente diante dos fundamentos que indicam uma grande oferta e, ao mesmo tempo, uma demanda bastante aquecida. "O mercado estava bem mais defensivo há algumas semanas, essa demanda, essas altas e essa melhora no patamar já são boas novidades", diz. 

Os rallies de preços que o mercado vem registrando nas últimas sessões têm refletido uma conjunção de fatores positivos. Entre eles, números muito fortes da demanda registrados nesse início de semana e um bom movimento de alta também nos preços do farelo de soja, bem como as boas margens de esmagamento que vêm sendo reportadas entre os processadores, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. 

"As margens de esmagamento nos EUA estão muito boas e as indústrias correm para esmagar para aproveitar esses valores o mais rápido possível. Por outro lado, temos o exportador brigando para tirar essa soja dos EUA, que é a única fonte de oferta nesse momento. Então, essa briga de exportações - com números extremamente positivos - e margens de esmagamento estão fazendo os preços subirem. A retenção dos produtores e fundos se posicionando comprados na soja (apostando na alta) também são fatores de alta que estimulam os preços", explica o consultor de mercado Ênio Fernandes. 

Farelo de Soja

Nesta terça, os futuros do farelo registraram os melhores preços desde junho na Bolsa de Chicago, estendendo as altas da sessão anterior, quando os preços subiram mais de 7%, os maiores desde 2007. Porém, as cotações também registraram um dia de volatilidade na CBOT e acabaram encerrando o dia em campo negativo, perendo menos de 1% nas posições mais negociadas. 

Em duas semanas, o ganho acumulado é de 13%. Essas altas, segundo analistas ouvidos pela agência Bloomberg, vêm sendo motivadas pelo setor de rações muito aquecido, principalmente em função de um crescimento no consumo de proteínas animais. 

Os preços das carnes vêm registrando níveis recordes ao redor do mundo este ano, contribuindo para esse rally vivido pelos futuros da soja em outubro, bem como dos grãos e do farelo, ambos também utilizados na produção de alimentação animal. Cerca de 42% da produção de soja norte-americana são utilizados para a produção de ração. 

"Os produtores de carnes e laticínios precisam do produto. Os produtores estão vendendo bem menos do que a necessidade dos exportadores e dos processadores e isso tem estimulado, inclusive, um aumento dos prêmios nos Estados Unidos para que mais produto seja liberado", disse o vice-presidente de pesquisa da corretora R.J. O'Brien, de Chicago. 

No Brasil, a demanda pelo derivado também é aquecida. Se o setor de rações se mostra muito aquecido diante desse maior consumo mundial de proteína mundial, no mercado brasileiro, a necessidade da matéria prima na maior produção de biodiesel depois que foi elevado o percentual do biocombustível na produção de óleo diesel. 

Demanda

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostrou, nesta segunda-feira (28), números muito fortes sobre a demanda, com novas vendas sendo anunciadas para a China e com entrega para a safra 2014/15 e embarques semanais muito acima das expectativas do mercado. 

De acordo com o relatório de inspeções de exportações, os EUA já embarcaram mais de 8,17 milhões de toneladas de soja da safra nova e, segundo as informações do último boletim de vendas de exportação, já há mais de 32 milhões de toneladas vendidas, o que corresponde a 73% do volume total estimado pelo departamento norte-americano - 46,27 milhões de toneladas - para ser exportado em todo ano comercial. 

Safra do Brasil

O andamento do plantio da safra brasileira também continua a ser acompanhado de perto pelos investidores. Apesar das chuvas dos últimos dias, a semeadura ainda segue parada em muitas regiões, já que a precipitações foram irregulares e de baixo volume. 

Diante desse cenário, a Oil World reduziu sua projeção para a safra do Brasil de 92 milhões para 89 milhões de toneladas em função das condições mais secas de clima que têm impedido um bom avanço dos trabalhos de campo em importantes regiões produtoras, principalmente no Centro-Oeste do país. 

Em Mato Grosso, por exemplo, principal estado brasileiro produtor da oleaginosa, as chuvas dos últimos dias - depois de semanas de estiagem - ainda se mostraram de volumes insuficientes e localizados. Assim, até a última semana, apenas 20,1% da área já havia sido semeada - 1,7 milhão de hectares - contra 50,5% de 2013 - 4,27 milhões de hectares. Para Graziela Gonçalves, meteorologista da Somar Meteorologista, a partir do final do mês aumentam a regularidade e o volume das precipitações, porém, o produtor deve ficar atento à volta de períodos secos na segunda semana de novembro. 

Assim, a consultoria revisou para baixo também sua estimativa para a produção mundial de soja da safra 2014/15 de 310,8 milhões para 307,8 milhões de toneladas. 

Mercado Interno

No mercado interno, apesar do dia positivo na Bolsa de Chicago, os preços recuaram ou se mantiveram estáveis nos portos em função da baixa do dólar. A queda da moeda norte-americana de quase 2%, com fechamento a R$ 2,47, acabou neutralizando as altas na CBOT. 

Dessa forma, a cotação da soja futura se manteve nos R$ 61,50 por saca no porto de Paranaguá, caiu 1,58% no porto de Rio Grande e fechou o dia a R$ 62,10, enquanto que, ainda no terminal gaúcho, o produto disponível registrou uma valorização de 0,79% para R$ 63,50. 

Porém, no mercado disponível no interior do país, os preços subiram em diversas praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Em Não-Me-Toque, no RS, o preço subiu 3,64% para R$ 57,00; em São Gabriel do Oeste, no MS, 1,67% para R$ 61,00; 1,72% em Chapadão do Sul, também no MS, para R$ 59,00. 

Esses preços mais altos estimularam um aceleração no ritmo de negócios no Brasil, principalmente nesta segunda-feira, quando o dólar registrou um forte movimento de alta, segundo explicou Ênio Fernandes. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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