Soja tem mais um dia de baixa e atinge menores patamares em 11 meses
Os futuros da soja recuaram mais uma vez nesta terça-feira (1) e, segundo a agência de notícias Bloomberg, atingiram os menores níveis desde dezembro de 2011. O mercado registrou uma sessão de intensa volatilidade, porém, manteve-se todo o dia em campo negativo. No encerramento dos negócios, os principais contratos perderam entre 0,50 e 10 pontos, sendo as baixas mais fortes registradas nas posições mais distantes, referentes à nova safra dos EUA.
O contrato novembro/14, referência para a colheita americana, fechou o dia valendo US$ 11,47 por bushel e perdendo 10,20 pontos. No pior momento da sessão, o vencimento chegou a bater nos US$ 11,39 e a máxima do pregão foi de US$ 11,65. Com os negócios bastante voláteis, observa-se também para essa posição uma grande variação no número de contratos negociados. Na manhã de hoje, eram pouco mais de 58 mil e o dia foi encerrado com 136,888 mil.
O mercado nesta terça ainda digeria os últimos e surpreendentes números divulgados na segunda-feira (30) pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), principalmente o que se referiam à áera de plantio nos Estados Unidos. A projeção do departamento foi de 34,2 milhões de hectares, contra expectativas que variavam entre 33 milhões e 33,5 milhões de hectares.
Caso esse número seja confirmado, o potencial produtivo da produção dos Estados Unidos passa a algo entre 103 milhões e 104 milhões de toneladas, segundo explicou o consultor em agronegócio Flávio França, e os estoques finais poderiam chegar a mais de 13 milhões de toneladas. Além disso, ainda nesta segunda, o USDA apontou que 72% das lavouras de soja estão em boas ou excelentes condições. O quadro climático no Meio-Oeste americano tem se mostrado bastante favorável e as previsões são de que haja uma manutenção desse cenário, favorecendo ainda mais o bom desenvolvimento das lavouras.
Os números chegaram de surpresa e esse é agora um momento de acomodação para as cotações, afirmou o consultor. "O mercado está agora assimilando essa nova realidade e a questão do bom andamento das lavouras. Mas a colheita ainda nem começou (...) Só teremos números da soja na segunda quinzena de setembro", disse França. "A definição da safra de soja acontece somente em agosto, o que quer dizer que ainda temos um tempo maior de possibilidade de alguma novidade climática", completa.
Sendo assim, para o consultor, o mercado pode exibir novas baixas e preços ainda mais pressionados a medida em que as informações forem confirmando esses números projetados para a safra norte-americana. Assim, a expectativa é de que as cotações referentes à safra 2014/15 devem atuar na casa dos US$ 11,40 e caindo para o intervalo de R$ 10,50 a R$ 11,00 por bushel durante a colheita. "Esse último boletim do USDA foi um divisor de águas para o mercado", finalizou.
Análise Técnica
Entre as análises técnicas, que são definidas pelo comportamento do preços nos gráficos, a soja também já exibe uma tendência de queda, inclusive no curto prazo. Para o vencimento julho/14, após ter perdido o patamar dos US$ 14,50, o mercado estabeleceu um novo nível - de US$ 14,00, segundo explicou Antônio Domiciano, gestor de investimentos da SmartQuant Fundos de Investimentos, que também foi perdido após a divulgação das informações do USDA.
Assim, o novo intervalo para essa posição passou a ser, portanto, algo entre US$ 13,50 e US$ 13,60 por bushel. "Tão logo o mercado bateu nesse patamar, apareceram compras, fez o preço retornar e trabalhar na área dos US$ 14", disse Domiciano. Nos meses de maio e junho, os preços caíram cerca de 10% e o movimento confirmaram mais expressivamente uma tendência negativa para os preços.
Para que os futuros da soja voltem a operar em alta de forma mais concreta, o gestor afirma que o mercado precisaria voltar a se consolidar acima dos US$ 14,50, porém, diz ainda que não acredita que as cotações voltem a subir imediatamente.
"Para demonstrar alguma reação mais efetiva, o mercado tem que ficar acima dos US$ 14, mas esse cenário de queda só muda se o mercado conseguir trabalhar acima dos US$ 14,50, ou seja, subir pelo menos uns 3%, o que hoje é uma chance bastante remota em função do movimento brusco desta segunda. Do lado desfavorável, o produtor deve ficar extremamente atento à perda do suporte dos US$ 13,60. Abaixo disso, o mercado amplia o potencial de perda para mais 3 ou 4%".
Veja como fechou o mercado do milho nesta terça-feira:
Milho: Na CBOT, mercado ainda reflete dados do USDA e fecha em baixa pelo segundo dia consecutivo
Por Fernanda Custódio
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta terça-feira (1) do lado negativo da tabela. Ao longo das negociações, as principais posições da commodity reduziram as perdas e encerraram a sessão com quedas entre 1,50 e 2,75 pontos. O contrato julho/14 era cotado a US$ 4,22 por bushel, já o dezembro/14 também fechou a US$ 4,22, depois de alcançar US$ 4,17 por bushel, menor nível desde 10 de janeiro.
O mercado ainda refletiu os números dos relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportados nesta segunda-feira. O órgão reportou os estoques trimestrais dos EUA, até 1º de junho, em 97,87 milhões de toneladas, volume acima da expectativa do mercado, de 94,5 milhões de toneladas. Na sessão anterior, os futuros do cereal chegaram a cair em torno de 6%.
Na temporada 2014/15, os produtores norte-americanos destinaram cerca de 37,07 milhões de hectares, número abaixo do esperado pelos investidores, de 37,1 milhões de toneladas. Mesmo número divulgado pelo USDA no último boletim de oferta e demanda.
Além disso, a expectativa é que o país colha uma produção recorde de milho nesta safra. Com isso, o analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, destaca que nas próximas semanas os preços futuros do cereal podem buscar os US$ 4,00 por bushel, ou até mesmo os US$ 3,90 por bushel.
Safra norte-americana
Outro fator que também está pressionando os preços do cereal em Chicago são os números das condições das lavouras norte-americanas. Nesta segunda-feira, o USDA apontou que cerca de 75% das plantas estão em boas ou excelentes condições, percentual maior do que a semana anterior, de 74%. Cerca de 20% das plantações registram situação regular e 5% estão em condições ruins ou muito ruins.
Com isso, é cada vez maior o sentimento de que o país irá colher uma safra recorde nesta temporada, de 353,97 milhões de toneladas. Ainda assim, a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, relata que é preciso acompanhar o clima para as próximas semanas, quando as lavouras entram em fase de polinização.
“Em grande parte da região produtora de milho nos EUA, as plantas estrarão em fase de polinização a partir da segunda quinzena de julho. E temos que considerar, que em algumas localidades, como é o caso de Iowa, o excesso de chuvas ainda é uma preocupação aos produtores”, explica Ana Luiza.
Levantamento dos preços em Chicago
De acordo com o levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, o vencimento julho/14 recuou em torno de 8,86% durante o mês de junho. No primeiro dia do mês, a posição era cotada a US$ 4,65 por bushel, mas alcançou o patamar de US$ 4,24 por bushel nesta segunda-feira. A situação se repetiu os contratos mais negociados do milho. O dezembro/14 perdeu 7,25% e encerrou mês cotado a US$ 4,25 por bushel.
BMF&Bovespa
As principais posições do milho na BMF&Bovespa encerraram o dia do lado negativo da tabela. Os preços continuam acompanhamento a movimentação do mercado internacional. O vencimento julho/14 terminou a sessão cotada a R$ 24,35, com desvalorização de 1,02%. No mercado interno brasileiro, as cotações praticadas também recuaram ao longo do mês de junho. Clique aqui e veja o levantamento na íntegra.