Soja registra mais uma sessão de queda nesta 3ª feira na CBOT

Publicado em 26/08/2014 07:40

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, nesta segunda-feira (25), um novo boletim de acompanhamento de safras e  trouxe o índice de lavouras de soja em boas condições em 70%, com apenas uma ligeira queda em relação à semana anterior, quando o número era de 71%. 

Com isso, na sessão desta terça-feira (26), os futuros da oleaginosa registram sua segunda sessão consecutiva de baixa nessa semana, diante das grandes possibilidades para a nova safra norte-americana, estimada pelo departamento dos EUA em quase 104 milhões de toneladas. 

As perdas para os vencimentos mais distantes, porém, eram tímidas e por volta das 7h40 (horário de Brasília), e os principais vencimentos perdiam pouco mais de 3 pontos. 

Já o primeiro contrato- setembro/14 - recuava 19,25 pontos, cotado a US$ 11,06 por bushel. A baixa nesse vencimento é mais intensa, segundo analistas, depois de a posição acumular dias de ganhos refletindo a situação do mercado físico norte-americano, acumulando ganhos em pregões consecutivos. Agora, portanto, o mercado vê um movimento de realização de lucros. 

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja tem forte queda na CBOT, mas prêmios seguem altos no Brasil

Nesta segunda-feira (25), o mercado internacional da soja fechou o dia com expressiva baixa na Bolsa de Chicago e, diferente das sessões anteriores, quem liderou o recuo dos preços foi o vencimento setembro/14, que terminou o dia com baixa de 40,25 pontos, valendo US$ 11,25 por bushel. Os demais contratos encerraram a sessão perdendo mais de 12 pontos. 

"A soja e o milho fecharam em queda nesta segunda-feira com baixos contratos, as chuvas do final de semana e a falta de um ameaça climática à nova safra dos Estados Unidos encorajando os vendedores", disse o analista de mercado Bob Burgdorfer, do site norte-americano Farm Futures.

Segundo analistas, o recuo mais acentuado do contrato setembro foi um reflexo de um movimento de realização de lucros, depois das altas dos últimos dias. No entanto, afirmam ainda que essa continua sendo uma  posição descolada das demais, uma vez que segue refletindo a condição de uma oferta de soja disponível muito ajustada frente a um consumo ainda bastante aquecido. 

De acordo com o boletim de embarques semanais divulgado nesta segunda pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na semana que terminou no dia 21 de agosto, os embarques norte-americanos de soja ficaram em 145,16 mil toneladas, número que ficou acima do registrado na semana anterior de 56,21 mil toneladas. 

Assim, o acumulado no ano chega a 43.362,53 milhões de toneladas, bem próximo da última projeção do USDA para todo o ano comercial de 44.090,0 milhões de toneladas. 

Já no médio e longo prazo, o mercado segue pressionado pelas elevadas expectativas para a nova safra dos Estados Unidos, segundo explicou a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora. Os números finais do Crop Tour Pro Farmer 2014 foram divulgados e, para a analistas, ficaram em linha com as expectativas, ainda conservadores diante das condições, principalmente de clima, que têm sido observadas nos principais estados produtores do Meio-Oeste. 

Ainda de acordo com Burgdorfer, o clima mais quente e seco observado no Meio-Oeste nesta segunda e terça-feira deverão ser substituídos por condições mais amenas já na quarta-feira e as chuvas nessa semana devem continuar e chegar, principalmente, nas áreas que se mostram menos favorecidas pelas precipitações. 

Mercado Interno x Mercado Futuro

Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, porém, o mercado interno já se mostra bem descolado do mercado futuro norte-americano. Nos EUA, a pouca oferta de soja disponível tem fortalecido os prêmios pagos pelos exportadores e também pelas processadoras. Na última semana, há relatos de que as esmagadoras tenham praticado prêmios de US$ 4,00 acima sobre o vencimento novembro em Chicago para garantirem seu produto e, no Golfo, esse valor foi de cerca de US$ 3,00.

No Brasil, a situação é a mesma. Nos portos, a saca da soja continua sendo negociada na casa dos R$ 67,00 e esse valor tem sido obtido graças aos altos prêmios que continuam sendo pagos, em partes, pela pouca oferta e, de outro lado, pela retração dos vendedores que aguardam melhores momentos de comercialização. Em Paranaguá, para entrega setembro, o prêmio é de US$ 2,50 sobre o valor de Chicago. 

"A orientação agora é fixar o prêmio e vamos fazer esse ano um fluxo de produto independente do fluxo comercial, ou seja, estabelecer a saída do produto através do prêmio, que é um contrato e tem entrega definida e depois vamos definir o preço", explica Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult. 

Para Severo, a escassez de soja que se enfrenta agora é fruto de uma má avaliação da demanda mundial, o que também reflete em prêmios mais altos. "O mercado norte-americano negociou valores com US$ 92,00 por tonelada acima de Chicago e isso significa que os EUA também não têm mais soja e que os produtores já venderam até o estoque que o USDA diz existir". 

Além disso, o consultor explica também que o Brasil está em um momento de processamento industrial baixo, atrasado com a política de exportação de farelo a longo prazo e isso deverá continuar a ser reduzido daqui a diante. Apesar disso, afirma ainda que preços melhores estão por vir diante da necessidade global da soja, que é uma das mais importantes commodities no cenário mundial. 

"A cada dia o mercado de consumo tem que ter, nos portos brasileiros, argentinos ou americanos, cerca de 14 navios embarcando soja ou farelo de soja, para eles já não importa o preço, mas o produto", diz Severo. "Há três anos que os preços trabalham descolados de Chicago e isso, naturalmente, se refere ao potencial de consumo e, se o USDA corrigir seus números de acordo com a realidade, o mercado volta para os trilhos", completa. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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